Eternal Yesterday – Episode 7
“Koichi desapareceu”
Será que
estou psicologicamente preparado para o final de “Eternal Yesterday”? Sinto que, provavelmente, não estou. Ainda assim, a cada episódio que passa, eu sinto que o
meu AMOR por essa série se torna maior. É curioso como assistimos diferentes
tipos de histórias em diferentes momentos e isso desperta os mais variados
sentimentos. Gosto muito de histórias leves e divertidas que me fazem sorrir e
me dão a sensação de “coração quentinho”, mas há uma beleza tão pungente em
dramas bem-construídos como o de “Eternal
Yesterday” que, quando conseguem nos tocar verdadeiramente, nos marcam para
sempre… a melancolia, aqui, constrói uma narrativa sincera e poderosa em uma
trama que traz temas como o amor, a perda e o luto.
Cada vez
menos pessoas são capazes de ver
Koichi – e, por um momento desesperador, Micchan acha que ele desapareceu para sempre. Quando Micchan passa a noite com febre
e não pode ir para a escola na manhã seguinte, ele pede que Koichi vá, mesmo
sem ele, para “minimizar o efeito de os colegas o estarem esquecendo” ou algo
assim, mas as coisas acabam não saindo como Micchan queria, porque Koichi não
volta para a casa dele depois da escola, tampouco está na própria casa, e
Micchan eventualmente descobre que ele saiu mais cedo da aula e, quando o fez,
apenas umas cinco pessoas, no máximo, perceberam que ele estava saindo… agora,
Micchan não sabe onde Koichi está: ele não apareceu, não deu notícias e não
atende a nenhum dos seus telefonemas.
Ainda é uma
dor em processo de negação. Micchan
não aceita que não verá mais Koichi. Ele sabe que Koichi ainda está por aí e que ele vai voltar a
vê-lo, só precisa encontrá-lo. Depois do fim da aula, Sumi aparece para
conversar com Micchan, e temos um dos diálogos mais esclarecedores de “Eternal Yesterday”, quando Sumi conta
que percebeu que estava errada a respeito de Koichi, no fim das contas: ela
acreditou que ele pudesse estar roubando energia vital de Micchan, talvez até
mesmo sem perceber, e que era possível que Micchan estivesse doente por causa
dessa proximidade com Koichi, mas havia energia vital o suficiente na sala de aula para manter Koichi bem visível a
todos, se esse fosse o caso… e, ainda assim, Koichi estava sumindo, até para o
seu olho treinado.
Esse diálogo
nos remonta ao diálogo do episódio anterior, entre Micchan e a médica que os
está ajudando, quando ela disse que, às vezes, via Koichi “meio transparente”,
mas ele voltava a ganhar uma forma nítida “quando Micchan conversava com ele”.
É ISSO o que o mantém firme ainda nesse mundo: essa troca que existe entre ele
e Micchan, esse sentimento, essa vontade de Micchan que ele continue aqui… no
fim, Koichi não está “roubando” nada, e Micchan sabe que ele jamais faria isso, mas está apenas aceitando aquilo que lhe é
entregue. Ainda assim, isso não pode continuar para sempre, porque, para que
viva “com um espírito”, segundo Sumi, Micchan precisaria eventualmente “se
isolar do mundo dos vivos ao seu redor”, e Micchan sabe que Koichi não iria querer isso.
Mas ele ainda não está preparado para dizer adeus.
É um alívio
quando Micchan recebe um telefonema e sabe, mesmo antes de quem está do outro
lado falar qualquer coisa, que é Koichi quem está ligando – e, dolorosamente, a
cena acontece no mesmo lugar onde o corpo
de Koichi caiu depois de ser atropelado. Naquele telefonema, Koichi parece
pronto para se afastar, não porque não ame estar do lado de Micchan, mas por
que não quer que Micchan perca a vida ao
seu redor por sua causa, mas Micchan o procura, percebendo onde ele está:
no hospital de seu pai. Esse é o momento em que encontramos, possivelmente, o
Koichi menos sorridente e mais melancólico desde o início de “Eternal Yesterday”, conformando-se com
a realidade que, mais cedo ou mais tarde, ele não poderá mais negar…
Ele está morto.
Naquele
momento, no entanto, o episódio ganha luz, beleza e alegria quando os irmãos de
Koichi aparecem no hospital e, capazes de vê-lo, correm para abraçá-lo e, aos
poucos, vamos percebendo que eles estão
ali porque a mãe de Koichi está dando à luz – mais cedo do que estava
previsto, mas é lindo que Koichi possa estar presente para ver isso. Micchan
também está ali, acolhido por todos como parte
da família, e é EMOCIONANTE como a mãe de Koichi faz questão de que Koichi
seja a primeira pessoa a segurar o bebê
depois dela… a força daquele momento, a beleza da cena que Micchan assiste
da porta do quarto, quase se sentindo como um intruso, embora não o seja e
todos deixem muito claro isso. É lindo
demais que Koichi esteja ali para aquele momento.
Não consigo
deixar de pensar no sofrimento que provavelmente nos aguarda no próximo
episódio… não há uma maneira mágica de tudo voltar a ser realmente “como era
ontem”, como Micchan desejara, e “Eternal
Yesterday” nunca nos enganou a esse respeito: com o seu tom melancólico e
cuidadoso, sempre tratou de luto, perda e despedida, e esse momento vai chegar,
mais cedo ou mais tarde. E o próprio Koichi está “se conformando” com isso. É
emocionante o diálogo no qual ele diz que teve sorte, porque nem todos têm esse “tempo extra” que lhe foi
concedido e que lhe permitiu passar mais
tempo com Micchan e conhecer sua
irmãzinha antes de partir de verdade. Naquele momento, eu tive 100% de
certeza que não estou preparado para a despedida.
Mas que
história poderosa!
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