Sítio do Picapau Amarelo (2005) – O medo de Teteia

O medo de Teteia e a ajuda de João…

Teteia se tornou uma das personagens mais importantes e mais interessantes de se acompanhar nessa temporada do “Sítio do Picapau Amarelo”, e eu acho merecidíssimo o destaque que ela ganha quando tenta salvar o João da Luz de ser caçado pelo pessoal do Arraial e acaba sofrendo um acidente. Teteia não está podendo caminhar, e ela está naquela fase difícil de adaptação na qual ela é consumida pela negação, pela vergonha e pelo desespero – ela se recusa, por exemplo, a ir para a escola na cadeira de rodas, porque ela diz que todo mundo vai ficar olhando para ela com pena e ela não vai aguentar isso… quando ela acaba decidindo ir, o César volta para pegar os materiais dela que ficaram para trás, o João a encontra na frente da pensão e ela fica abalada, diz que não quer que ele a veja assim e o manda embora… então, ela resolve voltar para casa.

Antonica, preocupada com a Teteia, acaba indo até a pensão para falar com ela, e todo o cuidado que ela tem para falar com a Teteia quando a procura e a convence a ir para a escola ela não tem quando a Teteia finalmente chega à escola, porque o fato de ela estar numa cadeira de rodas realmente parece virar um espetáculo, então ela fica extremamente transtornada, tem uma espécie de ataque de pânico e chora, tenta se esconder atrás do cabelo e pede para que a levem embora, e eu sofri bastante com ela… até porque não é “coisa da cabeça dela” como algumas pessoas parecem querer convencê-la de que é: as pessoas realmente ficaram olhando para ela, todos muito despreparados. Mesmo assim, no dia seguinte ela acaba sendo convencida a voltar para a escola e, dessa vez, o “espetáculo” é menor e a situação toda é menos humilhante para ela.

Nos exames daquele dia, o Dr. Madeira chega a uma conclusão: não há mais nada físico que impeça a Teteia de voltar a andar. Segundo ele, às vezes é difícil entender o que se passa dentro da gente, e o corpo e a emoção se misturam, mas, segundo os exames, está tudo bem com a Teteia e ela pode andar. Eu entendi o que ele quis dizer, eu entendo que o fato de Teteia não poder andar, agora, é emocional, mas eu achei meio grosseira a maneira como eles começaram a dizer para ela que “agora ela só não anda se não quiser”, porque é uma pressão desnecessária que não vai ajudá-la a andar, na verdade. Agora ela precisa de apoio, de calma… não de pressão. Buscando esse apoio, César vai atrás do João para contar a novidade e para dizer que “Teteia precisa de apoio para enfrentar o medo” e que talvez o João possa ajudar… e ele vai imediatamente atrás dela.

João está bastante envolvido nessa história, seja pelo motivo que for, e não consegue parar de pensar em Teteia. Então, quando César conta a novidade para ele, ele fica radiante de felicidade, e aparece na pensão para falar com a Teteia: “Eu vim pra te ajudar, Teteia. Eu vim ajudar você a andar”. Teteia se exalta, manda o João ir embora, diz que vai gritar e contar para todo mundo que ele está ali, mas não tem coragem de fazer isso… e ele se mantém firme, dizendo que ela pode denunciá-lo, se quiser, mas ele só vai sair dali quando ela levantar. Eu achei que a cena seria fofa, eu achei que o João realmente ia conseguir ajudar a Teteia quando a incentivou e disse que gostava dela e pediu que ela o deixasse ajudar, mas a Teteia acaba caindo e isso mexe muito mais com ela… gritando, ela manda ele ir embora e manda “parar de a encher de ilusão”. E eu não acho que ela estava falando só sobre andar.

Em paralelo, acompanhamos o início do projeto de alfabetização para adultos da Antonica, e temos cenas bem emocionantes nessa história! Temos o César dando um lápis de presente para o primeiro dia de aula da Cecéu, por exemplo, e ela toda animada com isso… temos o César ajudando a Cecéu a escrever, depois, que foi uma cena perfeita, e um dos primeiros momentos em que rola um clima entre eles… temos o Zé, todo animado e feliz porque “tem até lápis e caderno para a escola”, e o Zé me fez chorar mais de uma vez nessa trama toda. Chorei com ele todo feliz entrando na escola, chorei com ele voltando para casa depois, todo animado, gritando para chamar todo mundo para ver o caderno dele onde ele escreveu as vogais (“A minha pessoa escreveu sozinho, nhá Benta”) e as crianças dando todo o apoio, ou com o Zé ensinando conta para a Nastácia e o Barnabé depois…

Cenas lindíssimas. Zé e Cecéu merecem todo o destaque que a temporada quiser dar a eles!

 

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