Além da Ilusão – O casamento de Isadora e Joaquim

Casamento infeliz.

Fadada ao sofrimento, como quase toda protagonista de novela, Isadora está prestes a se casar com Joaquim, mesmo contra todos os protestos de pessoas que a amam e que dizem que Joaquim não presta – embora essas mesmas pessoas estejam dispostas a jogar a Isadora para cima do Davi, que tampouco presta, porque, apesar do que o texto da novela queira fazer parecer, o mundo não é tão 8 ou 80 assim, e pode ser que nenhum dos dois preste, no fim das contas. Talvez Isadora devesse ficar sozinha até encontrar alguém que valesse a pena… querendo fugir de todos os comentários maldosos, alguns deles motivados pelo próprio Joaquim para poder pressioná-la a casar com ele, mostrando-se como “a única opção”, Isadora está determinada a levar adiante essa história de casamento com o Joaquim, nesse roteiro cíclico eterno.

O mais difícil de assistir em toda essa trama do casamento de Isadora com Joaquim é a percepção de que eu não me importo com nenhum dos personagens do núcleo central… enquanto o Joaquim é inescrupuloso e a Isadora é tapada, o Davi é insuportavelmente chato, sempre com aquela pose de que “é melhor do que todo mundo” e que é apenas “um inocente sofredor e injustiçado”, então se o intuito fosse que eu sentisse muito pelo Davi, eu não consegui… senti mais pela Isadora, talvez, levada por uma burrice ingênua a cair em uma armadilha, do que por todo o “sofrimento” do Davi – e suas cenas são patéticas e/ou revoltantes. Não consegui sentir nada pelo Davi no carro, na hora do casamento, falando com Isadora, chorando, implorando para que ela não se case… então, ela diz que ele está sendo egoísta e que ele também se casou com a Iolanda.

Tem um monte de coisa que a Isadora está fazendo errado e um monte de detalhes da história que ela ainda desconhece, como as chantagens que o obrigaram a casar-se com Iolanda? Tem. Mas com as informações que ela tem, aquela resposta foi uma resposta inteligente e justa: como ele pede que ela não se case quando ele mesmo se casou com outra? E, sinceramente, ele ter se casado com a Iolanda, para a Isadora, devia ser o menor dos problemas… afinal de contas, esse é o Davi Jardim, o homem que supostamente matou a sua irmã e que provavelmente só “se encantou” por ela porque ela é a cara da irmã – não que o roteiro vá se preocupar com isso, é claro… como o Davi é colocado em um pedestal e tratado como um santo, ninguém vai nem mencionar o fato de Isadora e Elisa serem idênticas e, por isso, Davi ter “se encantado”, como dizem, tão rápido.

Enfim… o casamento acontece. Uma cerimônia depressiva, Isadora parece quase em um transe, de tão destruída que está, e ninguém interrompe o casamento, apesar de ela claramente não estar em condições de dizer “sim”. A cena é difícil de se assistir, angustiante, mas Isadora e Joaquim são declarados marido e mulher – com o Joaquim pateticamente feliz, tendo se casado com uma mulher que claramente não está nada feliz por isso… agora, o sofrimento de Isadora tende a se intensificar, enquanto, depois do casamento, Joaquim começa a deixar a sua máscara cair, tornando-se visivelmente abusivo. O fato de ele ser extremamente cruel e violento vai revelar para Isadora que ela estava errada, no fim das contas, por não ouvir todos os avisos de Heloísa, Violeta, Arminda… mas talvez já seja tarde demais para voltar atrás e cancelar esse casamento.

Durante a “lua-de-mel”, em uma viagem para o Rio de Janeiro, Isadora liga para Violeta, horrorizada, assustada, talvez arrependida… mas quando a mãe fala sobre a possibilidade de pedir o desquite, ela se nega, dizendo que não vai trocar um julgamento da sociedade por outro. O momento mais violento de Joaquim vem quando Isadora o chama de “Rafael” quando ele a beija, então ele surta, deixando Isadora completamente atordoada, estarrecida… finalmente começando a perceber quem ele realmente é. Pelo menos Isadora tem força o suficiente para cancelar a lua-de-mel e anunciar para o Joaquim que ela está voltando para Campos, e que ela vai fazer isso com ou sem ele, porque, apesar de ser seu marido, ele não é seu dono, então não pode dizer a ela o que ela pode e o que não pode fazer. Gosto de quando a Isadora se impõe assim!

 

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