Morte Morte Morte (Bodies Bodies Bodies, 2022)

Sempre acaba em briga.

Com direção de Halina Reijn, “Morte Morte Morte” traz a premissa interessantemente baseada em uma brincadeira infantil que sai de controle quando um grupo de amigos ricos e cheios de problemas se reúne para um fim de semana de música, festa e droga em uma casa… atualmente com 85% de aprovação da crítica e 69% de aprovação do público no Rotten Tomatoes, eu talvez esperasse mais do filme – ele não entra para a minha lista de “melhores filmes” do ano, nem mesmo do seu gênero, mas é um filme competente dentro de sua proposta, com personagens interessantes e que nos fazem comprar a história da “brincadeira”, e uma conclusão surpreendente que é o ponto alto do filme e realmente nos faz soltar uma exclamação satisfeita, porque é uma sacada genial.

“Morte Morte Morte” começa nos apresentando os personagens e as intrigas que existem dentro do grupo, mas o filme começa de fato quando algum deles propõe uma brincadeira comum, mas que, como eles mesmos sabem, sempre acaba em briga. Quando as luzes se apagam, o assassino sorteado deve “matar” alguém tocando nas costas dessa pessoa, e essa pessoa deve se jogar e se fingir de morta, até que alguém encontre o seu “corpo” e grite “Morte morte morte”; então, as luzes se acendem e o grupo precisa descobrir quem é o assassino. Não é uma brincadeira tipicamente brasileira, pelo menos não dessa maneira, e me parece mais um grande jogo de acusações com pouca fundamentação, então eu consigo entender por que ela costuma terminar em briga…

E, dessa vez, não é diferente.

Durante a segunda rodada, no entanto, depois de as coisas já terem dado bem errado na primeira, a tempestade do lado de fora acaba com a energia dentro da casa, e quando todos se separam por algum motivo, David aparece morto do lado de fora… e eles começam a se perguntar quem poderia ter sido o assassino. Naquele momento, o jogo “se torna real”, e dedos são apontados com facilidade, desconfianças vindo à tona, acusações sendo feitas sem muito embasamento, e o grupo de garotas se volta contra Greg, o “mais estranho” do grupo, sobre o qual nenhum deles sabe muito, e isso rende uma sequência alarmante na qual o cara é totalmente descredibilizado e ele acaba sendo assassinado, supostamente “em legítima defesa”, como elas dizem.

Pouco depois, outro corpo aparece… Greg era mesmo inocente.

O filme vai dando dicas de sua conclusão o tempo todo, na verdade, porque o banho de sangue que toma conta da casa não é, realmente, muito misterioso – a não ser pela morte de David, que apareceu do lado de fora com o pescoço cortado, e de Emma, que aparece no pé da escada, de onde provavelmente alguém a empurrou. Todas as demais mortes acontecem por causa das brigas e acusações que surgem entre os próprios personagens, como o Greg, que é morto porque é o primeiro acusado de ser o assassino, ou as duas outras mortes que se seguem: Alice, que é morta enquanto as garotas estão brigando pela posse de uma arma que surgiu na casa, e Jordan, que é arremessada do segundo andar da casa também durante uma briga intensa entre elas.

“Morte Morte Morte” é particularmente inteligente e interessante, então, justamente por “brincar” com o tema do assassino que mata um grupo de amigos e a temática recorrente do “quem matou”, mas revelar, como Bee e Sophie descobrem afinal, que nunca houve um assassino a não ser eles mesmos… David se matou acidentalmente ao tentar gravar um vídeo com um facão, e o medo e as desconfianças que já existiam dentro do grupo desencadearam uma série de acusações que, por sua vez, despertou o instinto mais selvagem de cada um deles, tornando eles mesmos os assassinos uns dos outros, enquanto apontavam dedos – eles disseram mesmo que esse jogo “sempre acabava em briga”. É perverso, inusitado e inovador para o gênero, gostei!

 

Para reviews de outros FILMES, clique aqui.

 

Comentários