Sandman, Volume 4 – Estação das Brumas: Um Prólogo
“No qual
uma reunião de família ocasiona certas recriminações pessoais; eventos variados
são postos em andamento; e um relacionamento tido como encerrado há muito tempo
prova ter hoje demasiada relevância”
Não adianta…
ler “Sandman” é sempre um EVENTO
MAGNÍFICO. “Sandman” é uma obra tão
completa, tão poética, tão bela e, principalmente, tão envolvente, que eu
sempre tenho a sensação de que estou sendo carregado pelo próprio Devaneio,
como o Sonho é primariamente referido nesse prólogo de “Estação das Brumas”, em uma espécie de transe agradável, inquieto
e intenso. Estou deveras animado com o Volume 4 de “Sandman” (que conta com as edições 21 a 28 da publicação,
referentes ao arco “Estação das Brumas”),
e mais uma vez maravilhado com a maneira como Neil Gaiman criou um universo tão
rico, tão palpável e tão simbólico, com elementos que mesclam a realidade com
mitologias e conceitos quase abstratos, mas que são personificados na forma dos
Perpétuos… e é a primeira vez que vemos
uma “reunião de família” dos Perpétuos.
No Prólogo de “Estação das Brumas” (também conhecido como “Episódio 0”), Destino
dos Perpétuos está convocando uma reunião
com seus irmãos, e depois de cada um deles atender ao convite para vir até
a sua galeria, “enquanto eles descem a escadaria cinza rumo à sala de banquetes
de Destino”, Neil Gaiman aproveita-se para “divagar” em um preâmbulo ambos
interessante e importante para a história que está por vir… ler aquelas três
páginas que apresentam cada um dos Perpétuos é uma oportunidade magnífica de
adentrar nos domínios de Neil Gaiman, enquanto ele descreve os Perpétuos – sua
aparência, sua sombra, seu cheiro, sua forma de agir… cada um deles conceitos
personificados, seres eternos e poderosos, de forma quase aterrorizante, mas
fascinante. Desejo. Desespero. Destino. Delirium. Sonho. E, por fim, a Morte…
Achei
fascinante conhecer os domínios de Destino, e é por passagens como aquela
introdução brilhante que fala sobre os caminhos trilhados que é tão incrível
ler “Sandman” e ler Neil Gaiman, de
um modo geral… Destino tem um encontro com as Mulheres Acinzentadas, e então
ele busca em seu livro algo que lhe faça entender melhor o que aquele encontro
significou – basicamente, ele tem que falar com os irmãos sobre isso, sobre a
visita da Triodite, as Sinas, e Destino dos Perpétuos diz: “Algo importante acontecerá. Algo que irá deflagrar uma cadeia de
eventos, provocando mudanças e transtornos”. E esse “algo” que vai
acontecer é justamente esse encontro dos
seis Perpétuos na sala de banquetes de Destino. Agora, ele só precisa que
eles conversem, como não fazem há séculos, e então os acontecimentos seguintes
serão colocados em movimento…
E de fato o
são. Desejo provoca Devaneio/Sonho
perguntando sobre seus “relacionamentos”, falando sobre como eles não costumam dar certo, e então menciona
Nada, uma mulher com quem Sonho se envolveu há muito tempo, e que ele
sentenciou aos domínios de Lúcifer, para ser ferida e torturada por dez mil
anos – basicamente porque seu orgulho falou alto demais quando Nada “ousou”
rejeitá-lo. A ideia é vaga, mas Morte nos ajuda a entender, em uma conversa
incrível com Sonho (as cenas que Sonho compartilha com Morte são sempre as
melhores de “Sandman”, não há dúvida
disso), que ele estava errado, e quando ele mesmo percebe que de fato errou,
ele sabe que só existe uma coisa a fazer: consertar
o seu erro. E, para isso, ele terá que partir pessoalmente ao Inferno e
resgatar Nada… mesmo que Lúcifer não
queira vê-lo por perto.
Ou ele completa a missão. Ou ele encontra
sua irmã Morte em breve… pela última vez.
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