Turma da Mônica: A Série 1x08 – Lama
Crescimento.
Mais uma vez
(mas não poderia ser diferente para encerrar essas reviews de “Turma da Mônica: A Série”): QUE SÉRIE
PERFEITA, QUE ROTEIRO INCRÍVEL, QUE PRODUÇÃO CUIDADOSA E PRECIOSA. Eu adoro os
quadrinhos da Turma da Mônica, adoro as graphic
novels dos Irmãos Cafaggi, adoro as adaptações cinematográficas “Laços” e “Lições”, adoro esse elenco e é com tranquilidade, um sorriso no
rosto, lágrimas nos olhos e o coração quentinho que eu digo: eu adoro essa série. Divertida e
inteligente, “Turma da Mônica: A Série”
consegue replicar a diversão e a emoção de ler a turminha nas páginas dos
gibis, ao mesmo tempo em que consegue ser crível transpondo suas
características e dilemas para o mundo real, em uma história que, mais sobre a
sabotagem de uma festa, é sobre amadurecimento
– quanto cada um deles cresceu, não?
“Lama” é a conclusão perfeita e
emocionante dessa primeira (e talvez única com esse elenco?) temporada. No fim
do episódio passado, quando todo o mistério do balde de lama foi resolvido (e
Carminha Frufru era a responsável, no fim das contas), Cebolinha anunciou que
ainda tinha mais coisas a acontecer, porque O CAPITÃO FEIO ESTAVA VINDO PARA SE
VINGAR! Confesso que eu temi, brevemente, que o plot da vingança do Capitão Feio não se encaixasse nessa conclusão
da série, mas estava completamente enganado – e que bom que estava! Isso foi
trazido de maneira inteligente para trazer uma última mensagem e momentos
incríveis para todos os nossos personagens favoritos, que têm a chance de
assumir quem são, e entender que eles estão crescendo… e nos fazer novamente
pensar no quanto amamos esse elenco
nesses personagens.
O plano do
Capitão Feio, contado nas páginas do gibi descoberto por Cebolinha, envolve
desligar o registro da casa (por isso não tinha mais água!), colocar terra na
caixa d’água e emporcalhar toda a Mansão Frufru, com lama saindo no lugar de
água de todas as torneiras e dos irrigadores no jardim… Mônica pede que
Cebolinha, “o rei dos planos falíveis”, descubra um furo no plano do Capitão
Feio (e o furo é o Cascão, que não quer apertar o botão, no fim das contas),
enquanto todo mundo corre pela casa em grupos para desligar os registros, e são
pequenos momentos muito significativos, como a Magali conseguindo dizer “não”,
para discordar da separação da Mônica e dizer que “quer ir para a cozinha com o
Quinzinho”, e a Mônica e a Carminha tendo que trabalhar juntas…
surpreendentemente, conseguimos comprar esse começo de amizade entre elas!
Que série
impecável, de fato!
O grande
clímax do episódio acontece no mesmo lugar em que a série começou, e com o
mesmo elemento principal: lama. Com as torneiras e o registro fechado, a última
fase do plano do Capitão Feio é fazer com que o Cascão aperte o botão que vai
ligar os irrigadores e jogar lama em todo mundo no quintal da casa, mas o
Cebolinha aparece para pedir desculpas por fazer um plano para lhe dar um banho
e para tentar convencê-lo a não fazer isso – e todo mundo meio que tem uma
participação, enquanto o próprio Cascão também percebe que, na verdade, essa
“vingança” toda não tem muito a ver com ele, como o tio quer o convencer,
dizendo que “fez tudo isso por ele”… na verdade, a vingança de Feitoso/Capitão
Feio é contra a Madame Frufru, a garota maldosa que debochou dele na infância e
fez com que ele se isolasse, como vimos no episódio do Cascão.
