The Last of Us 1x04 – Please Hold on to My Hand

As piadas de Ellie.

A melhor coisa de “The Last of Us”, para mim, é a maneira como a relação de Joel e Ellie é construída de maneira natural, convincente e bonita – “Please Hold on to My Hand”, o quarto episódio da série, é um episódio importantíssimo para construir mais do que o senso de proteção mútuo (que fica mais evidente do que nunca), mas também a certeza de que eles estão aprendendo a confiar um no outro… até mais do que isso: eles estão aprendendo a se importar um com o outro. Mais um excelente episódio de “The Last of Us”, que começa pouco depois de Ellie e Joel terem deixado para trás a casa de Billy e Frank, agora com um carro (!), e ganhamos aquela cena divertida da Ellie olhando para a revista sensual de homens que ela encontra no carro.

“Por que as páginas grudam?”

Ellie é incrível – e também ganhou um desenvolvimento de personagem interessante, porque eu achei muito fácil de achá-la chata no início da série. Sem se apressar, no entanto, o roteiro a tornou carismática sem que ela mudasse seu jeito de ser: ela é falante, adora provocar, pode ser um pouco difícil de se conviver às vezes, mas nós nos afeiçoamos a ela… talvez estejamos no lugar de Joel, construindo essa relação e esse sentimento conforme os episódios avançam. Todas as cenas que os dois compartilham no carro funcionam muito bem, seja ouvindo música e comentando sobre nostalgia, ou tentando entender um mapa e aprendendo nomes de cidade… destaque, é claro, para o livro de piadas que Ellie encontra e com o qual se diverte horrores.

A jornada de Ellie e Joel segue em frente com o propósito original de Joel: encontrar o irmão supostamente desaparecido. Toda a trama de levar Ellie em segurança acabou não resultando exatamente no que Joel queria, mas, de um jeito ou de outro, ele conseguiu um carro com o qual pode buscar o irmão, enfim… e eu adoro o fato de Ellie fazer perguntas que fazem com que Joel fale sobre Tommy, porque isso tem muito a ver com a curiosidade infinita de Ellie, sim, mas ela também quer saber, no fim das contas; e acredito que faça bem a Joel falar um pouco. Ele está aprendendo a se abrir, depois de ter se fechado para os outros durante tanto tempo. E agora, com a morte de Tess, podia ser o momento em que ele se fecharia definitivamente, e Ellie não permite.

Naturalmente, nem tudo são flores e bons momentos… eventualmente, Joel e Ellie acabam encontrando desafios no caminho, e acabam com a passagem trancada e tendo que passar por uma cidade habitada enquanto tentam retornar e pegar a estrada novamente para tentar outro caminho – e, ali, eles são emboscados. Ganhamos mais uma boa sequência de ação de carro, e todo um suspense bem construído que, dessa vez, não tem relação direta com os infectados, mas com humanos atirando e tentando se proteger. Joel manda Ellie se esconder passando por um buraco na parede e faz de tudo para protegê-la – inusitadamente, no entanto, quem acaba o protegendo é a Ellie, usando a arma que pegara escondida na casa de Frank e Billy no episódio anterior.

Esse é, certamente, um dos momentos mais importantes desse episódio – e, quiçá, de “The Last of Us” como um todo até aqui. Ellie pode se fazer de durona e tudo o mais, mas ela se importa com Joel e quer sua companhia para não ficar sozinha nesse mundo que pouco conhece, e ela faz o que é necessário fazer para mantê-lo em segurança, assim como ele já demonstrou que faria por ela… embora não fale sobre isso. E falando em “não falar”, Ellie também quer fingir que “está bem” depois de ter atirado em um rapaz, mas ela não está, na verdade, e Joel tenta se aproximar dela, falando sobre como ela não deveria passar por isso na idade dela, e dizendo que “sente muito”. Nessa relação ainda distante deles, essa é uma cena cujas intenções vão muito além das palavras.

Ambos entenderam que se importam.

Então, Joel e Ellie continuam fugindo, se escondendo e tentando manter-se em segurança até encontrar uma maneira de fugir dali – com Joel prometendo que “eles vão dar um jeito”. Eles terminam subindo 33 andares de escada e jogando pedaços de vidro da porta até os colchões, para tentar dormir com algum nível de segurança… e, aqui, ganhamos a melhor cena de todo o episódio, quando eles se deitam para dormir e Ellie chama Joel com uma pergunta idiota do livro de piadas que estava lendo, e ela consegue fazê-lo rir. O fato de ele não conseguir segurar e acabar rindo, e os dois rindo juntos antes de dormir… ali, eles compartilham um momento tão sincero e tão marcante. Quando eles acordam, no entanto, eles “estão com visitas”. E uma nova trama se inicia!

 

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