Além da Ilusão – O filho de Heloísa
“Esse sofrimento acabou”
Heloísa é,
do início ao fim de “Além da Ilusão”,
uma das melhores personagens dessa novela… por isso é justo que parte da última
semana seja justamente sobre ela, embora isso signifique ela ter que reviver o sofrimento de ter um filho
roubado dela – felizmente, dessa vez o sofrimento não dura 24 anos. Sua
história ainda se conecta, de alguma maneira, à história de Joaquim, que
finalmente tem o desenvolvimento que o personagem merecia há muito tempo,
porque eu já comentei, várias vezes, sobre como o Joaquim teve muitas atitudes
problemáticas durante “Além da Ilusão”,
mas como ele era um personagem “mais fácil” de redimir do que alguns outros que
a autora tentou desesperadamente… e isso acontece graças às ações de Úrsula com
as quais ele não concorda e, é claro, com as mentiras que ela contou a ele a
vida toda.
Joaquim está
se “afastando” da mãe desde a morte de Abel, e é notável como ele é menos cruel do que a mãe em vários
momentos, como quando Úrsula tenta matar Iolanda para impedi-la de entregar a
Isadora os documentos que provam que eles roubaram da tecelagem, e Joaquim a
repreende visível e sinceramente mexido: “A
sua crueldade não tem limite, a Iolanda tem um filho!” E, mesmo com a ação
de Úrsula, os documentos chegam a Eugênio e, no meio da revelação e de um
conflito sério, Úrsula solta mais uma de suas mentiras, dizendo que Joaquim é meio-irmão de Eugênio… e
temendo ser criticado por isso, mas lembrando que estou levando em consideração
essa parte do plot e não qualquer
coisa que tenha vindo antes, eu vou confessar que fiquei com pena do Joaquim, porque a Úrsula mente para ele também
e, pior, ele acredita.
E a atuação
de Danilo Mesquita deixa tudo muito mais crível, mais sentimental.
Eu realmente senti por ele… Danilo Mesquita
transmitiu muita verdade.
A “crueldade
sem limites” de Úrsula continua quando a mulher que ia lhe dar um bebê muda de
ideia e, como precisa chegar em casa com uma criança, Úrsula resolve roubar algum do berçário – no mesmo dia
em que Heloísa deu à luz. Fantasiada de faxineira e “precisando de um bebê para
ontem”, Úrsula rouba o filho de Heloísa… o mais bizarro e irônico é que Úrsula nem sabe que está roubando o bebê de Heloísa:
ela só precisa de um bebê, qualquer bebê, e esse é o bebê que ela pega. É
brutal imaginar que Heloísa precisa passar
por todo esse sofrimento MAIS UMA VEZ, e quando Leônidas conta o que
aconteceu (e ele não estava ali com ela nesse momento porque, como sempre, ele
estava com o Matías, que é com quem ele realmente
se importa, convenhamos), a dor de Heloísa na atuação sempre BRILHANTE de
Paloma Duarte me fez chorar…
O choro de
Heloísa chegando em casa e dizendo que “não vai aguentar” é de partir o
coração, e quando Leônidas conta toda a história a Matías, falando sobre a
faxineira que roubou o bebê, Matías se lembra de ter visto a Úrsula no
hospital, vestida de faxineira, naquele dia, mas quando ele conta isso para
Leônidas, Leônidas age como se isso não fizesse nenhum sentido: “O que está dizendo, doutor? A Úrsula
roubou o meu filho? Imagina!” Eu realmente DETESTO o personagem de
Leônidas, porque eu até entendo a informação parecer um “absurdo”, eu até entendo
a condição de Matías e tudo o mais, mas Leônidas já se mostrou disposto a
acreditar nele em outros momentos, não? Agora que convém ao roteiro que ele não
dê atenção, que não queira nem averiguar
se a história pode ser verdade, ele simplesmente ignora, com o Matías dizendo
que Úrsula é “uma mentirosa, ladrona”.
