Enola Holmes 2 (2022)
Futuro promissor para a franquia!
Para
confirmar o que já sabíamos desde a estreia de “Enola Holmes”, em 2020, a sequência do filme original mostra que a
Netflix de fato acertou na construção
dessa nova franquia, que tem um roteiro inteligente, uma direção astuta, elenco
talentoso e muito carisma – certamente, a receita para um futuro promissor e de
sucesso (eu mal posso esperar por mais filmes nesse universo!). Protagonizado
por Millie Bobby Brown e Henry Cavill, nos papeis dos Irmãos Holmes, e com
direção de Harry Bradbeer, “Enola Holmes
2” traz a personagem-título tentando abrir seu próprio escritório como
detetive particular, depois de ter feito sua “estreia” na profissão no filme
anterior… mas ela ainda não é levada tão a sério porque é muito jovem, é uma
garota, e é difícil se desvencilhar da imagem do irmão, o célebre detetive da
Baker Street, 221B: Sherlock Holmes.
Como eu
provavelmente já comentei na minha review
do primeiro filme, eu adoro o universo
no qual o filme se passa, porque sempre fui muito fã das histórias de Sherlock
Holmes, por Sir Arthur Conan Doyle – e “Enola
Holmes” tem uma linguagem curiosa e inteligente que mescla o tom clássico
devidamente ambientado no Século XIX com um tom mais moderno que é extremamente
convidativo para audiências mais jovens… a ideia de uma irmã mais nova para
Sherlock e Mycroft Holmes surgiu em uma série de livros iniciada em 2007 por
Nancy Springer, “The Enola Holmes
Mysteries”, que eu não cheguei a ler, mas noto que os filmes se saem muito
bem entregando o protagonismo a Enola, contando histórias revolucionárias, mas sem deixar de lado elementos importantes do
universo criado por Sir Arthur Conan Doyle – “Enola Holmes 2” traz Watson e Moriarty, por exemplo.
Sempre achei
as histórias de investigação fascinantes
– não é à toa que “Sherlock”, a série
de BBC protagonizada por Benedict Cumberbatch é uma das minhas séries favoritas
no mundo. “Enola Holmes” brinca com o
gênero enchendo o seu roteiro de enigmas a serem resolvidos, pistas a serem
seguidas, explicações rápidas e inteligentes que acompanham o raciocínio rápido
da personagem enquanto peças são colocadas juntas… “Enola Holmes” nos remete às histórias clássicas de detetives, mas
com sua própria identidade, além da linguagem jovem, acessível e convidativa…
além disso, Millie Bobby Brown tem um carisma inegável que sustenta a maior
parte do filme e, particularmente, eu adoro a ideia recorrente de quebra da
quarta parede, porque assemelha a narrativa a um livro narrado em primeiro
pessoa, onde nos tornamos parte da
história.
É incrível!
Quando está
fechando o seu novo escritório, pela falta de casos, Enola Holmes recebe a
visita da pequena Bessie, uma garota preocupada com o desaparecimento da irmã,
Sarah Chapman – e finalmente parece algo interessante no que Enola pode se
concentrar… assim, acompanhamos a investigação de Enola Holmes, em todos seus
altos e baixos, enquanto ela colhe evidências, nota coisas que ainda não fazem
sentido completo e levanta hipóteses que ela precisa investigar mais a fundo e
testar. As coisas escalam depressa, Enola acaba sendo acusada do assassinato de
uma garota da fábrica de fósforos, Mae, e precisa escapar de um investigador
claramente suspeito, Grail, e isso a leva, de certa maneira, para mais perto de
Sherlock, que também está trabalhando em um caso que está lhe dando relativo
trabalho… ele chegou a um ponto no qual não sabe como seguir.
Preciso
dizer que assistir a “Enola Holmes 2”
é uma experiência curiosa – o carisma e a direção ágil do filme fazem com que
eu acompanhe quase 100% do tempo com um sorriso no rosto, e passa tão depressa
que mal parece um filme com mais de duas horas de duração… também é um
equilíbrio inteligente entre o que é investigação de Enola, o que é
investigação de Sherlock, ainda que em segundo plano, e adoro a maneira como o
filme consegue colocar o romance de Enola com o Lorde Tewkesbury em uma posição
de destaque, mas sem fazer com que o filme seja sobre isso… Enola e Tewkesbury entregam momentos maravilhosos,
tanto na cena do parque (ela perguntando se ele está olhando para trás!),
quanto na cena em que ele a ensina a dançar no banheiro de um baile ou quando
eles “se declaram” no meio de uma descoberta importante.
Absolutamente
fofos!
