The Last of Us 1x06 – Kin

A relação de Ellie e Joel.

Esse é um dos meus episódios favoritos de “The Last of Us” – embora todos os episódios tenham sido incríveis até aqui! “Kin” não contém uma história fechada, parecida com o que vimos no terceiro e no quinto episódio, que foram episódios intensos, complexos e fizeram com que nos importássemos com e sofrêssemos por personagens que tínhamos acabado de conhecer. Foram obras de arte incontestáveis e impactantes; “Kin”, embora explore outros personagens como o Tommy e a Maria, é primordialmente um episódio de desenvolvimento de personagem para Joel e Ellie… e é essencial. Três meses se passaram desde os acontecimentos do último episódio (as mortes de Sam e Henry), e ganhamos um episódio bastante sentimental enquanto Joel e Ellie continuam a jornada sozinhos.

“The Last of Us” conseguiu, ao longo desses seis episódios, construir a relação de Joel e Ellie de maneira natural e convincente. Com o começo turbulento de um cara solitário que perdera a filha e não queria uma nova “responsabilidade” e de uma garota que nunca aprendeu a confiar em ninguém, Joel e Ellie aprenderam a confiar um no outro, mas, mais do que isso, a se importar um com o outro… e poucos foram os momentos leves que ganhamos da dupla, como quando ela conta uma piada que nem é tão engraçada, mas Joel acaba rindo, ainda antes da chegada de Henry e Sam, e naquele momento parecia que eles estavam mais próximos do que nunca… agora, três meses depois, os vemos caminhar por uma paisagem coberta de neve em busca de Tommy.

O episódio nos surpreende levando, de fato, Joel e Ellie até Tommy, depois de um momento apreensivo no qual um cão farejador analisa os dois. Eu não sei se eu estava esperando o reencontro de Joel e Tommy, e eu confesso que “The Last of Us” me deixou desconfiado, então passei o tempo todo esperando alguma coisa dar errado… mas, na verdade, Tommy tinha encontrado um santuário no qual as coisas funcionavam melhor do que em qualquer outro lugar no mundo (eles têm uma sociedade funcional, cinema, árvores de Natal!), tinha encontrado uma mulher que amava e estava prestes a ser pai… e para continuar poder vivendo lá, ele só precisava seguir as regras, que envolviam não falar sobre eles para ninguém de fora: porque o lugar precisava ser protegido.

A sequência na cidade de Tommy (que tem uma organização justa e funcional, que Joel identifica como comunismo) é um sopro de alívio. Joel e Ellie passaram meses viajando em razoável segurança, sem encontrar infectados, já que eles não vão para aquelas bandas, mas estar em um lugar que vagamente se assemelha a como o mundo era antes disso tudo começar é um alívio necessário. E o sentimento de segurança faz com que algumas vulnerabilidades venham à tona. Por um momento, eu queria que Ellie e Joel se acomodassem ali na casa que foi oferecida a eles, que eles vivessem uma vida tranquila como pai e filha, e nunca mais precisassem se colocar em perigo, mas, ao mesmo tempo, Joel sabe que não pode negligenciar sua missão: Ellie é imune.

Ela pode ser a resposta que buscam há anos.

Três cenas são particularmente marcantes em toda a sequência da cidade. A primeira delas quando Maria está cortando o cabelo de Ellie e tenta conversar com ela a respeito de Joel, e tenta alertá-la sobre como ele é perigoso e matou pessoas, mas Ellie o defende com convicção, e descobre sobre a filha que ele perdeu – o que, como ela mesma diz, “explica muita coisa sobre ele”. A segunda delas quando Joel conversa com Tommy e conta tudo para ele: diz que Ellie é imune à doença e que, por isso, precisa ser escoltada até algum lugar, mas ele teme que não possa fazer isso por causa de vezes em que a vida dela esteve em risco e ele ficou paralisado, e ele não quer que nada aconteça a ela; é inesperado e emocionante ver o Joel tão vulnerável ao falar sobre Ellie e o mente que sente por ela.

O quanto ele se importa com ela. O quanto a ama e quer seu bem.

A terceira cena, então, vem logo em seguida, quando Joel vai conversar com Ellie, que ouviu parte de sua conversa com Tommy, quando Joel pedia que ele cuidasse de Ellie e a levasse pelo resto do caminho. É um momento particularmente doloroso, porque eu entendo que o Joel não esteja fazendo aquilo por não se importar, mas justamente por se importar demais: ele acha que Ellie estará mais segura com o seu irmão. Para Ellie, no entanto, parece que ele a está abandonando, e o momento em que ela diz isso, dizendo que “todas as pessoas com quem já se importou ou morreram ou a abandonaram, menos ele”, meu coração se partiu. Ela até tenta dizer que “não é a Sarah” (impactante a interação dos dois ao falar sobre a Sarah!), mas não funciona.

Ou sim. A partida é marcada para a manhã seguinte, mas Joel não tem coragem de deixar que Ellie vá sem ele – E FOI TÃO BONITO, TÃO BOM E TÃO EMOCIONANTE VÊ-LO LÁ NO ESTÁBULO, “ROUBANDO” UM CAVALO PARA IR COM ELA. Tudo na cena, mesmo que pequenos momentos, funciona perfeitamente e estabelece uma sinceridade na relação deles, algo que foi se construindo ao longo de toda a temporada e especialmente nesse episódio. Podemos ver o alívio de Ellie ao ver Joel ali, e podemos inusitadamente perceber o carinho que existe quando ele diz que “ela tem uma escolha” e ela não pensa nem por um segundo e simplesmente joga a mochila para ele, para que eles possam sair dali de uma vez. E eles partem, sem saber se voltarão um dia.

As cenas finais são uma montanha-russa de emoções. Parece que, depois de todos os acontecimentos recentes e de ambos terem se permitido expressar seus sentimentos sem máscaras e muros, a relação de ambos se tornou mais livre e mais sincera, e é tão bom ver que ambos estão com expressões mais leves – eles até sorriem! Se tornaram cúmplices, pessoas que confiam, admiram e se importam uma com a outra… eles construíram uma relação de pai e filha, e isso é emocionante. E então o episódio vem com um golpe angustiante. Justo quando as coisas parecem “melhores do que nunca”, eles são atacados por saqueadores que ferem Joel antes de eles conseguirem escapar… e aquele momento em que Joel cai desacordado do cavalo, com Ellie chamando seu nome e pedindo que ele acorde…

Nossa. Poderoso e tristíssimo. Ellie não merece esse sofrimento.

 

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