Eternal Yesterday – Episode 3
“Na verdade, você é especial para mim”
Um dos
episódios de BL mais bonitos e mais intensos que eu já assisti na vida. Há
tanta força em “Eternal Yesterday” que é difícil de explicar o que sentimos – com
atuações impecáveis e um texto inspirado, esse terceiro episódio confere ainda
mais significado à relação de Koichi e Micchan antes do acidente e, de alguma maneira, tudo o que veio à tona
nesse episódio torna a morte de Koichi ainda
mais dolorosa… se é que é possível. Pensar em como eles não apenas se
conectaram, como já sabíamos, mas como eles descobriram juntos o amor, como
eles se permitiram sentir o que nunca tinham sentido, e como ambos sabiam disso
quando o acidente fatal aconteceu. Cada vez mais eu entendo o fato de Koichi
ter “ficado”: ele não podia deixar
Micchan.
No episódio
anterior, depois de Micchan temer por Koichi e a possibilidade de seu corpo
começar a apodrecer, ele o levou a uma médica que fez uma pergunta que o
incomodou profundamente: se ele não tinha
medo de Koichi – afinal de contas, ele é um corpo que, de certa maneira,
continua vivo. Incomodado com a pergunta, a narração de Micchan nos contou
sobre como ele só tinha sentido medo de
Koichi uma vez na vida… e, então, esse episódio retorna para esse dia, no
último verão antes do acidente, quando Koichi convidou Micchan para uma viagem
até a praia e as montanhas, para acamparem. E é incrível explorar o passado dos
personagens e perceber que há tanto sobre
a relação deles que, na verdade, nós ainda desconhecemos. E é bom saber que
nem tudo vem depois do acidente.
Há tanta
beleza e tanta VERDADE na condução desse terceiro episódio… Micchan transmite
tamanha emoção na narração que “Eternal
Yesterday” continua me tocando profundamente. Amo como o texto é cheio de
metáforas e como os sentimentos confusos de Micchan são palpáveis – é muito
fácil de entendê-lo e de se relacionar com ele e com o que ele sente.
Lindíssima a cena em que eles chegam à praia, com o céu nublado, e Koichi corre
desinibido para o mar, chamando por Micchan, e ele olha para ele à distância,
pensando a respeito de como ele é “um homem que gosta de homens”, como ele diz.
É algo tão poderoso e pelo qual
tantos de nós já passamos: aquela pessoa que pode não ser o seu grande e eterno
amor, mas é aquela pessoa que o faz se entender, que o faz se descobrir.
E, naquele momento, tudo faz sentido.
Micchan
estava apavorado com tudo finalmente
fazendo sentido para ele. Ele estava apavorado não por sentir o que sentia por
Koichi, mas por medo de que ele não fosse correspondido. Se Koichi descobrisse
sobre seus sentimentos e não sentisse o mesmo, Micchan não seria apenas
rejeitado, o que talvez ele pudesse superar… mas ele perderia o único amigo de verdade que já fizera na vida.
Assim, “Eternal Yesterday” traz
assuntos muito pertinentes com uma delicadeza tão admirável que meu amor por
esse BL só cresce a cada episódio. A empolgação de Koichi preparando o jantar e
falando sobre seus planos (aquele sorriso indescritível), enquanto Micchan
termina de armar a barraca sozinho, olhando para Koichi com todos os seus
sentimentos confusos estampados em sua expressão.
Naquela
noite, as coisas se intensificam quando a chuva parece arruinar os planos de Koichi
e os dois terminam dentro da barraca… há tanto sentimento movido por certa frustração naquela cena que a
intensidade transmitida é palpável. Micchan está frustrado com o fato de que
ele tem Koichi ao seu lado, muito próximo a ele, tanto que pode sentir o seu
cheiro, mas “não pode” fazer nada, porque o medo de perdê-lo é maior do que
tudo. Koichi, por sua vez, está frustrado não apenas com o fato de que choveu e
seus planos foram literalmente por água abaixo, mas porque Micchan parece tão
inescrutável que ele só pode concluir que, na verdade, ele não queria estar ali… e é tão surpreendente e tão chocante ver o doce Koichi de repente
explodir daquela maneira.
Quando
Koichi explode, questionando Micchan sua vontade de estar ao seu lado, aquela
lágrima que escorre pelo rosto de Micchan é dolorosa – e ele sai correndo
embaixo da chuva, porque precisa estar sozinho, porque precisa processar o que
aconteceu, precisa entender seu medo: aquele é o momento ao qual Micchan se
refere quando diz que “sentiu medo de Koichi”, mas o seu medo não é movido
pelos gritos inesperados de Koichi, mas pelo que ele sentiu naquele momento…
ali, enquanto Koichi dizia aquelas coisas, Micchan teve medo que Koichi o
odiasse, e esse é o maior medo que ele já sentira na vida. Que texto bonito!
Felizmente, sabemos que Koichi não odeia Micchan, que ele jamais poderia odiá-lo, então ele sai em busca do garoto que ama…
E, ali,
ganhamos uma das cenas mais lindas de “Eternal
Yesterday” até agora. O visual, o texto e a atuação impecáveis entregam uma
verdadeira obra-prima. Koichi pede desculpas, fala de seus próprios medos, e
Micchan, molhado de chuvas e de lágrimas, confessa a Koichi o quanto ele é
especial para ele… e o quanto ele queria vir nesse acampamento, e queria fazer
tudo o mais que Koichi sempre o convidou a fazer. É uma condução belíssima que
constrói um momento único para esses personagens, até que o diálogo seja
conduzido ao ponto em que eles se declaram mutuamente e se entendem,
finalmente, percebendo que um gosta do
outro – e, portanto, não há motivo para temer. Então, Koichi dá um passo
singelo em direção a Micchan, segura seus ombros e os dois se beijam.
Também sou apaixonado pela sequência depois do
beijo de Micchan e Koichi, quando eles param em silêncio por alguns segundos,
um do lado do outro, e quando eles se olham, eles começam a rir, porque é como
se o peso daqueles medos finalmente os deixasse – eles estão mais leves, mais
felizes e mais conectados do que nunca naquele momento, e nenhuma fala mais era
necessário. Tudo já estava dito e sentido. Toda essa história da viagem de
acampamento enriquece a relação dos dois, porque percebemos que Micchan e
Koichi estavam mais avançados do que
imaginamos previamente: eles já sabiam a respeito dos sentimentos mútuos,
eles já tinham se beijado, eles já tinham vivido um pouco desse amor. E, assim,
a “morte” de Koichi se torna ainda mais
dolorosa.
Como Micchan
poderia lidar com isso?
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