A Boss and a Babe – Episode 2

Proximidade.

Segundo episódio de “A Boss and a Babe” e eu ainda estou tentando formular uma opinião concreta a respeito da série, mas embora ela não me pareça nenhum grande marco do gênero, há certo charme em sua despretensão, e a capacidade de tratar com leveza, mas clareza, alguns temas importantes através da representação cotidiana (e quase sitcomnesca) de um escritório em uma empresa de jogos. E, é claro, existe todo o carisma que Force e Book emprestam aos seus personagens, tornando prazeroso assistir a qualquer interação entre Gun e Cher, que pode ser fofa, emocionante e até romântica, mesmo que ainda estejamos no segundo episódio – nesse sentido, confesso que a cena final me pegou um pouco desprevenido, mas estou absolutamente feliz!

Algum tempo se passou desde que Cher foi contratado como estagiário para trabalhar na empresa de Gun, e a relação deles se estabelece através de conversas no telefone, nas quais “a voz de Cher ajuda Gun a dormir”, e pequenas interferências e sugestões que Cher faz tão sabiamente, com aquele sorriso bonito e aquela energia boa, e Gun não consegue ignorar. De um café complicado, cheio de especificidades, Gun resolveu abrir mão do “controle” e passou a deixar que Cher escolhesse um novo café por dia para ele, e tem gostado do que tem recebido. Gosto de como a relação deles se constrói através de uma proximidade constante, e de como eles se sentem à vontade um com o outro, o que é essencial na construção de algo verdadeiro e saudável.

Também adoro como Cher lida com o preconceito de duas funcionárias bastante problemáticas do escritório – e, consequentemente, como “A Boss and a Babe” pincela a respeito de um problema muito pertinente. As duas, que já fizeram sua primeira aparição na estreia, têm mais comentários maldosos e cheios de julgamento e sarcasmo para fazer, destilando ódio, preconceito e homofobia, com direito a uma cutucada sagaz e cheia de ironia ao fato de que “elas assistem BLs e acham fofo”, mas Cher é muito seguro e sensato, e dá sempre as melhores respostas… gosto muito de como ele não se deixa abalar pelos comentários daquelas duas, mas é profundamente doloroso o fato de que o Gun não é exatamente como ele, e isso, sim, o atinge…

Mesmo que ele tente fingir que não.

Cher tem uma cena lindíssima no escritório de Gun, no qual lhe assegura de que “considera justa toda forma de amor” (tudo bem, ele não disse nessas palavras, mas foi isso o que ele quis dizer, e eu quis citar Lulu Santos), e percebemos toda a insegurança de Gun e toda a tristeza estampada nos seus olhos e em sua postura, resultados de um passado que desconhecemos, mas que parece marcado por várias expressões de preconceito, como a que acabamos de presenciar… podemos ver, então, os reflexos e as marcas deixadas pela LGBTQIA+fobia. Enquanto Gun diz que teme que esse tipo de comentário faça com que “Cher se sinta enojado dele” ou qualquer coisa assim, Cher resolve calá-lo com um abraço sincero e um momento bonito entre eles.

Portanto, as interações são bem construídas, e significativas – e certamente ainda poderemos explorar mais do passado de Gun, que, aparentemente, está relacionado a Thyme, um antigo amigo (ou ex-namorado, como o episódio parece sugerir, mas ainda não confirmar) com quem Gun fundou aquela empresa de jogos, mas que saiu da empresa depois de uma briga entre eles… Thyme reaparece na vida de Gun agora, quando a sua nova empresa de jogos anuncia o lançamento do mesmo jogo que eles estão desenvolvendo, inclusive com o mesmo nome, mas Gun não quer fazer nada a respeito disso: o jogo começou a ser desenvolvido quando Thyme ainda estava na empresa e, portanto, ele tem direito sobre ele também. Agora, ele tem que pensar em sua estratégia futura.

Mas isso o afeta profundamente.

E Cher, é claro, é a coisa mais fofa do mundo. Além de ser o único que se dispõe a falar com Gun quando ele parece triste, quiçá bravo e irredutível, ele tem a capacidade de fazê-lo repensar as suas decisões, e ainda o convida para um jantar com os seus amigos naquela noite, o que acaba gerando uma das cenas mais fofas do episódio, porque Gun é uma pessoa solitária que Cher não costuma ver sorrir, mas pela primeira vez em muito tempo, Gun se sente bem quando está no meio daquelas pessoas… e o fato de ele sorrir ao ver Three e Zo serem absolutamente fofos como namoradinhos apaixonados também é algo que aquece o nosso coração – porque ele está entrando em um mundo no qual ele não precisará ficar o tempo todo preocupado com os outros o discriminando por sua sexualidade.

É uma cena repleta de significado.

Os amigos de Cher, no entanto, estão preocupados com a proximidade de Cher com Gun… não por questões preconceituosas, de maneira alguma, mas porque sabem, de acordo com Jack, que Gun tem um passado sofrido, e eles temem que Cher esteja se aproximando dele “pelo motivo errado”, e eles querem proteger Gun. Cher, no entanto, não tem “nenhum plano” ao se aproximar de Gun… é apenas algo que aconteceu de maneira tão natural e que faz tão bem a ambos que ele não pensa em se afastar – tanto que, naquela noite, ele liga novamente para Gun para “ajudá-lo a dormir”, e eles conversam por videochamada em uma cena curta, mas importante, na qual Cher se compromete a continuar falando com ele todas as noites, “até Gun se cansar dele”.

Se é que isso pode acontecer.

Por fim, o episódio dá passos importantes quando Cher fica até mais tarde no escritório para esperar por um documento para uma colega de trabalho, e uma chuva forte cai na hora de ele ir embora – e, assim, ele aceita uma carona de Gun, que o leva até em casa. Na verdade, embora a energia seja diferente (e, de certa maneira, os papéis invertidos), a cena dentro do carro me fez pensar nas inúmeras cenas de carro que tivemos em “Enchanté”. Como a chuva é forte, Gun mora bastante longe, e o trânsito deve estar horrível naquela hora, Cher convida Gun para subir e esperar na sua casa, prometendo fazer um jantar para ele… e eu fico me perguntando se ele é realmente tão inocente assim, ou se há um quê de interesse consciente e consequente provocação ali.

Acredito mais na segunda hipótese.

As cenas de Cher e Gun na casa de Cher são LINDÍSSIMAS. Existe uma leveza gostosa quando Cher consegue fazer Gun sorrir com coisas simples, como durante o jantar, e muita sinceridade quando o assunto do início do episódio é novamente trazido à tona e Cher sugere que talvez “precise fazer alguma coisa além de um abraço para que Gun acredite nele”. Cher provocou, Gun jogou quase que inesperadamente, e então a audiência foi surpreendida com o primeiro beijo de Cher e Gun – NO SEGUNDO EPISÓDIO. Prendi a respiração enquanto Gun se aproximava de Cher e o beijava, e depois enquanto Gun dizia que “gostava de ganhar” e o beijava de volta, e enquanto eles se beijam carinhosamente, eles se aproximam e envolvem um ao outro com os braços, muito envolvidos naquele momento e naquele beijo.

Um beijo simples, mas bonito para o casal, que me deixou sorrindo feito bobo.

Estou feliz. E confiante.

 

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