Então,
Matías decide resolver o problema ele
mesmo… vai até a casa de Úrsula para pegar o bebê de volta e, não bastasse
isso, ele ainda vasculha o lixo na frente da casa e descobre a barriga falsa
que, como ele diz, é “a prova que o Leônidas queria”. Antonio Calloni, em sua
atuação também sempre PERFEITA (ele merecia todos os prêmios possíveis por esse
papel, mas, infelizmente, acredito que a Globo vá querer premiar apenas atores
de “Pantanal” nesse ano, né?), chega
em casa com o filho de Heloísa nos braços, soltando com uma naturalidade
incrível que só a ele cabe: “Eu vim
devolver o seu filho. O filho que a Úrsula roubou. Aqui tá a prova que era tudo
mentira. Com licença, eu vou me pentear”. SÉRIO, A CAPACIDADE DE ENTREGAR
SEQUÊNCIAS INCRÍVEIS COMO ESSA. Heloísa está realizada, mas Leônidas a adverte
que “eles não têm certeza de que é o filho deles”.
Heloísa sabe que é… ela sente.
Mesmo assim,
Úrsula é avisada de que o “seu filho” está ali e ela volta para pegá-lo de
volta, e mesmo que falem de ela ter sido vista vestida de faxineira e mostrem a
barriga falsa encontrada no lixo da casa dela, Úrsula nega tudo, pega o bebê
dos braços de Heloísa e o leva embora… O GRITO DE DOR DA HELOÍSA FOI A COISA MAIS
DOLOROSA DESSA ÚLTIMA SEMANA! Felizmente, as coisas não demoram tanto para se
resolver… Margô, tendo descoberto que a mulher que ia dar o bebê para Úrsula mudou de ideia, resolve ir confrontá-la:
aposta que aquele é mesmo o bebê roubado
de Heloísa… afinal de contas, não seria o primeiro bebê que Úrsula rouba,
seria? E enquanto confronta Úrsula na frente de Eugênio e Joaquim, Margô solta
justamente essa informação bombástica: “Joaquim
também foi roubado da mãe de sangue! Eu estava lá, eu vi!” WOW.
Novamente,
Danilo Mesquita consegue fazer com que eu sinta pelo Joaquim… eu fiquei com
pena dele enquanto sua expressão mudava e toda a revelação se assentava
lentamente. Confuso e revoltado, ele pede que Margô “explique essa história”, e
Margô conta tudo sobre como ele foi roubado. Desesperada, Úrsula nega tudo,
mas, no fundo, Joaquim sabe/sente/percebe que é verdade, e quando Eugênio sai
para buscar a polícia e Úrsula tenta pegar o bebê e escapar, Joaquim a impede
de sair e diz que ela não só vai ficar ali, como vai explicar toda essa história de tê-lo roubado. A cena é uma das
melhores cenas de “Além da Ilusão” em
muito tempo: Danilo Mesquita e Bárbara Paz entregam um confronto sincero, forte
e bem atuado, em um diálogo de tirar o fôlego e de fazer com que lágrimas se
juntem nos nossos olhos…
“Eu te
salvei de uma vida medíocre. […] Você teve uma vida de rei”
“Você tirou
de mim a possibilidade de ser outra pessoa. Você roubou de mim a minha família,
o meu destino. Foi isso o que você fez: você roubou tudo de mim”
“Não seja
ingrato. Eu te amei com devoção. Você é meu filho”
“De que
serve tanto amor se você me transformou num monstro? Eu sou filho de uma ladra,
de uma chantagista, aproveitadora… eu sou filho de uma assassina! […] Você
acabou com a minha vida. Você é uma diaba. Você é uma demônia de saia”
Cena
icônica. Danilo Mesquita elevou o personagem a outro nível. INCRÍVEL.
Depois do
confronto, depois de Joaquim desabafar toda sua frustração, seu medo, sua
angústia, com palavras e com lágrimas sinceras e dolorosas, ele pega o bebê que
a mãe roubara, pronto para devolvê-lo à sua mãe verdadeira… ele não vai
permitir que Úrsula estrague a vida de
mais uma pessoa, como fez com a dele. Então, enquanto Úrsula grita e Margô
a impede de sair de casa até que Eugênio retorne com a polícia, Joaquim leva o
bebê, Fernando, de volta para Heloísa, em outra cena emocionante. Breve, mas
emocionante: “Esse sofrimento acabou. Foi
mesmo a Úrsula que roubou o seu filho, eu trouxe ele de volta”. Como é bom
e significativo que tenha sido o Joaquim quem encerrou essa história, no fim
das contas, e fico MUITO FELIZ que o sofrimento de Heloísa tenha FINALMENTE
chegado ao fim… ela não merecia continuar sofrendo desse jeito.
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