Stranger Things 4x09 – Chapter Nine: The Piggyback
A fenda entre os mundos.
Um final
digno e grandioso para uma temporada de que gostei bastante – depois de anos de
espera, “Stranger Things” entrega uma
temporada com um roteiro interessante e, ainda que talvez não com tantas
inovações e surpresas como prometido, uma delícia de se acompanhar, porque “Stranger Things” consegue fazer o que
uma série de sucesso precisa garantir para segurar o público: que gostemos de seus personagens. Amamos
esses personagens, tanto é que sofremos por antecipação com a possível morte de
alguns dos nossos personagens mais queridos, como a Max ou o Steve, e sofremos
quase igualmente por um personagem que tinha
acabado de ser apresentado, apenas nessa quarta temporada, mas que
conquistou os fãs e rendeu um dos momentos mais emocionantes dessa conclusão…
diferente das demais temporadas, essa temporada tem um final mais aberto.
Porque
voltaremos a encontrar Vecna na temporada
final.
E sem
precisar se preocupar com o que “vem depois”, talvez a próxima temporada tenha
mais mortes… “The Piggyback” tem
2h22min de duração, e isso é algo que eu preciso criticar, infelizmente. Em
primeiro lugar, e isso é algo puramente pessoal: eu não gosto de episódios
longos, e não gosto de parar no meio deles, então por isso demorei tanto para
ver esse final, porque precisava de tempo
que não estava fácil de encontrar. Mas, além disso, e é aqui que de fato reside
a minha crítica à duração do episódio, eu sinto que o episódio não precisava de todo esse tempo… e essa é uma crítica
que eu venho fazendo há muito tempo. Foi, sim, uma temporada eletrizante, cheia
de ótimos momentos, e da qual eu gostei bastante,
mas na maior parte do tempo eu sentia que os episódios não precisavam ser tão longos quanto eles estavam sendo.
Podíamos
ter tirado a parte da Rússia, por exemplo.
O episódio
começa com destaque ao melhor núcleo atual de “Stranger Things”: HAWKINS. Enquanto Hawkins se prepara para
colocar em ação um plano em quatro partes
(que nós sabemos, desde o início, que não vai sair inteiramente como o
planejado), os núcleos adjacentes se preparam para auxiliar o núcleo principal
remotamente. Hopper, Joyce e os demais, na Rússia, estão se preparando para invadir a prisão e acabar com os
Demogorgons que estão por lá, na esperança de que isso enfraqueça a ameaça aos
seus filhos nos Estados Unidos, já que as criaturas do Mundo Invertido têm uma mente coletiva; o núcleo da Califórnia,
por sua vez, depois de ter resgatado Eleven, consegue um “freezer de massa de
pizza” no qual Eleven pode, talvez, entrar na mente de Max, como já fez com
outras pessoas, para que Max a leve até o Vecna.
E, aqui, eu
abro parênteses para falar sobre um personagem que eu amo demais – talvez seja
porque ele é gay, talvez seja porque, de certa maneira, foi com ele que tudo
começou, talvez seja porque o personagem tem carisma, mesmo com tão pouca
atenção e tempo de tela, MAS EU AMO O WILL, E QUERIA MAIS DESTAQUE PARE ELE.
Recebemos a esperada cena na qual Jonathan conversa com Will depois de ter
ouvido o que ele disse a Mike na van, e Jonathan não chega a dizer que entendeu o que ele estava dizendo, mas
ele se mostra tão aberto ao irmão, e diz sentir falta de quando Will o
procurava para conversar com ele e falar sobre os seus problemas, que a cena
ficou linda… Will arrasou, com os olhos enchendo de lágrimas. Espero,
sinceramente, que o personagem de Will seja levado mais a sério na última
temporada de “Stranger Things”.
