The Last of Us 1x07 – Left Behind
“Riley?
This is the most beautiful thing I’ve ever seen”
Eu amo a
Ellie, e eu não consigo acreditar que ela já tenha passado por tanto
sofrimento! “Left Behind” é mais um
episódio incrível de “The Last of Us”,
que segue com uma preocupação constante com a história além da ação, o que nem
sempre vemos em produções do gênero. Pode, sim, ser uma história
pós-apocalíptica na qual os humanos têm que lidar com uma infecção assustadora
e perigosa, mas é também sobre as pessoas
que ficaram, e tudo o que elas têm que enfrentar constantemente para
sobreviver – e isso vai além de fisicamente, mas emocionalmente. Os traumas,
sofrimentos e relações que são forjadas constroem uma sensação de realidade que
nos permite afeiçoar-nos aos personagens, e então amamos, sorrimos e sofremos.
Tudo dentro de um mesmo episódio.
“Left Behind” não é o primeiro episódio
bonito, emocionante e triste. E não será o último. Interessante essa construção
de “The Last of Us” que consegue
equilibrar diferentes sentimentos dentro de um mesmo episódio, sem que ele
pareça forçado. É uma progressão natural da trama que nos conduz por diferentes
emoções: é apenas conhecendo Riley e a sua relação com Ellie, que o episódio
evidencia ao longo de uma noite, que
se torna tão significativo e impactante o momento em que tudo desaba e Ellie é
mordida… dali em diante, sua vida nunca mais foi a mesma. E é um episódio
interessante em “resposta” a uma fala de Ellie no episódio anterior, quando ela
dissera a Joel que todo mundo que ela ama ou morre ou a abandona em algum
momento.
No fim do
episódio passado, Joel levou um tiro de um grupo de saqueadores, e agora vemos
Ellie fazer de tudo para salvar a sua vida, porque ela não pode perder mais uma pessoa que ela ama… isso fica expresso
desde os primeiros minutos do episódio, porque a relação de Ellie e Joel, como
comentei no episódio anterior, foi construída de maneira belíssima ao longo de “The Last of Us”. Mas, enquanto deixa
Joel sozinho para procurar algo com que possa salvá-lo, Ellie retorna a uma das
noites mais importantes e tristes de sua vida: a noite em que Riley, sua colega
de quarto e melhor amiga que fugira da FEDRA há umas três semanas, retorna
contando que se juntou aos Vagalumes e que tem uma noite especial preparada para
ela, e, por isso, ela precisa acompanhá-la.
Somos
brilhantemente conduzidos pela dinâmica entre as personagens, enquanto
entendemos a natureza da sua relação, que é uma parceria notável. Riley leva
Ellie para um antigo shopping abandonado no qual ela está dormindo há alguns
dias, e que ela garante que é seguro, e não cheio de infectados, como a FEDRA
acredita (ou faz os demais acreditarem). E, ali, Riley dá de presente a Ellie
uma noite única… interessante como “The Last of Us” faz com que nos
coloquemos no lugar dos personagens em vários momentos: felizmente, ainda não
fomos tomados por um fungo mortal como o da série, e nosso mundo ainda tem
esses milhares de luzes que Ellie vê no shopping, mas, naquele momento, somos
como a Ellie, encantados com cada luz daquele lugar abandonado.
Parece o lugar mais lindo e mais perfeito do
mundo.
Riley pensou
em apresentar a Ellie “quatro maravilhas do shopping”, que rapidamente se
transformam em cinco quando Ellie fica absolutamente encantada com a escada rolante – e, mesmo com todas as cenas
lindíssimas que ganharemos depois, essa é uma das minhas cenas favoritas no
episódio, porque expressam um pouco da inocência
de Ellie através do seu encanto com algo que é tão natural (quase banal) para
nós, mas que é uma verdadeira maravilha
para alguém em um mundo pós-apocalíptico como aquele em que Ellie mora… então
entendemos o seu fascínio, e não estamos habituados a ver uma Ellie leve, que
se diverte com coisas “pequenas” como uma escada rolante, a não ser em momentos
ocasionais, como quando está lendo piadas do seu livro.
Que também faz uma aparição nesse episódio.
A segunda
maravilha (que era a primeira no planejamento original) é um passeio no
carrossel, e há tantos detalhes que tornam o momento especial – em destaque, a
maneira como Ellie olha para Riley e como ela a ama. Preciso dizer que eu era
uma criança apaixonada por
carrosséis, e eu continuo achando, até hoje, um dos brinquedos mais lindos que
existem no mundo… há algo de mágico e poético nele que me faz entender perfeitamente
o encanto de Ellie, que nunca viu tantas luzes juntas. E são pequenos momentos
como esse que Ellie vai guardar para todo o sempre quando pensar em Riley.
