Eternal Yesterday – Episode 6
Lentamente desaparecendo.
Belo e
devastador. Começo a me preparar para me despedir desses personagens sem
qualquer esperança de um final feliz, mas “Eternal
Yesterday” continua entregando uma história tão bem construída, repleta de
sentimentos tão sinceros, que eu não
sei bem como explicar o tamanho do meu amor por essa série. Micchan nos conta
que faz três dias desde que Koichi foi atropelado por um caminhão – e, agora,
as coisas estão começando a mudar.
Por algum motivo, um colega de classe vem falar com ele pedindo que ele
entregue algo a Koichi, por exemplo, e parece incapaz de o enxergar, mesmo que
Koichi esteja ali, bem ao lado de Micchan…
e, embora algumas pessoas ainda consigam ver Koichi e interagir com ele, algumas pessoas “já não o veem mais”.
O caminho
está sendo pavimentado para um final devastador, e me parece que, talvez, a
permanência de Koichi depois de sua morte tenha a ver com ajudar Micchan na transição… o episódio nos traz mais um pouquinho
da história contada no episódio passado, quando o Sr. Ogama pensou em se matar
depois do fim do seu relacionamento, e dessa vez temos o ponto de vista do Sr.
Tamaki – e entender o porquê de ele
ter terminado com o namorado é mais doloroso do que se podia imaginar, e
certamente algo que Micchan não queria ouvir, porque está relacionado ao fato
de Tamaki ter perdido o homem que amava, que morreu há 20 anos, e agora ele não
consegue se entregar verdadeira e inteiramente para um novo relacionamento,
mesmo depois de tanto tempo.
Isso é o que espera Micchan no futuro?
Koichi é um
fofo – mas sua fofura e leveza acaba nos deixando ainda mais tristes. Particularmente, eu entendo perfeitamente os
sentimentos de Micchan, que lida com o medo e a frustração o tempo todo. Koichi tenta interferir na conversa de Micchan com o
Sr. Tamaki, por exemplo, falando sobre como ele pode amar outra pessoa tanto
quanto ele amou no passado, e talvez Koichi estivesse direcionando aquele
comentário não apenas ao professor de biologia, mas também ao próprio Micchan… que não está preparado para ouvir isso ou
para pensar nisso. Os sentimentos conflituosos e turbulentos que parecem
tomar conta de Micchan o deixam transtornado, angustiado, parecendo que está o
tempo todo prestes a explodir ou algo
assim.
Enquanto
Koichi tenta agir com naturalidade… ele mesmo percebera, desde o início daquela
manhã, que algumas pessoas na sala “não o viam” mais, e ele tem uma leitura
muito bonita dessa situação – uma dádiva do roteiro de “Eternal Yesterday”, tão bom em sua simbologia. Como os dias estão
se passando, Koichi acredita que é natural que as pessoas “comecem a se
esquecer daqueles que morreram”, como quando acontece com uma celebridade
quando ela morre: nos primeiros dias, matérias sobre isso tomam conta das
notícias e todo mundo se lembra, mas, com o passar do tempo, todo mundo para de
pensar a respeito disso… é tão doloroso e, ainda assim, é tão real. Koichi acredita que é algo parecido com isso
que está acontecendo com ele.
Mas, se esse
for o caso, não será apenas uma questão de tempo até que ele desapareça por
completo? Micchan sabe disso, sabe que, na manhã seguinte, menos pessoas ainda
serão capazes de ver Koichi, até que um dia ninguém
mais o veja… e isso se transforma em uma espécie de raiva que toma conta de
Micchan, que quase explode quando uma enfermeira entra no consultório onde a
médica está costurando um machucado na perna de Koichi e ela simplesmente não o enxerga – parte dele quer gritar
para que a mulher veja Koichi, para que não o ignore, para que reconheça que
ele está ali, que ele existe, que ele é real. Mas não faz sentido. E a própria
médica confessa a Micchan que, às vezes, ela enxerga Koichi meio transparente.
Ele está literalmente desaparecendo.
Um dos
momentos mais impactantes do episódio
(e, quiçá, da série toda até aqui) acontece quando Micchan e Koichi estão indo
embora do hospital e encontram, no corredor, o motorista do caminhão que atropelou Koichi há três dias… é
impressionante como “Eternal Yesterday”
nos envolveu na sua narrativa de forma tão completa que, naquele momento, é
quase como se fôssemos o próprio Micchan. Compartilhamos de seu sentimento de
revolta tão pungente que queremos extravasá-lo, como Micchan quer fazer – o
fato de o homem que matou Koichi
estar ali na sua frente naquele momento e simplesmente “ignorar” Koichi (na
verdade, ele não pode vê-lo, como tantas pessoas já não podem) é algo difícil
de processar, algo que causa muitos sentimentos ruins ao mesmo tempo.
E, eventualmente,
isso explode de alguma maneira… a cena final de Micchan e Koichi transmite
tanto sentimento e tanta força! Todos os sentimentos conflitantes de Micchan
culminam naquele momento: a sua raiva, a sua frustração, o seu medo.
Aparentemente à beira de um colapso, Micchan não está apenas bravo porque “o
motorista do caminhão não vê Koichi”… ele está apavorado com a possibilidade de
que, em breve, ele mesmo não poderá mais vê-lo. Então, quando Koichi o abraça,
todos esses sentimentos se materializam em lágrimas, e esse é um dos momentos
mais reais e mais devastadores de “Eternal
Yesterday” até o momento. E aquela “explosão” de sentimentos se converte em
uma febre da qual parece que Micchan não consegue se recuperar tão fácil.
E eu estou apavorado com o que isso pode
querer dizer.
Está chegando o momento de se despedir.
Para mais
postagens de “Eternal Yesterday”, clique
aqui.
Comentários
Postar um comentário