Lost 6x03 – What Kate Does

Reivindicado.

Eu amo “Lost”, eu acho bem interessante a ideia de acompanhar uma linha temporal alternativa e ficar sacando os pontos de congruência entre essa e a linha temporal original (como a Kate ajudando Claire com o Aaron e tudo o mais, por exemplo), mas ao mesmo tempo em que “Lost” tem ideias fenomenais, explora com maestria seus mistérios e tem muitos personagens interessantíssimos, ela tem também dois protagonistas muito chatos de se acompanhar: Kate e Jack. Acho uma escolha bem catastrófica trazer a Kate em destaque no primeiro flash sideway solo da temporada (embora entenda a sua importância para o retorno de Claire), e, em paralelo, ainda ganhamos o chato do Jack tendo algum tipo de destaque na ilha, e é bem difícil assistir às suas cenas.

Tirando isso…

Os flash sideways de “What Kate Does”, como o título do episódio sugere, nos leva de volta para o momento em que Kate fugiu do aeroporto e sequestrou o taxi em que Claire estava, e é assim que o caminho delas se cruza pela primeira vez… elas voltam a se encontrar pouco depois desse primeiro encontro abrupto e traumático, quando Kate se sente meio culpada ao ver a mala de Claire cheia de roupas de bebê e uma foto da moça grávida, e resolve voltar para o aeroporto, por mais perigoso que seja para ela, para devolver as coisas – e ela acaba “oferecendo uma carona” para onde Claire estava indo: a casa da família que ia adotar o seu bebê. Da maneira mais improvável possível, então, algum tipo de conexão acontece entre as duas enquanto “dividem aquele taxi”.

Claire chega a pedir que Kate entre com ela para falar com a família, portanto é Kate quem está presente quando ela descobre que a mulher não vai mais adotar o bebê porque foi abandonada pelo marido. Claire entra em trabalho de parto prematuramente, e Kate a leva para o hospital, onde Claire é atendida por ninguém menos do que “um tal” Dr. Ethan – adoro essas ironias perversas de “Lost”, e essa temporada pode brincar com esses elementos de maneira divertida! No fim, Claire escolhe não ter o filho agora (um diálogo perfeitamente irônico entre ela e Ethan), mas o chama de Aaron pela primeira vez quando se pergunta se ele está bem, e percebemos que, mesmo nessa realidade, ela não vai ter coragem de abandonar o bebê. Mas qual vai ser o papel de Kate nisso tudo?

Na ilha, continuamos lidando com o estranho despertar de Sayid depois da sua morte. Confuso e achando que foi Jack quem salvou a sua vida, Sayid não se lembra de nada que aconteceu depois do tiro, nem mesmo de uma “transição” para “o lado de lá”, e todo o plot da morte de Sayid fica crescentemente enigmática quando Dogen chama Sayid para “uma conversa” – uma sessão de tortura, um experimento, um diagnóstico… o que quer que seja aquilo. Por fim, Dogen parece dar um veredito: Sayid está infectado, e precisa ser morto, já que ele foi “reivindicado pelas Trevas” ou qualquer coisa assim. Ainda estamos por entender o que isso significa, mas essa trama pode trazer a resposta de uma pergunta que nos fazemos há muito tempo: o que aconteceu a Claire?

Aparentemente, o mesmo que vai acontecer com Sayid.

Kate, por sua vez, se responsabiliza pela missão de seguir Sawyer, quando ele resolve deixar o Templo, e trazê-lo de volta – já que, aparentemente, é ali que ele tem que estar. Acho um pouco chato o jeito como Kate está confiante de que pode convencer o Sawyer a fazer o que ela quer, mas esse episódio é importante justamente para lembrá-la de algo: Sawyer viveu os últimos três anos nessa ilha sem ela, e viveu coisas das quais ela não faz parte e nem imagina… Kate começa a perceber isso quando encontra Sawyer na casa que ele dividira com Juliet durante o tempo em que moraram na década de 1970 e trabalharam para a Iniciativa Dharma, e é só então que algo parece estalar dentro de Kate: talvez ela não tenha mais tanto controle sobre Sawyer quanto acreditava.

A cena de Sawyer e Kate no cais é uma cena fortíssima – e mostra um crescimento absurdo do personagem de Sawyer, especialmente se tentarmos nos lembrar de quem ele era quando “Lost” começou, cinco temporadas atrás. O seu sentimento por Juliet era sincero e verdadeiro, e é perfeitamente natural que ele esteja sofrendo com a sua morte… ainda mais quando ele se sente culpado por isso, já que ela pensara em deixar a ilha, há muito tempo, e ele a convenceu a ficar. Talvez eles pudessem estar em segurança numa hora dessas. Além disso, Sawyer confessa a Kate que ia pedir Juliet em casamento (!), mas agora ele joga o anel que daria de presente no rio… ver o Sawyer chorar em um momento tão sincero de vulnerabilidade é arrebatador.

Também vemos um pouquinho de Jin, que se voluntaria para ir com Kate atrás de Sawyer, porque “Jack não quer que ela vá sozinha”, mas Jin tem a sua própria missão: ele sabe do avião da Ajira que caiu na ilha, trazendo Kate e os demais de volta para lá, e ele sabe que Sun também estava a bordo desse avião… portanto, ele precisa encontrá-la. Isso é mais importante do que qualquer outra coisa, então os caminhos dele e de Kate acabam se separando no meio da mata, quando Kate encontra uma maneira de se livrar dos caras que foram enviados por Dogen para acompanhá-los desde o Templo. Quando os caras reencontram Jin e um deles está mais do que disposto a matá-lo, Jin é salvo por um tiro e uma pessoa que nos lembra muito Danielle Rousseau.

Mas, dessa vez, é Claire.

Interessante!

 

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