Philip K. Dick’s Electric Dreams – The Father Thing
Cópias.
Apesar de
não ser o meu episódio favorito, porque o considero mais simples e menos reflexivo que outros episódios como o
próprio “Human Is” (que, inclusive,
tem uma sinopse com certas similaridades com esse episódio), “The Father Thing” é um episódio de que
eu gostei bastante em “Electric Dreams”.
Adaptando o conto “A Coisa-Pai”,
escrito por Philip K. Dick e lançado originalmente em 1954, o episódio narra a
história de uma invasão alienígena
através do ponto de vista de uma criança – embora não traga uma série de
reviravoltas surpreendentes, como às vezes acontece nas obras de Philip K. Dick
(e parte de mim esperou por elas), o episódio tem uma vibe gostosa que me fez pensar em “Stranger Things” e outras aventuras um pouco mais “macabras” que
são protagonizadas por crianças… o que é um conceito que faz sucesso e que
sempre me agradou!
O episódio
começa nos apresentando o pequeno Charlie Cotrell, um garoto talentoso que
planeja ser um jogador de beisebol, e que tem uma relação incrível com o pai –
e esse é o ponto-chave em que a premissa de “The
Father Thing” se difere de “Human Is”,
porque Charlie não queria e não precisava de um substituto, e quando ele chega, tudo o que Charlie Cotrell consegue
pensar é que perdeu o pai e o queria de volta… não há espaço para reflexão a respeito da natureza humana e da
intolerância quando a invasão começa. A “invasão alienígena” vem na forma
de uma suposta “chuva de meteoros” que cai do céu: um evento lindíssimo, mas de
consequências possivelmente desastrosas… e as coisas até demoram para começar a
ficar estranhas para a família, e
ficamos nos perguntando quando é que
a troca aconteceu ou vai acontecer…
Mas o episódio
é claríssimo nesse quesito eventualmente, como eu não achei que seria: Charlie
literalmente VÊ o pai sendo “devorado” por uma criatura, e isso dá ao episódio
um tom interessante e direto que pouco se vê em outros episódios de “Electric Dreams”. Mais do que sugerido, aqui tudo é explícito durante
toda a narrativa, o que motiva as ações de Charlie Cotrell, que sabe, com 100%
de certeza, que o homem sentado à mesa ao seu lado não é o seu pai, e essa escolha criativa permite que o episódio
tome um rumo mais de suspense que
funciona muito bem. A ambientação é característica de filmes como “Os Goonies” e “Super 8”, ou séries como a já mencionada “Stranger Things”, com direito às crianças e adolescentes andando
de bicicleta e tudo, e isso dá a “The
Father Thing” uma espécie de familiaridade
que facilmente nos envolve.
Histórias de
invasão alienígena sempre me fascinam – e eu gosto de ver como elas são
apresentadas de maneiras distintas, representando os diferentes pensamentos,
esperanças e receios que os humanos têm em relação ao contato com o novo. A
chegada de “visitantes” de outros planetas nos alunaria como seres humanos? Ou
poderíamos, quem sabe, conviver em harmonia? O que é, de fato, ser humano? “The Father Thing” traz a ideia de
resistência, e Charlie Cotrell é essa figura, embora nos perguntemos o que um
garotinho como ele conseguirá fazer contra sabe-se lá quantos alienígenas que
chegaram à Terra nas duas noites de “chuvas de meteoro”, e que ele não sabe
onde estão… afinal de contas, esses seres se passam por humanos e podem estar
em qualquer lugar: dentro de casa, ou no carro de polícia que podia ser sua
esperança.
No fim,
então, Charlie precisa reunir os amigos e enfrentar a invasão ele mesmo – e é um pouco imaginativo,
talvez, mas funciona bem! Gosto do tom aventuresco do episódio, e gostei muito
do ritmo do clímax, que traz o trio enfrentando a Coisa-Pai, em uma “batalha”
que começa na garagem da casa de Charlie e que termina em uma espécie de “campo
de cultivo” no qual centenas de novos alienígenas estão sendo preparados para
assumir seus lugares se passando por humanos… dentre eles, uma cópia da Mãe de
Charlie, e do próprio Charlie. O episódio tem uma resolução razoavelmente
simples, mas bem-conduzida, e os meninos colocando fogo naqueles “ovos” gera
certa catarse interessante. Não esperava que o episódio terminasse com um tom
tão positivo, depois de todo o
suspense, mas gostei de ver o Charlie liderando essa “resistência” na internet.
Muito bom o
episódio!
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