Assim como a terceira maravilha, que
é uma cabine de fotos que entrega uma impressão desbotada, mas, ainda assim, é uma memória eterna daquela noite
especial.
É durante a
quarta maravilha que as coisas começam a
dar errado. Riley leva Ellie a um fliperama, que parece o melhor lugar do mundo – imagina você
poder passar a noite inteira quase sozinho em um fliperama, com quantas moedas
você quiser, podendo jogar o que quiser, se divertindo com a pessoa que ama?
Não tem como ficar mais especial que isso! E as duas se divertem com partidas
constantes de Mortal Kombat, o que também é um jogo que fez parte da minha
infância, então eu entendo o apelo… é realmente incrível, e seria perfeito se o
barulho das máquinas e os gritos das meninas não tivessem despertado um
infectado. Pode até ser que o shopping não estivesse cheio de infectados, como Ellie acreditava – mas existia um; e ele
podia fazer um estrago.
Antes que
elas precisem enfrentar o infectado, no entanto, as coisas ficam bem ruins
quando Ellie descobre algumas bombas que Riley está fazendo para os Vagalumes
(e eu entendo a sua frustração, porque parece que Riley nem sabe bem o que está fazendo), e ela percebe que parece que
aquela noite não foi realmente pensada para ela… mas foi, por um motivo que
Ellie até então desconhecia: Riley está indo embora e aquela é a sua última
noite em Boston. O episódio brinca com emoções contrastantes dali em diante,
porque parte de Ellie está brava, e ela vai sentir falta de Riley, e ela quer
ir embora e nunca mais vê-la, mas ela quer estar com ela e aproveitar até o
último segundo… então, ela volta e encontra Riley na quinta maravilha do shopping.
Uma loja de “terror”.
Toda a
sequência da conversa das duas, depois que os sentimentos ruins tinham todos
sido colocados para fora, é lindíssima. Eu cheguei a duvidar da capacidade do
episódio de reverter aquele
sofrimento todo causado em Ellie, mas o roteiro nos conduz por um momento tão
singelo e tão belo enquanto as duas colocam música para ouvir e dançam em cima
dos balcões com máscaras assustadoras e, por alguns minutos, não existe mais
nada de ruim no mundo: apenas as duas em seu mundinho feliz. E, assim, é bonito
que o beijo de Ellie e Riley, que poderia ter acontecido em várias outras
ocasiões, só venha naquele momento, porque é um momento em que não existe mais nada escondido… tudo que
precisava ser dito já tinha sido dito, não havia mais segredos.
Enquanto
elas se esquecem do mundo e curtem um raro momento de felicidade, no entanto, a
realidade decide lembrá-las de onde elas estão e do perigo constante que
correm… e são atacadas por um infectado, em uma sequência de ação que pode ter
tomado pouquíssimos minutos do episódio, no fim das contas, mas é eletrizante
de nos fazer perder o fôlego. E
termina da maneira mais cruel e mais dolorosa possível: enquanto Ellie celebra
por segundos uma vitória que parecia impossível, ela percebe o olhar de Riley
cheio de lágrimas em direção ao seu braço, e ela percebe que foi mordida… assim
como Riley. É profundamente doloroso ver as duas reações: Ellie quebrando tudo,
furiosa, enquanto Riley se senta em silêncio, chorando, pensando nas opções, e
não há muitas.
Então, uma
segura a mão da outra e espera. Juntas até o fim.
Ou assim
acreditam.
“Left Behind” escolheu não mostrar o
que já sabemos que vem a seguir: Riley se transformando em um monstro, enquanto
Ellie descobre que é imune… não sei dizer se essas cenas são totalmente essenciais, tendo em vista que já sabemos disso, mas se forem, tenho
certeza de que a série conseguirá encaixá-las em um momento oportuno – da maneira
como terminaram o episódio, ele se torna mais emocional e ficamos com aquela sensação amarga de injustiça,
revolta e um tom de melancolia. E torcemos para que, de alguma maneira, Ellie
consiga salvar a vida de Joel quando ela encontra agulha e linha e se coloca a
costurar o ferimento de bala que continua sangrando, porque sabemos que Ellie
não pode perder mais uma pessoa que significa tanto para ela.
Série
continua lindíssima!
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