American Horror Stories 2x04 – Milkmaids

Ciência e religião.

Eu estou tentando decidir o que achei do episódio até agora… na minha opinião, “Milkmaids” não chega a ser bom como os dois primeiros episódios da temporada, “Dollhouse” e “Aura”, e parte de mim acredita que foi melhor do que “Drive”, mas eu confesso que, mesmo sendo a proposta do episódio e tudo o mais, eu fiquei muito incomodado com toda a nojeira, e atrapalhou toda a experiência para mim. De modo geral, eu queria ter gostado mais. “Milkmaids” se passa na Nova Inglaterra, em 1757, e acompanha uma cidade pequena na qual a varíola está se espalhando e fazendo uma série de vítimas… o conceito do episódio é interessante, traz um embate entre ciência e religião, ao mesmo tempo em que critica o perigoso fanatismo religioso, mas talvez a execução do episódio (e a conclusão dele) não tenha sido o que se esperava.

A história acompanha Thomas, um homem que acabou de perder a mulher para a doença; Edward, o filho estranho de Thomas; Walter, o arrogante e hipócrita pastor da cidade; Celeste, uma prostituta que acredita ser a cura para a doença; e Delilah, uma leiteira estudada que acredita na ciência. Quando a doença se espalha, o desespero toma conta do vilarejo, fazendo com que as pessoas busquem por todas as alternativas mais descabidas possíveis… Walter, o pastor, depois de ter se deitado com Celeste e tê-la expulsado da igreja quase apedrejada durante o funeral da esposa de Thomas, fica fascinado com uma história que se conta em vilarejos próximos sobre como a doença é causada por mortos se levantando de seus túmulos durante a noite para atacar os vivos, e como desenterrá-los, arrancar seus corações e queimá-los pode prevenir que isso aconteça…

O horror toma conta depressa do episódio quando eles começam a comer o coração dos mortos, acreditando que isso vai curar aqueles que por ventura já tenham sido infectados… Thomas acha tudo um horror, embora ele seja, também, dissimulado – porque foi ele quem começou toda essa história. Walter se torna obcecado com a história, passa a comer vários corações desenterrados e, eventualmente, ele faz um sermão absurdo na igreja no qual incita as pessoas a pensarem como ele, e o vilarejo todo sai de comboio ao cemitério local para desenterrar todos os corpos e comer seus corações, em uma cena sangrenta e alarmante… talvez “Milkmaids” tenha intencionado, nesse momento, criticar o fanatismo religioso e a facilidade com que líderes religiosos conseguem aproveitar-se da ignorância das pessoas para fazê-los acreditar no que quiserem.

É um horror.

Em paralelo, Celeste, uma mulher cheia de feridas pelo corpo, mas não doente, a princípio, é acolhida por Delilah, uma leiteira que adora ler, que acredita na ciência e que se envolve com ela, interessada em descobrir o motivo pelo qual suas feridas parecem “curar” as pessoas, como Celeste alega… e ela de fato chega a possíveis respostas que ninguém no vilarejo está disposto a levar a sério – enquanto Celeste e Delilah estão oferecendo o que possivelmente é a cura verdadeira para a varíola que assola a região, o vilarejo está mais interessado em desenterrar os mortos e devorar seus corações. Celeste e Delilah são totalmente desacreditadas, vistas como páreas, e acabam morrendo em uma sequência final sangrenta e exagerada que faz, também, algumas outras vítimas, como o próprio pastor Walter e Thomas, depois que ele faz algumas revelações.

Não é um final excelente… mas não é a primeira vez que vemos algo assim em “American Horror Story” ou “American Horror Stories”. Movido pelo horror de cenas gráficas, o fim de “Milkmaids” parece exagerado, mas algumas críticas foram feitas… infelizmente, estou começando a baixar as minhas expectativas com a temporada depois desses dois últimos episódios (depois de uma estreia muito boa e promissora), mas como comentei em minha última review, isso é natural em séries antológicas (um estilo de que gosto bastante, por sinal): existem altos e baixos, sempre haverá histórias melhores do que outras… e acredito, inclusive, que “Milkmaids” deve ter sido mais bem aceito que “Drive” de modo geral e, como eu disse lá no início do texto, é algo bastante pessoal o fato de eu ter achado muito nojento e isso ter atrapalhado bastante a experiência como um todo.

 

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