The Sandman – Dream of a Thousand Cats / Calliope
Terra dos Sonhos.
QUE EPISÓDIO
INTERESSANTE! Aparecendo sem muito aviso, duas semanas depois da estreia dos outros
10 episódios da primeira temporada de “The
Sandman”, um episódio extra foi
lançado adaptando dois contos de “Terra
dos Sonhos”, o terceiro volume da HQ de Neil Gaiman, que conta com
histórias “independentes”, mas que estão dentro do universo de “The Sandman”, contam com a participação
de Morpheus e que podem introduzir temas eventualmente importantes dentro dessa
grande narrativa… o primeiro conto escolhido foi “Um Sonho de Mil Gatos”, uma das HQs mais fascinantes da publicação, a meu ver, adaptada aqui em uma animação
belíssima e que poderia ter durado uns minutos a mais; o segundo conto foi “Calíope”, escolhido para reforçar um
pouco a ideia de que, mesmo que aos poucos, talvez Morpheus esteja mudando.
Mas esperem “Estação das Brumas” e toda a história
com Nada!
“Dream of a Thousand Cats”,
aguardadíssimo e fascinante, durou aproximadamente 16 minutos do episódio
apenas, mas é, como todo o restante da temporada, uma adaptação competente
desse conto interessantíssimo no qual gatos se reúnem para conversar a respeito
de um mundo com o qual eles sonham… o episódio tem aquilo que sempre me
encantou em “The Sandman”, que é a
faceta poética e melancólica da narrativa de Neil Gaiman, assim como a força e
o mistério do poder dos sonhos. Eu
adoro o conceito de como um sonho forte o suficiente e sonhado por muitos ao mesmo tempo pode MUDAR O
MUNDO. Na trama de “Dream of a Thousand
Cats”, os gatos já foram, um dia, senhores do mundo, gigantes e predadores
dos humanos, até que os humanos se uniram para sonhar juntos e mudar o mundo, do começo ao fim dos tempos…
Agora, sempre foi como é agora.
É um
conceito fascinante e apela à força da união, do acreditar e da esperança… continuo encantado por essa
história exatamente como fiquei quando a li nas páginas da HQ pela primeira
vez! Amo a força da gata que sonhou com o Mestre dos Gatos, sua representação
de Morpheus, e que agora viaja pelo mundo espalhando a notícia – na esperança
de que mil gatos possam sonhar juntos e mudar o mundo mais uma vez. Essa parte
do episódio também se destaca pela beleza da sua animação (uma escolha perfeita
para adaptar essa história!), que é de encher os olhos, e pela dublagem, que
conta com grandes nomes como David Tennant e o próprio Neil Gaiman. Acredito
que o episódio poderia ter alguns minutos
a mais e ter sido lançado de forma
separada, com a temporada contando, assim, com dois episódios extras vindos de “Terra
dos Sonhos”.
“Calliope”, por sua vez, é uma
adaptação mais longa, que precisa construir sua narrativa aos poucos por ter vários atos. Conhecemos Richard Madoc,
um escritor que dá aulas de escrita criativa, mas secretamente não consegue escrever há meses… ele
escreveu um romance de muito sucesso, e agora os fãs estão esperando por um
novo livro, os editores o pressionam, e ele não consegue escrever nem uma única palavra. Então, ele apela.
Ele procura um antigo escritor que já fez muito sucesso no seu próprio tempo (e
que agora foi esquecido) e que
promete ter “algo que vai ajudá-lo”. Erasmus Fry, o escritor, lhe mostra,
então, que ele tem aprisionado em sua casa Calíope, uma das nove musas, e então ele “a dá de
presente” a Richard… “Calliope” é um
conto deprimente e angustiante que nos causa choque e revolta, mas extremamente
bem narrado.
Vemos a
“ascensão” de Richard Madoc, sem que ele de fato tenha nenhuma ideia por si só – tudo vem de Calíope, mas ele está
bem com isso… Calíope, por sua vez, implora para que ele a liberte, pede a
ajuda de suas mães e, eventualmente, se conforma em pedir a ajuda de Morpheus,
porque os Perpétuos são os únicos que “continuam aí”. O episódio fala sobre um
relacionamento que Calíope e o Senhor dos Sonhos tiveram no passado (um
relacionamento que gerou um filho, Orpheus), e não sabemos bem qual a história
completa e como ela terminou, apesar de sabermos que as coisas não acabaram bem
e que Calíope disse que nunca mais
falaria com ele… ele é sua única esperança, no entanto, e quando ela
percebe, por uma matéria de jornal, que ele deve ter conseguido escapar de sua
própria prisão pelos humanos, ela acaba o chamando.
Gosto muito
do mistério da dinâmica entre Calíope e Morpheus e, independente de tudo o que
tenha acontecido no passado, ficamos felizes em ver o Senhor dos Sonhos fazendo
o correto naquele momento e ajudando Calíope a escapar – ele não pode libertá-la, mas ele pode persuadir
Richard a soltá-la, e preciso dizer que é catártico
ver a maneira como ele “se vinga” daquele que manteve Calíope presa durante
tanto tempo… ver o surto de Richard tendo ideias que surgem mais rápido do que ele consegue anotar e
escrever, e ver como, eventualmente, isso de fato faz com que ele decida
libertar Calíope. Calíope ainda é incrivelmente SUPERIOR, porque ela decide
perdoar Richard – não o que ele fez, e tampouco faz isso por ele, mas por ela
mesma… ainda assim, é grandioso que ela o perdoe, porque eu não sei se
conseguiria. O perdão de Morpheus, no
entanto, parece outra vingança.
A despedida
funciona muito bem – Calíope e o Senhor dos Sonhos se separam nesse momento,
mas é evidente que essa história não terminou… ela comenta sobre como “ele
mudou”, ele fala sobre as coisas que aprendeu recentemente, e ela promete
talvez visitá-lo no Sonhar um dia, e quem sabe “eles possam então falar sobre o
filho deles, Orpheus”. MAL POSSO ESPERAR PARA VER MAIS DESSA HISTÓRIA! “Calliope” é extremamente importante
para “The Sandman” como um todo, e a
série a adaptou com perfeição… agora, no entanto, ficamos esperando pela
história do Senhor dos Sonhos, Kai’ckul, e Nada, depois do breve encontro deles
no Inferno durante o primeiro arco ainda. A série escolheu não adaptar a edição sobre eles no início de “Casa de Bonecas”, mas acho que, criativamente, faz todo sentido:
vai ser bom contar essa história no início da segunda temporada, introduzindo “Estação das Brumas”.
Vai ser
incrível!
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