As fases um e
dois do plano de Hawkins envolve chamar a
atenção do Vecna e avisar o grupo que partiu para o Mundo Invertido quando
eles podem atacá-lo. As fases três e quatro se referem a distrair as criaturas do Mundo Invertido e ganhar tempo para que o
próprio Vecna possa ser atacado… “simples”, e com milhares de chances de dar errado. Max, oferecendo-se como
isca, tem mais dificuldade do que esperava para chamar a atenção de Vecna – até porque, se ele está por perto e é
capaz de ler a mente das pessoas, ele saberá o que eles estão planejando… e, na
verdade, de qualquer maneira seria suspeito que, depois de todo esse tempo com
o fone de ouvido ouvindo sua música favorita, Max simplesmente “se entregue”
para ele de boa vontade. De qualquer maneira, eventualmente Vecna atende às
provocações e se volta para ela.
Quando Vecna
“captura” Max, falando com ela através da imagem de Lucas (uma cena
fortíssima!), Erica avisa o pessoal do Mundo Invertido que o restante do plano
pode ser colocado em prática… e toda a tensão de antes da estreia dessa segunda parte toma conta dos espectadores,
que não sabem o que esperar – temos a sensação de que podemos estar vendo qualquer um daqueles personagens pela
última vez. De um lado, vemos Dustin e Eddie assumirem o cargo de distraírem os morcegos da mente
coletiva, ganhando tempo para que Steve, Robin e Nancy invadam a contraparte da
casa de Victor Creel e encontrem Vecna no que esperam que seja o seu momento mais vulnerável. Até aí,
tudo estava funcionando até que bastante bem, na verdade. E, então, todas as partes do plano começam a dar
errado de uma vez…
Erica, do
lado de fora da casa de Victor Creel no “mundo real” é perseguida pela gangue
de Jason, enquanto o próprio Jason invade a casa e, acreditando que Lucas está
matando Max como fizera com Chrissy, “exige” que ele a acorde… embora isso não
seja possível, tampouco o momento. Eddie, por sua vez, sai da sua CENA MAIS
ÉPICA em toda a temporada, que é aquele solo de guitarra intenso e de arrepiar,
e ele e Dustin se escondem dentro do trailer, enquanto os morcegos atacam… e
quando Dustin parte do Mundo Invertido em segurança, Eddie decide que “ele não
vai fugir”, e fica no Mundo Invertido para enfrentar os morcegos e ganhar mais tempo. O trio de Robin,
Steve e Nancy, por sua vez, é atacado pelas representações da mente coletiva
que tomam a casa dos Creel. E, enquanto seguramos o fôlego, Eleven faz, então,
sua entrada.
Dessa vez,
no entanto, é menos milagrosa do que das outras… assim como o primeiro episódio
da temporada sugerira, apenas Eleven não vai ser o suficiente contra Vecna.
Ainda assim, ela ganha um tempo, o que é incrível! É bom ver a surpresa do
demônio quando é atacado por Eleven, e ver a reação de Max porque sua amiga
está de fato ali (inclusive, o caminho que Eleven trilha para chegar até lá me
lembra muito “Inception”, mas é claro
que “Stranger Things” não pode fazer
nenhuma referência direta porque o
filme ainda não existia naquela época), mas Vecna consegue se recuperar, atacar
Eleven, e mostrar que as coisas não serão do mesmo jeito… não dessa vez. Então,
quando estamos quase sem esperanças, quem surpreendentemente faz alguma coisa de útil na temporada (e
isso não justifica todo o tempo perdido nesse plot) é a Rússia!
Quando os
Demogorgons são mortos na Rússia, a mente coletiva se retrai… os morcegos que
atacavam Eddie caem mortos, as veias segurando Robin, Steve e Nancy também os
deixam, e então eles podem seguir com a
parte quatro do plano: COLOCAR FOGO EM TUDO! A cena do trio colocando fogo
no Vecna é INCRÍVEL, e toda aquela sequência funciona lindamente – é
eletrizante, tem tom épico, tom de conclusão, e Vecna é temporariamente tirado
de combate… talvez não tenha sido o
melhor clímax da temporada, até porque fica evidente que “Stranger Things” quis se conter nesse
momento, para deixar o grande confronto contra Vecna para a próxima temporada,
que será a última, mas ainda assim eles conseguiram entregar uma bela sequência
que termina com o Vecna caído do lado de fora da casa… mas, ainda, não morto de verdade.