Por causa
das acusações de homicídio (e muito mais, é claro, porque pessoas poderosas
percebem que Enola está próxima de informações que vão colocar seus negócios em
perigo), Enola Holmes chega a ser presa durante um baile (uma situação
humilhante, coitada), mas ela não passa muito tempo presa, porque tem a ajuda
de Eudoria e Edith para tirá-la da prisão poucos minutos de filme depois – E
QUE SEQUÊNCIA MARAVILHOSA É AQUELA! Sem contar que ver Helena Bonham Carter
explodindo uma prisão me faz pensar muito em “Ordem da Fênix” (embora, é claro, tenha sido a Edith e não a
Eudoria a explodir o muro da prisão, mas ainda assim, impossível não pensar!).
Amo a parceria dessas três, amo toda a sequência de fuga pela floresta, amo o
momento em que elas lutam juntas contra Grail e todos os homens que ele
trouxera.
Maravilhosas!
Aos poucos,
vamos percebendo que o caso que Enola Holmes está investigando, em busca do que
aconteceu com Sarah Chapman, e o caso que Sherlock Holmes está investigando,
sobre corrupção em algumas empresas e desvio de dinheiro, estão conectados – e são duas partes de um
mesmo plano muito maior. Enola se depara com uma realidade assustadora na qual
garotas de uma fábrica de fósforo estão morrendo por causa da substituição de
materiais e da produção de fósforos
brancos, que são muito mais perigosos… Sarah Chapman, a irmã de Bessie,
descobriu a causa da morte das garotas e estava investigando e reunindo provas
para poder fazer uma denúncia, e por isso ela precisou “desaparecer”. Agora,
talvez, eles tenham a chance de fazer
alguma coisa, já que chamaram a atenção de alguém com notoriedade, como o
Lorde Tewkesbury.
Ambos os
casos, que se tornam um, são resolvidos até o fim do filme – mas enquanto o
caso de Enola Holmes chega a uma conclusão formal, o caso de Sherlock é a
introdução para um inimigo mais trabalhoso que ainda veremos em possíveis
sequências de “Enola Holmes”. Como fã
das histórias originais de Sherlock Holmes, eu fiquei muito empolgado com o momento em que o nome
“Moriarty” aparece em tela pela primeira vez, e eu adorei como “Enola Holmes 2” transforma Moriarty em
um anagrama e nos apresenta a Mira Troy, interpretada por Sharon
Duncan-Brewster, e é excelente a ideia de dar também esse papel a uma mulher,
já que “Enola Holmes” é muito sobre
esse protagonismo feminino, com personagens como a própria Enola, a Eudoria e a
Edith. A revelação me fez pensar um pouco em “Doctor Who” e na revelação da identidade de Missy.
Eu também
adoro o fato da história de “Enola Holmes
2” ter um pano de fundo histórico real, nos trazendo informações sobre uma
greve realizada pelas trabalhadoras de fábricas de fósforo em 1888 – e o fato
de essa parte da história ter um fundo de realidade explica a conclusão não-milagrosa de “Enola Holmes 2”, quando as provas contra a fábrica de fósforo são
queimadas. Foi um movimento importante e marcante da história da Inglaterra no
Século XIX, durante a Revolução Industrial (pensei em como “Billy Elliot” também traz esse pano de fundo histórico com a greve
dos mineradores), de mulheres que estavam morrendo porque os donos das
fábricas, sabendo de todos os riscos que traziam à saúde, escolhiam produzir
fósforos brancos, que eram muito mais baratos do que os típicos fósforos
vermelhos. É chocante, mas, infelizmente, não surpreendente.
É o capital, né? Marx falava sobre isso.
“Enola Holmes 2” é mais um excelente
filme e deve consolidar “Enola Holmes”
como uma franquia, porque não consigo imaginar que não haverá pelo menos mais um filme protagonizado
pela personagem – atualmente com 93% de aprovação da crítica no Rotten
Tomatoes, a sequência do filme de 2020 é tão empolgante e convidativo quanto o
primeiro, e prova que existe uma maneira de contar histórias em um cenário
charmoso do Século XIX, mas trazendo todos seus problemas, sem deixar de ser
atual e moderno… sinto que, como toda boa sequência deve ser, “Enola Holmes 2” conseguiu expandir o
universo do primeiro filme, e a perspectiva para o futuro é promissora: quero
ver como será a interação do Sherlock de Henry Cavill com o Dr. Watson, quero
ver como Mira Troy será desenvolvida como antagonista, e quero ver o
amadurecimento de Enola Holmes como detetive, agora que se consolidou como uma.
Já quero
mais!
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