Chamas da Vingança (Firestarter, 2022)
“I’m not
special. I’m a monster!”
A história
de uma garota com poderes que precisa aprender a controlá-los, se não quiser
chamar a atenção ou colocar pessoas em risco, ou a dominá-los, caso queira
resgatar as pessoas que ama e se tornar uma “heroína”. Baseado no livro “A Incendiária”, de Stephen King, “Chamas da Vingança” tinha uma ideia
interessante em mãos, mas uma execução tão fraca que eu termino o filme
praticamente sem sentimentos em relação a ele… o que torna escrever essa review ainda mais difícil. Para mim, os
textos mais difíceis de se escrever são aqueles sobre filmes de que eu gostei muito, e os mais fáceis os
sobre filmes que eu detestei (porque,
nesse caso, sempre tem um monte de coisas que gostaríamos de criticar) – mas a
verdade é que “Chamas da Vingança” é
tão fraco que eu não consigo nem
mesmo dizer que ele é “ruim”… ele me passa, o tempo todo, a sensação de que não é suficiente.
Apesar de
contar com alguns efeitos bons (mas nem todos; eu gostei das cenas da Charlie
com raiva, gerando o efeito que foi para o pôster de divulgação, por exemplo,
mas eu não gostei tanto do efeito no Andrew na maior parte das vezes),
visualmente o filme não é atrativo, contribuindo para aquela sensação de filme
“sem graça”… o ritmo, por sua vez, é morno
– o que, a meu ver, é até um pouco irônico. Não é um filme complexo, tampouco
difícil de entender, mas não consegue empolgar no pouco a que se propõe, e
parece um corte tão curto da vida da Família McGee que a tentativa de o tornar
objetivo acaba o aproximando do superficial.
E certamente faltam surpresas e uma boa construção de suspense – fosse ele o
suspense beirando o terror no qual Stephen King é tão bom, ou mesmo o suspense
intrigante que nos faz imaginar o que acontecerá a seguir na história.
Nenhum deles
está presente.
Todo o background seria interessante, se
desenvolvido com mais afinco. Andy e Vicky, os pais de Charlie, passaram por
experimentos em algum momento da vida deles, antes de terem uma filha, o que
lhes concedeu poderes: Andy é telepático e pode convencer as pessoas a fazerem
o que ele pede (no estilo “These are not
the droids you are looking for”), e Vicky é telecinética e pode mover as
coisas com a mente. Não é fácil, no entanto, para nenhum dos dois: usar os
poderes tem um custo para a saúde deles. Charlie McGee, no entanto, já nasceu
com os poderes, e, aparentemente, sem essa trava biológica que limita seu uso;
no seu caso, os poderes são pirotécnicos
– tanto é que ela quase colocou fogo no próprio quarto quando era bebê. E,
devido a esses poderes, eles são caçados pela DSI, os responsáveis pelos
experimentos do passado e que agora querem capturá-los para testar e estudar.
Sinto que
poderia ter sido um grande drama familiar, de certa maneira… a base do filme
está na relação dos McGee. Quando as coisas saem de controle na escola e Charlie
corre para o banheiro para não machucar ninguém, a família começa a falar sobre
se mudar novamente, mas eles acabam
sendo localizados – seja pelo evento na escola, pela queimadura que Charlie
causa à mãe ou a ligação para a emergência… de um jeito ou de outro, Vicky é
encontrada, assassinada, e Charlie e Andy precisam fugir pelo país, sendo
procurados pela polícia, até que Andy também
seja capturado, como uma espécie de isca para Charlie, que atende ao que
acredita ser o chamado do pai e entra, sozinha, nas instalações da DSI, e acaba
tendo que colocar fogo em tudo, inclusive no próprio pai. Agora, ela está quase
sozinha e, pode ter sido impressão minha, mas o filme deixa a impressão do
desejo de uma sequência.
Não sei se
virá… me parece fraco demais para conquistar a sequência. Mas vai saber?
Como eu
disse, não é uma premissa ruim… toda a questão de experimentos e poderes
rendeu, ao longo dos anos, tramas interessantes, como a famosa “Stranger Things”; o fato de eles serem
caçados e se defenderem usando poderes, em parte, também me faz pensar em “X-Men” – e a sensação que “Chamas da Vingança” passa é de que o
que eles querem contar já foi contado várias vezes em outros filmes e séries
melhores do que ele… o que é uma pena, porque, mesmo que eu nunca tenha lido o
livro, eu imagino que o livro de Stephen King seja infinitamente melhor do que
essa adaptação (só por ele ser descrito como um “suspense de terror e ficção
científica” já me chama a atenção). Com um desenvolvimento que deixa a desejar
e falha em criar empatia e suspense, a história culmina em um clímax previsível, simples e com pouca
emoção.
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