Ele retornará.
E, então,
começamos a lidar com as consequências
de tudo o que vivemos. E começamos pelas mortes. A morte de Eddie foi um dos
momentos mais tristes e emocionantes desse episódio, com toda a certeza!
Confesso que parte de mim chegou a pensar que ele sobreviveria, quando os
morcegos pararam de atacar, mas Eddie já estava ferido demais, e só vive o
suficiente para ter um último momento lindíssimo com Dustin, pedindo que ele
cuide de todos por ele… a maneira como o Eddie diz que o ama e como o Dustin,
aos prantos, diz que também o ama é
um dos meus momentos favoritos do episódio. Lindo e emocionante! Max, por sua
vez, tampouco está completamente morta
quando Vecna é “destruído”, e Lucas a segura nos braços, conversando com ela,
mas ela não consegue mexer os braços ou as pernas, já quebrados, e não enxerga
nada…
A sequência da morte de Max foi arrebatadora
e nos destruiu – assisti-la morrer é cruel, e não estávamos preparados para
esse momento… ainda que grande parte da temporada tenha sido uma espécie de despedida para ela. Os gritos de Lucas e
a Eleven inconformada, porque passara
uma parte do episódio relembrando seus momentos com Max (elas tiveram tantos
momentos juntos na última temporada!), ajudam a construir a emoção da cena e a
dor pungente que nos atinge… confesso, no entanto, que as promessas para essa
conclusão me fizeram pensar em mais
mortes, mas, eventualmente, percebemos que o episódio não tem coragem de matar nem mesmo Max. Parte de mim fica feliz,
porque eu não queria perdê-la, mas parte de mim também fica incomodada com a “solução milagrosa” de
a Eleven simplesmente “trazê-la de volta à vida” depois que ela já estava morta.
Ainda que
ela esteja desacordada no hospital, e sua mente pareça vazia. Morte cerebral?
A decisão de
seu destino fica para a última temporada… eu acho que ela sobreviverá,
sinceramente. Se fosse para a Max morrer, ela tinha que ter morrido já nesse
momento – matá-la por esse mesmo motivo na temporada seguinte acabaria com toda
a emoção construída para esse momento, então acho que não existe motivo para
essa “solução milagrosa” e para a Max estar no hospital se não fosse para ela sobreviver. Com sequelas, certamente,
provavelmente mais traumatizada do que nunca, também, mas acredito que ela
viverá. Vamos ver qual é a coragem que “Stranger
Things” terá na próxima temporada, e eu acho que pode ser a temporada mais
forte, triste e diferente até aqui, porque eles estarão livres das amarras de
uma “sequência”. Eles finalmente contarão
uma história da qual as consequências não interferirão no processo criativo de
mais um ano.
E o que isso
significa?
A morte de
Max, ainda que “revertida”, permite que Vecna conclua o seu plano… quatro mortes, quatro badaladas no relógio, e
a abertura de um portal entre os mundos – noticiada como um “terremoto”, mas
com um quê de sensacionalismo que menciona “cultos satânicos” e “fenda para o
Inferno”. A temporada conclui com alguns momentos tristes (o Dustin conversando
com o pai de Eddie), emocionantes (o reencontro de Hopper e Eleven) ou fofos (a
cena perfeita da Robin com a Vickie, que conta com a Vickie falando sem parar no melhor estilo Anne, diga-se de
passagem, e o sorriso mais lindo do mundo do Steve, por quem eu sou apaixonado), e deixa tramas iniciadas e
inconclusas para uma última temporada que temos tudo para acreditar que será épica… dessa vez, acredito, a turma
estará novamente toda reunida, na
batalha final contra Vecna para salvar Hawkins e o mundo.
Enquanto o Mundo Invertido toma conta da
nossa realidade. Aquele final foi de arrepiar.
Mal posso
esperar pela última temporada!
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