Love, Victor 3x07 – The Gay Award

Love, Rahim.

Se não fosse o medo de o roteiro se perder e acabar estragando o melhor personagem disparado dessa série, eu estaria torcendo muito para um spin-off chamado “Love, Rahim” – eu já disse isso mil vezes, mas vou dizer novamente (e aproveitar agora, que ainda não vi o último episódio, porque posso estar tão enfurecido depois do Finale que não vou ter cabeça para ser racional): Rahim é o melhor personagem de “Love, Victor”, e em grande parte por causa da atuação de Anthony Keyvan, que sabe ser carismático e verdadeiro de uma forma incrível! Os episódios ficam incrivelmente melhores quando Rahim ganha qualquer tipo de destaque (embora eu quisesse que o personagem tivesse muito mais destaque do que teve, nessa temporada final), e ele prova isso novamente nesse episódio, quando enfrenta alguns homofóbicos do lado de fora de um bar.

Eu amo o Rahim, e não canso de dizer isso.

“The Gay Award”, o penúltimo episódio de “Love, Victor”, ainda não está muito com cara de “temporada final”, infelizmente – com exceção do Rahim, eu não gostei muito de nada nessa temporada, e esse episódio mostra a maneira como as coisas estão andando em círculo de forma chata… Mia, Lake e Felix são a personificação desse roteiro cíclico e com um desenvolvimento forçado que deixa muito a desejar. Mia passou um tempão, desde a temporada passada, sofrendo com a possibilidade de ir embora e, agora, ela não quer mais ficar em Creekwood e não sabe como dizer isso a Andrew. Lake e Felix, por sua vez, podem estar perigosamente se aproximando de reatarem, o que me parece muito descabido e forçado, depois de todo o esforço do roteiro para colocar o Felix com Pilar e a Lake com Lucy… é sério que eles vão voltar atrás?

Sendo assim, já até sabemos no que mais eles vão voltar atrás, infelizmente… Victor está dando uma chance a Nick, e eu acho que os dois tinham chances incríveis de dar certo, mesmo que eu não ache que eles vão terminar juntos a série – mas foi legal ver o que era apenas “sexo casual” acabar se transformando em algo mais sério quando Nick resolve chamar o Victor para sair, e o Nick está se saindo muito bem nessa sua nova “fase”. Gosto de vê-los andando de mãos dadas, gosto de vê-los jantando juntos, gosto de ver o Nick querendo proteger o Victor e “se dando conta do que realmente importa para ele”, gosto dos beijos quentes que eles dão, embora eles estejam querendo “ir mais devagar” dessa vez. E depois de toda aquela confusão dos fãs se dividindo entre Benji e Rahim, na temporada passada, seria legal ter o Victor sozinho ou com uma terceira pessoa agora…

Rahim, por sua vez, ganha cenas incríveis, e toda cena dele me faz pensar no quanto é injusto que ele não tenha mais tempo de tela. Novamente, Rahim consegue se dividir incrivelmente entre o seu adorável romance, pelo qual é gostoso de torcer, e uma pegada dramática que levanta questões bem pertinentes. Rahim “conheceu” Connor no episódio passado (na verdade, eles já tinham se visto na festa de Mia, mas foi ali que algo realmente começou entre eles), e agora eles estão trocando mensagens e se preparando para sair juntos pela primeira vez, e Rahim, um pouco nervoso com isso, pergunta a Victor se ele não quer ir com Nick também… uma espécie de encontro duplo que é uma ideia bem bacana, acho que poderíamos explorar esse grupo melhor. O encontro, no entanto, acaba não sendo a coisa mais perfeita do mundo, mas não por causa deles…

É infeliz e doloroso ver esses toques de realidade em “Love, Victor” – acho que a série fazia isso com mais impacto nas duas primeiras temporadas, mas “The Gay Award” finalmente trouxe um momento bastante real para ser brevemente debatido… Rahim fica incomodado, desde que eles chegam ao bar, por causa de olhares maldosos de homofóbicos de plantão, e tudo aquilo é tão desconfortável (e, mais do que isso, assustador) que me deu angústia assistir. Fiquei morrendo de medo quando os babacas estavam “esperando” do lado de fora do bar, mas eu amo o fato de o Rahim ser tão forte, tão corajoso e, por mais que lhe assuste e que lhe doa, ter a força para falar umas coisas na cara dos homofóbicos… felizmente, quando Connor e Nick se juntam ao grupo, os criminosos percebem que eles estão em minoria e que não vale a pena começar uma briga.

Rahim é um personagem extremamente necessário. A maneira como ele toca em assuntos delicados com tanta delicadeza e, ao mesmo tempo, força é admirável. Ele faz Victor pensar em coisas que normalmente Victor não pensa: em como é difícil para ele, e em como ele está “habituado” a receber esses olhares, esses comentários, essas provocações… é o mundo homofóbico no qual tantos de nós, LGBTQIA+, vivemos. Então, antes de deixar que Rahim possa seguir adiante com o seu “encontro perfeito” com Connor (e o beijo mágico deles, sobre o qual apenas ouvimos falar e não vimos, o que eu acho ultrajante!), Victor vai até ele para reconhecer o que ele estava dizendo, para dizer que entende e que concorda… e que vai aceitar o prêmio que estão oferecendo para ele e que ele pensou em não aceitar por ter dúvidas do que ele representava.

Agora, ele entende que representa muito mais do que ele imaginava.

Por fim, a série infelizmente se lembra de que o Benji existe – e as cenas do Benji são sempre tão chatas de se assistir… é muito difícil suportar esse personagem, desde a temporada passada, mas ainda mais agora. E uma coisa que me cansa profundamente é saber que ele e Victor provavelmente vão terminar juntos, mesmo que não faça o menor sentido. Já não fazia sentido na temporada passada, com todas as atitudes escrotas e mascaradas de Benji, mas agora faz ainda menos, e eu sinto que a terceira temporada não se esforçou para nos convencer de que Victor e Benji deveriam ficar juntos – eu simplesmente não sinto isso. Parece forçadíssimo aquele discurso de Benji no AA sobre como “se afastou de sua pessoa favorita” (?) e “não tem certeza de que fez o que era certo”, então ele resolve ir atrás de Victor… e o vê beijando Nick na porta de casa.

Gostaria muito que isso significasse o fim para eles… que Benji de fato fosse embora e Victor seguisse em frente.

Mas não sou ingênuo o suficiente para acreditar que a série vá escolher esse caminho.

Já estou me preparando para passar raiva no último episódio.

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