Lost 4x07 – Ji Yeon
“Wherever
Sun go, I go”
Eu sempre,
sempre, SEMPRE adoro os episódios centrados em Sun e Jin, dois dos meus
personagens favoritos em “Lost” – e é
impressionante (e gratificante) perceber como a história deles foi construída
desde a primeira temporada até chegarmos, com tanta naturalidade e beleza, ao
que esse episódio está contando… e é justamente graças ao belo desenvolvimento
que esse episódio é tão bonito e, ao mesmo tempo, tão doloroso e
desconcertante. “Ji Yeon”, exibido
em 13 de março de 2008, é um dos episódios mais emocionantes na quarta temporada de “Lost” e, certamente, um dos maiores exemplos de como “Lost” gosta de nos “enganar”, nos
fazendo acreditar em uma coisa, para depois nos mostrar que estamos errados…
com um roteiro conduzido de forma magnífica, a proposta do episódio funciona
com perfeição, e nos deixa atordoados.
Desde que
Juliet falara sobre a possibilidade de Sun morrer durante o segundo trimestre
de sua gravidez, ela está naturalmente
preocupada, mas cheia de esperanças de que eles estão prestes a ser resgatados,
e então ela poderá terminar sua gravidez em segurança, de volta em casa… faz
três dias, no entanto, que Sayid e Desmond partiram para o cargueiro e não
retornaram, então ela faz uma pergunta simples a Daniel Faraday: eles pretendem resgatá-los ou não? E,
infelizmente, a resposta dele não é exatamente o que ela espera. Então, sem
confiar na tal “equipe de resgate” que chegou recentemente à ilha, Sun decide
que o melhor que pode fazer é fugir da praia e partir para o acampamento de
Locke – o que parece uma decisão apressada e sem sentido, mas eu entendo o medo
e as dúvidas de Sun, e eu adoro o fato de Jin a apoiar 100%.
Juliet,
então, faz de tudo para tentar impedir Sun de partir – inclusive algo que
parece condenável, e que chega a causar revolta no primeiro momento, mas que é
tentativa desesperada de fazer com que Sun fique… custe o que custar. Ela tenta argumentar com Jin, que entende
inglês melhor do que nunca e já está arriscando frases inteiras durante
conversas, dizendo que Sun está doente e que ela pode morrer se não sair da
ilha o mais rápido possível, e como Sun continua decidida e Jin não pensa em
abandoná-la (ele dizendo que “onde quer que a Sun for, ele também vai” é
profundamente doloroso, especialmente tendo em vista o final desse episódio!),
Juliet apela, contando para Jin que Sun teve um caso com outro homem e que,
inclusive, pensou que o filho fosse dele… naquele momento, Sun vê seu mundo
desmoronar, e Jin está atordoado.
Eu adoro o
CRESCIMENTO que Jin apresentou desde as suas primeiras cenas de “Lost” – e de como isso foi construído
de uma forma bacana e convincente, com a ajuda de flashbacks e do próprio amadurecimento que a ilha e todas suas
experiências trouxeram. Jin fica bastante
calado, até calmo, depois da revelação de Juliet, mas ele não quer falar
com Sun agora, não quer ouvir suas “explicações”, e acaba saindo para pescar,
porque é o que ele faz quando quer pensar…
e eu acho que ele tinha todo o direito de ficar chateado e de tirar um tempo
para pensar, e é A COISA MAIS LINDA DO MUNDO quando ele volta para a barraca, à
noite, todo carinhoso e com o jantar preparado para eles, compreensivo e dizendo
que sabe por que ela fez o que fez, porque sabe quem era antes da ilha… e o que
ela fez, fez àquele homem, por isso a perdoa.
A relação
dos dois é extremamente bonita. Sun e Jin são, sem dúvida alguma, dois dos
melhores personagens de “Lost”, e eu
adoro todo momento deles, toda a alegria e alívio que toma conta de Sun, todo o
recomeço sem mentiras que, querendo ou não, Juliet proporcionou, e ficamos
sonhando com os dois saindo da ilha e criando o bebê, que Jin acredita ser uma
menina, e que quer que se chame Ji Yeon. E, inclusive, os flashes do episódio brincam justamente com essa esperança do
espectador – de uma maneira bastante cruel, no fim das contas, mas certamente
genial. Acompanhamos Sun entrando em trabalho de parto, um parto complicado, enquanto chama o nome de Jin
no hospital e quer que ele chegue antes do bebê nascer, enquanto acompanhamos o
Jin tentando, de qualquer maneira, comprar um panda e correr para o hospital.
“Lost” faz, no entanto, o que nunca fez
antes, por isso, na época, ninguém esperava pela conclusão surpreendente do
episódio: misturar flashbacks e flash forwards. Passamos o episódio todo
acompanhando a história de Sun e Jin, acreditando/esperando que ambas fossem
simultâneas, mas não eram… a história de Sun é um flash forward, se passa depois da ilha e confirma que ela é outra
dos Oceanic 6; a história de Jin, no entanto, é um flashback e se passa apenas dois meses depois do seu casamento com
Sun, lá na época em que ele estava trabalhando para o pai de Sun e se
transformando no cara que conhecemos no início da série. E o nosso coração
acaba sendo partido quando percebemos que, na verdade, eles não estão juntos…
que, apesar de dizer que “iria onde quer que Sun fosse”, Jin não conseguiu sair
da ilha com ela.
O flashback de Jin, então, termina nos
deixando chocados… enquanto o flash
forward de Sun termina me deixando em lágrimas. Depois do nascimento do
bebê, que é mesmo uma menina, como Jin acreditava que seria, Sun a nomeia Ji
Yeon, como ele queria, e recebe a visita de um amigo: Hurley. Sun e Hurley
apresentam, talvez, a melhor relação entre os que saíram da ilha, pelo menos
até o momento, e é muito emocionante vê-lo segurar a Ji Yeon, e vê-lo
acompanhar Sun até o cemitério para “visitar o Jin”, em uma cena aterradora na
qual Sun conversa com uma lápide como se estivesse conversando com o marido, e
termina dizendo que “sente muito a sua falta”, o que, particularmente, me
destruiu. Agora, a série instaura um novo mistério: será que teremos mesmo que
suportar a dor da morte de Jin ou será que ele apenas ficou para trás, na ilha?
Em paralelo,
o episódio também acompanha um pouco de Sayid e Desmond no cargueiro, com
algumas informações importantes… há todo um mistério crescente naquela parte da
trama, conhecemos finalmente o capitão no qual supostamente “não devemos
confiar”, embora ele traga algumas informações interessantes sobre o
descobrimento forjado do Oceanic 815 no fundo do oceano, mas o mais
interessante e, talvez, preocupante fica para um retorno surpreendente:
Michael. Aparentemente, depois de fazer negócio com Ben Linus e conseguir
escapar da ilha, Michael não teve muito tempo de paz e foi recrutado para um
trabalho – por que outro motivo ele estaria em um cargueiro de Charles Widmore,
rumo à ilha da qual ele queria tanto escapar? E com um nome falso? É justamente
o que Desmond e Sayid querem saber…
E que
exploraremos no próximo episódio…
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