Mas é Mônica
quem tem a iniciativa que inicia a sequência MAIS LINDA DE TODA A SÉRIE – o
momento com discursos tocantes, com o elenco brilhando em sua entrega, com cada
personagem podendo brilhar… o momento
em que eles mesmos pegam lama de um balde, passam no rosto, e falam sobre si
mesmos. Mônica fala sobre como é uma brutamontes, mas como isso significa que
ela é forte e não se envergonha disso; Magali fala sobre como não consegue
dizer “não” para as pessoas porque quer agradar todo mundo, mas precisa agradar
a si mesma; Milena fala sobre como ama os animais e como o porco da festa é
seu, deixando a vergonha de lado; e o Cebolinha diz que gosta da Mônica, mas
não consegue assumir isso nem para si mesmo… o que foi um dos momentos mais fofos de toda “Turma da Mônica: A
Série”, certamente.
Carminha
Frufru também tem seu momento, sujando a cara de lama novamente e dizendo que
não é perfeita, e a Madame Frufru olha para a filha com afeto sincero e sem
cobrança talvez pela primeira vez, e a abraça, mesmo toda suja de lama, pedindo
desculpas… isso tudo foi lindíssimo,
e eu chorei de verdade… e, logo depois, eu sorri, com toda a sequência pura e
divertida que se segue, quando Denise diz que gosta de fofoca porque sua vida
não é interessante, “mas não vai se sujar”, e o Do Contra (ai, eu AMO o Do
Contra!) joga lama nela, e logo as crianças estão todas envolvidas em uma
guerra de lama no quintal da Mansão Frufru, aquele lugar onde nada podia estar sujo ou fora do lugar.
É tão bom vê-los se divertindo daquela maneira, e ver que, com todos
propositalmente sujos de lama, o plano do Capitão Feio não faz mais sentido.
O Cascão,
então, tem o seu momento mais interessante e mais surpreendente, que é quando
ele deixa o tio, volta para junto dos amigos e faz o seu pequeno discurso,
dizendo que passou sua vida toda fugindo
do banho e que “não aguenta mais”. Então, ele olha para a piscina, e todo
mundo pula nela, inclusive a Carminha, com a aprovação da mãe… e inclusive o
Cascão. É um momento épico e memorável ver o Cascão se preparar, ser chamado
pelos amigos e então de fato correr para a piscina E PULAR NELA, e isso
novamente reforça a temática toda da série, que vem desde “Lições”, na verdade: eles
estão crescendo, e isso envolve mudar sem precisar deixar de ser criança… a
série consegue representar esse conceito de maneira impecável em todos os seus detalhes,
em cada momento precioso como esse, do Cascão pulando na água e se divertindo
com os amigos.
“Turma da Mônica: A Série” é uma
produção incrível, com um coração gigantesco e uma sensibilidade tocante… me
fez MUITO BEM assisti-la. Talvez seja a última produção em que veremos esses
personagens interpretados por esse elenco, e embora eu entenda que é uma
escolha comercial inteligente, a longo prazo, eu não vou negar que vou sentir falta deles – nos afeiçoamos
a esse grupo, e toda a sequência final, no Clubinho, reforça isso. Vemos a
Milena oficialmente dando o porquinho do Clube para o Cascão, que o nomeia
“Chovinista”; vemos o Quinzinho e a Magali sendo a coisa mais fofa e adorável
do mundo; vemos a Mônica e o Cebolinha, sentados lado a lado, as mãos se unindo
no meio deles, enquanto eles sorriem tímidos e felizes; e toda a turminha se
divertindo naquele lugar. É uma fase
incrível, essa série tirou de letra.
Magali e
Cascão chegam a olhar para a Mônica e o Cebolinha juntos e comentar alguma
coisa a respeito de “ainda ter muita história com esses dois”, o que nos faz
desejar ainda mais por mais
temporadas com esse elenco… os dois filmes live-action
e a série conseguiram construir muito bem o cenário do Bairro do Limoeiro,
trazer as cores e os estilos dos gibis para o mundo real (você assiste e você sabe que é a “Turma da Mônica”, porque o espírito está lá o tempo todo!), e
apresentar tantos personagens dos quadrinhos que chega a ser estranho pensar no
potencial “desperdiçado” em não seguir com esse elenco, mas também estou de
coração aberto para todas as novidades com esses personagens… de toda maneira,
é uma série que eu guardarei para sempre no coração, que recomendarei para todo
mundo e que assistirei novamente algumas vezes no futuro.
Sentirei
saudades. Amei cada segundo.
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