Lost 6x04 – The Substitute
“Are you
ready to go home?”
Não é um dos
meus episódios favoritos, confesso, mas “The
Substitute” traz uma das sequências mais interessantes dessa última
temporada, quando o Homem de Preto, agora usando a aparência de John Locke,
leva Sawyer para a caverna e oferece algumas explicações que acreditávamos que ele não daria de verdade…
aquela cena final realmente salva o
episódio que, no mais, não traz nada tão chamativo, no fim das contas. Ao menos
os flash sideways, que podem até não
ter sido os melhores flash sideways
possíveis, traz algumas referências e brincadeiras divertidas, e é gostoso
ir explorando aos poucos as mudanças causadas na linha temporal desde antes do
Oceanic 815 – afinal de contas, o grande ponto de virada aconteceu em 1977.
E o efeito borboleta fez o seu trabalho.
Assim, nos
deparamos com a primeira grande mudança na vida de John Locke: ele ainda está com Helen, e os dois estão
planejando o casamento. E talvez a relação dele com o pai não seja tão ruim
quanto originalmente, já que ela está pensando em convidá-lo para o casamento?
Mas, se esse for o caso, o que exatamente colocou John em uma cadeira de rodas?
Apesar de John estar com Helen e, portanto, ter uma vida automaticamente um
pouco melhor do que a que ele tinha na linha do tempo original, ele continua
sendo um homem amargurado com a sua condição, revoltado com pessoas que tentam
lhe dizer “o que ele não pode fazer”, e o seu motivo para a viagem à Austrália
segue sendo o mesmo – e, agora, também é o motivo pelo qual ele perde o
emprego.
Com o John
perdendo o emprego, começamos uma interessante galeria de participações,
enquanto vemos os caminhos dos personagens se cruzar, independente da ilha. Se
Locke encontrou Jack no aeroporto, porque ambos
perderam algo, mas ele não tem coragem de ligar e marcar aquela consulta
que Jack ofereceu, agora John Locke encontra o dono da empresa no estacionamento,
enquanto vai embora – e, como já sabíamos, o
dono da empresa é o Hurley. Ainda estamos loucos para explorar essa nova realidade do Hurley, que é muito mais positivo e
otimista nessa nova linha temporal, mas sua participação é breve, e ele apenas
se oferece para falar com o chefe de Locke ou, como Locke diz que não precisa,
para conseguir um novo emprego para ele.
Então,
Hurley direciona Locke para outro lugar do qual é dono, onde podem conseguir um
emprego para ele – e, depois de se cansar de responder a perguntas idiotas,
Locke pede para falar com a supervisora de sua entrevistadora, e então ele conversa com Rose. É bom ver a Rose,
mas é triste saber que, nessa linha temporal, ela continua tendo câncer e,
infelizmente, sem o milagre da ilha, ela está prestes a morrer… Rose é
incrível, sempre, então ela consegue, com muita delicadeza, mas transparência,
direcionar Locke para um trabalho adequado para ele, e vemos Locke assumir o
cargo de professor substituto em uma
escola, na qual o seu caminho se cruza com mais uma pessoa: Benjamin Linus, professor de história.
Adorei o Locke se apresentando como “o substituto”.
As piadinhas
irônicas de “Lost”.
Na ilha, não
retornamos ao Templo e, consequentemente, aos personagens que ficaram lá,
tampouco ao Jin, que acabou de reencontrar Claire na floresta. Acompanhamos o
Homem de Preto, o novo “John Locke”, e um pouquinho do grupo que deixa a
estátua carregando o corpo do verdadeiro John Locke, antes de rumarem para o
Templo, como Ilana quer que eles façam. Sun, no entanto, diz que eles precisam
enterrar Locke antes de seguir adiante (e ela aceita acompanhar Ilana porque
ela lhe diz que, se o Jin estiver na ilha e estiver vivo, é no Templo que ele
estará), e ganhamos uma sequência quase sarcástica, que Frank Lapidus define à
perfeição com apenas uma frase, quando diz que “é o funeral mais bizarro em que
já esteve”, depois do discurso de Ben.
“Locke”, por
sua vez, está explorando a ilha, provavelmente pensando em invadir o Templo,
mas ele tem uma pausa para fazer antes – uma espécie de recrutamento. Sawyer está sozinho, sem qualquer perspectiva e
vulnerável, então é fácil de ele seguir “Locke”, mesmo que ele mesmo perceba,
antes de Richard precisar contar para ele, que aquele não é o Locke de verdade (astuto!), quando “Locke” diz que pode
contar para ele o porquê de ele ter ido
para a ilha… grande parte do episódio se dedica, então, à caminhada e às
conversas enigmáticas de Sawyer e o Homem de Preto, tudo acompanhado de um
suspense interessante, porque tememos pela vida de Sawyer, especialmente quando
ele é colocado em perigo naquelas escadas penduradas, por exemplo.
Mas “Locke”
realmente oferece uma resposta – ou
parte de uma. A icônica sequência final de “The
Substitute” traz “Locke” levando Sawyer até uma caverna, onde alguns nomes,
inclusive o dele, estão escritos na parede e no teto, vários deles riscados.
Sobraram alguns, depois que o Homem de Preto risca o nome de “Locke”, sob o
número 4. Ainda restam: no número 8, Reyes (o Hurley); no número 15, Ford (o
próprio Sawyer); no número 16, Jarrah (o Sayid); no 23, Shephard (o Jack); e no
número 42, Kwon (Jin ou Sun). Por algum motivo, o nome de Kate não aparece dentre os candidatos, como
“Locke” explica: pessoas que Jacob
escolheu como seus possíveis substitutos, como protetor da ilha… e,
convenhamos: é enigmático e místico, mas
é esclarecedor.
Entendemos,
agora, o motivo de eles estarem na ilha, e o motivo de Jacob ter procurado cada
um deles fora dela em algum momento –
inclusive, enquanto o Homem de Preto está falando e vemos cada um dos nomes
escritos, revemos rapidamente, sem falas, os encontros que Jacob teve com cada candidato, e a maneira como, de um jeito
ou de outro, ele tocou em cada um deles, selando o seu destino a partir de
então… o próprio Sawyer não se lembra de jamais ter conhecido Jacob, mas
conheceu, quando era criança e Jacob emprestou para ele a caneta com a qual ele
escreveria aquela fatídica carta que definiu
a sua vida. Inclusive, um questionamento levantado por “Locke” é justamente
em relação a isso: como teria sido a vida
dessas pessoas sem a interferência e manipulação de Jacob?
A vida de Sawyer teria sido diferente se ele
nunca tivesse escrito aquela carta?
Provavelmente.
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