Eternal Yesterday – Episode 5
“Meu tempo está quase acabando”
A sensação
de melancolia que inevitavelmente acompanha “Eternal
Yesterday” parece conferir à série uma camada extra de urgência e
intensidade que fez com que eu me afeiçoasse demais a esses personagens, e
sentisse por eles… assim, é com muito pesar que eu compartilho dos sentimentos
de Micchan quando Koichi faz um comentário a respeito de como “seu tempo está
quase acabando” ou algo assim. Lindíssimo novamente, o quinto episódio é talvez
o mais triste até aqui, a não ser, é claro, pelo momento em que Koichi foi
atropelado e nós não sabíamos o que ia acontecer depois daquilo. O episódio
começa quando um professor, o Sr. Ogawa, está pensando em se jogar do alto do
prédio da escola depois do término do seu namoro com outro professor.
Há tanto
sofrimento e brutalidade naquela sequência introdutória, conduzida de maneira
calma através do diálogo entre os personagens. Sem ter um vasto conhecimento do
que o está motivando naquele momento, Koichi se aproxima do Sr. Ogawa e tenta
fazer com que ele mude de ideia mostrando os seus ferimentos e contando que
“seu coração não está mais batendo”, e é um crescente de tensão palpável
enquanto os professores tentam entender o que Koichi quer dizer com aquilo, e
Micchan só consegue ficar apreensivo porque, do alto daquele prédio, Koichi
está vulnerável e ele não pode lidar com o medo de perdê-lo… Koichi já “deu
sorte demais” mantendo-se razoavelmente vivo depois de ser atropelado por um
caminhão, Micchan não pode correr riscos.
Durante a
cena, no entanto, Koichi faz um comentário a respeito de seu tempo estar
acabando, e aquilo é tão forte para Micchan que ele não consegue pensar em
outra coisa – ainda que ele não tenha coragem de falar com Koichi a respeito
disso… colocar aquelas palavras em voz alta parecia ter o poder de tornar
aquilo mais real, parecia aproximar o tempo vindouro do presente, e Micchan
quer fugir dessa possibilidade o quanto quiser. Mas se Koichi fez aquele
comentário, parte dele, talvez até mesmo inconscientemente,
sente que é verdade, como quando ele tocou o pescoço do Sr. Ogawa e o fez
desmaiar, dando aos colegas a oportunidade de tirá-lo da beirada do prédio: ele
não sabia como, mas sabia que aquilo era o que precisava fazer… porque ele sentiu.
Naquela
noite, Koichi pede que Micchan o acompanhe até sua casa e passe a noite com ele
– os irmãos são bem cansativos, e ele vai se sentir melhor se Micchan estiver
com ele. Eu adoro a maneira como o personagem de Micchan é construído, e como
ele é complexo e paradoxal. No fundo, ele gosta de estar na casa de Koichi, ele
gosta de ter uma panela grande de comida na sua frente, mas ele também tem um
ar soturno que sempre o acompanhou e que pode ter se intensificado com os
acontecimentos recentes. Micchan se sente
aliviado quando está sozinho… mas se odeia quando se sente aliviado. A
complexidade do seu sentimento é notável: ele se sente mais metaforicamente frio do que Koichi, que é um corpo, mas
não leva em consideração como gosta de tê-lo por perto…
Ele “se
sente aliviado” quando está sozinho. Mas
se sente melhor quando está com Koichi.
Sempre há
muita força, beleza e intensidade em qualquer interação de Koichi e Micchan –
como naquele diálogo cheio de medos e coisas não ditas antes que os dois se
deitem para dormir, e esse é um ponto muito alto de “Eternal Yesterday” para mim, porque nem tudo precisa ser dito
necessariamente… há muito que está ali para ser sentido. O diálogo aparentemente “simples”, o Micchan tentando
“ouvir o coração de Koichi”, a sensação de Koichi de que “seu coração não vai
mais voltar a bater”, o momento em que Micchan se deita virado para outro lado,
mais porque está com medo de perder
Koichi do que qualquer outra coisa, a maneira como Koichi o abraça de
maneira acolhedora e protetora, e como Micchan fica ali, porque sentir Koichi
ao seu lado é tudo de que ele precisa.
Esse BL fica
CADA VEZ MAIS PERFEITO. Lindíssimo, sempre.
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