Além da Ilusão – O showzinho de Davi

“Eu sou inocente”

Joaquim está só esperando a oportunidade de denunciar Davi Jardim para a polícia – e quando Iolanda aparece com a pasta que contém as provas de que ele e a mãe roubaram da tecelagem, mesmo que ela peça 100 mil cruzeiros por ela, Joaquim sabe que precisa pagar: é a única maneira! Então, Joaquim e Úrsula queimam todas as provas que existem contra eles e Joaquim planeja entregar Davi para a polícia no dia seguinte, como um presente de aniversário para Isadora… naturalmente, as coisas não vão sair como Joaquim espera (até porque, mocinho ou não mocinho, e eu nem vou entrar em muitas discussões a esse respeito, a maneira como o roteiro superprotege o Davi é patética), porque a Dona Iara ouve uma conversa de Joaquim com Iolanda sobre o que ele pretende fazer e, é claro, ela corre para contar para o “Dr. Rafael” o que ouviu.

Então, Davi arma um circo… até porque tudo tem que ser um espetáculo, tudo tem que ser sobre ele. Se até o casamento da Heloísa com o Leônidas, que era para ser um dos poucos momentos de felicidade da Heloísa, Davi estragou para torná-lo sobre ele mesmo, por que não fazer isso no aniversário de Isadora? Por que não armar um espetáculo que gera destruição desnecessária e possivelmente traumatiza a Violeta? O que importa é deixar o Joaquim com cara de tacho, não? Falando no Joaquim, preciso falar sobre a atuação impecável do Danilo Mesquita em toda a sequência da morte do Abel… estou longe de defender o Joaquim, mas eu adoro elogiar boas atuações, e ele BRILHOU no choque com o que a mãe fez, na cena em que se livra do corpo, no choro durante o banho, no interrogatório com a polícia, o desespero contínuo… Danilo Mesquita um excelente ator!

De volta ao aniversário de Isadora…

Como eu não suporto o Davi (o critiquei milhões de vezes nos meus textos já, mas resumo: é insuportável como o roteiro é conveniente para ele de formas absurdas, é irritante como todas as coisas erradas que ele faz são relevadas e, pior, como ele é tratado como um santo, como o “homem sem defeitos”, e a atuação do Rafa Vitti, infelizmente, é limitada ainda), foi bem difícil assistir a toda a sequência do aniversário da Dorinha ou a “lição” que eles dão em Iolanda antes disso… eu consigo ver que a intenção das cenas era “divertir”, porque seria divertido ver isso tudo se conseguíssemos torcer por esses personagens, mas não é. Vemos o Davi enrolando Iolanda para Isadora roube o dinheiro dela, e convenhamos que todo aquele discurso dele de que “ele fez de tudo pelo Toninho” é absurdo… ele só o registrou, e nem foi no nome dele mesmo.

Ele nunca nem criou uma relação com o garoto.

Enfim… depois que Davi e Isadora roubam o dinheiro de Iolanda para ela “aprender que o crime e a falta de caráter andam de mãos dadas”, Davi reúne o seu grupo de minions para “preparar algo para Joaquim”… e, na festa de aniversário de Isadora, o Joaquim chega com o delegado e a polícia, com o delegado dando voz de prisão a Davi Jardim, e quando Violeta tenta defendê-lo dizendo que ele se chama Rafael Antunes e é funcionário da fábrica, o delegado rebate: “Não. Ele é o assassino da sua filha”. Me revolta a expressão de Davi, achando que está abafando, e como NINGUÉM se importou o suficiente para, sei lá, contar para Violeta o que ia acontecer (porque todos sabiam o que ia acontecer), ou para criar uma desculpa e tirá-la da sala antes do delegado chegar… eles simplesmente deixaram que ela descobrisse que Rafael era o Davi ali, naquele momento de choque.

É pura insensibilidade, falta de respeito, e mostra que não existe amor e preocupação o suficiente com Violeta… e não importa se o Davi é inocente ou não, porque até onde sabemos ele é (eu ficaria muito feliz se ele não fosse), porque não é isso o que importa naquele momento: naquele momento importa o fato de que Violeta passou a vida toda acreditando que Davi Jardim, o mágico, era o assassino de Elisa, e mesmo que ele seja inocente, é um baque muito forte descobrir que o tal Davi é um cara que ela acolheu DURANTE MESES na sua casa, na sua fábrica, e como namorado de sua filha mais nova… é absurdo o descuido com Violeta. Davi olha para Violeta e confirma que é o Davi Jardim, mas “não matou Elisa”, como se ela tivesse a obrigação de simplesmente balançar a cabeça naquele momento e acreditar… acreditar, sem questionar, que foi o Matías.

Que algo em que ela acreditou durante 10 anos é mentira.

Davi faz todo um espetáculo, é claro – um circo, que tem que ser sobre ele. Ele conta, novamente, toda a história de como foi o Matías quem atirou, como o primeiro perito confirmou que não tinha suas digitais na arma, e quando o delegado tenta levá-lo, ele joga algo no chão para fazer seu showzinho de mágica… fumaça, delegado algemado, e o Davi contando sobre como “ele se apaixonou pela Isadora” (algo que ninguém questiona o motivo, mas tudo bem). A sequência escala e chega a proporções absurdas e revoltantes. O show de mágica de Davi se torna destrutivo: ele quebra um monte de coisas da casa (!), faz um verdadeiro estrago para poder ficar trocando de lugar e continuar falando, e então some atrás da cortina para não voltar para cadeia… e some dizendo que voltará para “viver seu amor pela Isadora”. E todos assistem como se fosse a coisa mais normal do mundo.

É exagerado, desnecessário… não havia necessidade de quebrar tanta coisa daquele jeito. Não havia necessidade de fazer a Violeta sofrer como ela sofreu… mas Davi e os demais escolheram fazer isso dessa maneira. Até porque, afinal de contas, o Davi é um mágico e grande parte daquele show foi para alimentar o seu ego. Não tem como negar isso.

 

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