Além da Ilusão – A fuga de Leopoldo e Plínio
Não há nada de errado em amar!
VOU SENTIR
SAUDADE DE PLÍNIO E LEOPOLDO! Venho comentando bastante sobre Plínio e
Leopoldo, a minha parte favorita de “Além
da Ilusão” atualmente, ao lado de toda a história de Heloísa (afinal de
contas, Heloísa é incrível e a atuação da Paloma Duarte também!), mas agora a
trama do nosso casal parece ter chegado
ao fim. Infelizmente, os dois se despedem com toda uma discussão bastante
pertinente a respeito do amor e de ser quem eles são, e sobre “não ter nada de
errado em amar”, mas a novela segue não entregando nenhum beijo dos dois, e
aquela frase de “o horário não permite” continua ecoando em minha mente e me
incomodando… afinal de contas, essa é uma materialização do preconceito contra
o qual eles supostamente estão pregando, um preconceito que considera
“indecente” um beijo de dois homens, mas entrega beijos e cenas de sexo de
casais héteros sem qualquer problema.
Mas já falei
bastante disso em meu último texto sobre o tema.
Com ou sem
beijo, no entanto, a novela entrega cenas memoráveis, especialmente as
protagonizadas por Leopoldo, que conta com a atuação emocionada, entregue e
tocante de Michel Blois – que, por sinal, é gay na vida real, e eu acredito que
isso é importantíssimo para que as cenas sejam tão carregadas de verdade como são. Podemos sentir a dor do personagem
nos seus olhos cheios de lágrimas quando ele enfrenta o pai, enquanto o nojento
do Francisco lhe pede que ele “esqueça” isso tudo, que “finja ser normal”, e
sugere levá-lo para uma clínica. Como um homem abertamente gay, tudo isso se
torna especialmente pessoal e doloroso para mim, e todas as cenas de Leopoldo
com o pai me machucaram, me entristeceram e me emocionaram. A dor nos olhos de
Leozinho é palpável, e tudo o que queríamos era abraçá-lo e dizer que tudo
ficaria bem.
Doeu vê-lo
ouvir tudo o que o pai disse, doeu ouvi-lo falar sobre linchamento social e
sobre ser chamado de “doente” – ainda bem que Leozinho tem pessoas boas ao seu
lado, que o acolhem e o protegem: a Arminda, o Inácio, a Isadora, o Rafael, a
Julinha, até a Margô… quando Plínio retorna da capital, sentindo-se culpado
pela carta de amor que deixara e o chamando de “meu amor”, ele o convida para
ir embora com ele para a capital, como era o plano, mas parte de Leopoldo ainda
não quer fugir – o problema é que, se ele ficar, Francisco vai encontrar uma
maneira de interná-lo, nem que seja contra a sua vontade… ele consegue um laudo
para colocá-lo em um manicômio, e diz que Leopoldo vai ficar lá “quanto tempo
for preciso”, e esse é bem o discurso do pavoroso que se autodenomina “cidadão
de bem”. Você sabe de quem eu estou
falando.
Margô tenta
impedir Francisco, diz que a internação é uma violência, e Leopoldo chega para
se defender também, dizendo que o poder de escolha é dele e ele escolheu ser
quem é, por isso não vai ser internado… eu amo a sua força, mas eu morro de
medo do que Francisco pode fazer, especialmente porque o seu discurso é
violento, opressor e discriminatório… ouvi-lo chamar o filho de “doente” me dá
calafrios. Durante a discussão em cenas fortes e desesperadoras, lágrimas
sinceras se juntam nos olhos de Leopoldo, e o pai, gritando, diz que ele vai
ser levado para o sanatório, e quase tira o cinto para bater nele, e o faria,
se Margô não se colocasse entre eles e pedisse que Leopoldo saísse dali, que
ela dava conta de Francisco. Então, Margô se dá conta do homem horrível que
Francisco é, e eu adoro o fato de ela não querer continuar com ele por
interesse…
Com aquele pensamento, eles não são
compatíveis.
Felizmente,
ter Margô ao lado deles é muito útil. Como Francisco pretende internar Leopoldo
à força, e Mariana o ouve no telefone e corre para contar para Arminda e
Isadora (o mínimo que ela podia fazer, porque foi ela quem causou isso tudo!),
Margô é quem consegue ligar para o sanatório e mudar o endereço no qual
Leopoldo supostamente estará… assim, Leopoldo ganha tempo o suficiente para ao
menos encerrar “Ventre Maldito”, sua
primeira radionovela, e, quem sabe, impressionar pessoas que podem lhe dar um
emprego na capital, onde ele pretende recomeçar a sua vida ao lado de Plínio…
Margô cuida do carro do sanatório, Arminda e Inácio acompanham Leopoldo durante
a radionovela, e Isadora fica responsável por conseguir um carro para ajudar na
fuga, e como Joaquim se recusa a ajudar nisso, Rafael se dispõe, com o carro de
Lorenzo.
É muito
bonito e muito forte ver a rede de apoio que nasce ao redor de Leopoldo e
Plínio, e é isso o que nos dá esperanças de um mundo melhor: existem pessoas
que valem a pena. Parte de Leopoldo tem esperanças de que o pai mude de ideia,
que o entenda e que o ame como ele é, mas ele percebe, eventualmente, que isso
não vai acontecer, não tão cedo… então, ele aceita o carro que está esperando
por ele – não para levá-lo ao sanatório, mas um carro cheio de pessoas que o
amam e que vão ajudá-lo a chegar à estação e ir embora antes de ele ser
“capturado”. Margô e Julinha, unidas em prol de algo que é muito maior do que a
rivalidade delas, ficam plantadas na porta da rádio para impedir que Francisco
faça qualquer coisa. Com os olhos sofrendo (uma cena cruel, a dor de Leopoldo
palpável em seus olhos), Leopoldo aceita fugir.
A cena do
carro e da estação é fofa, triste e emocionante. Com a companhia de Arminda,
Inácio, Isadora e Rafael, Leopoldo e Plínio são levados até a estação de trem,
onde eles se despedem de todos, prontos para tentar começar uma nova vida na
capital – e Arminda entrega a Leopoldo o anel que Francisco lhe dera, que pertencera
à mãe de Leopoldo… pode ajudá-los a se
estabelecer no início, já que será a parte mais difícil. A despedida é
triste e emocionante, cheia de sorrisos e abraços sinceros, porque Arminda e
Inácio realmente se importaram muito com Leopoldo e com Plínio há muito tempo,
e compartilharam, com eles, cenas incríveis. Vê-los partir, no entanto, também
me entristece, porque eu vou sentir saudade deles. Como eu disse mais de uma
vez recentemente, essa era a parte que eu
mais estava gostando de acompanhar na novela.
Agora, é
focar na trama de Heloísa e Olivia.
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