Lost 6x05 – Lighthouse

A nova vida de Jack.

Surpreendentemente, é um dos melhores episódios dessa temporada até aqui… eu não gosto do Jack, e já comentei isso inúmeras vezes durante as reviews enquanto assistia novamente a “Lost”, mas, dentre os últimos episódios centrados nele, esse é o mais legal (não incluo, notem, os primeiros flashbacks de Jack, lá na primeira temporada, que também foram bem bons). Para mim, o flash sideway de Jack Shephard é muito mais interessante que o de Kate ou de Locke (talvez por causa das mudanças mais notáveis na linha temporal mesmo antes de onde deveria ter acontecido a queda do Oceanic 815), e a jornada na ilha traz algumas coisas interessantes, em um paralelo interessante àquele que acompanhamos com o Homem de Preto e Sawyer no episódio anterior.

Já disse, e repito: eu gosto da ideia dos flash sideways. Ter a possibilidade de explorar uma linha temporal alternativa, que se distancia da que conhecemos originalmente desde a explosão da bomba de hidrogênio, em 1977, é muito interessante. Até porque, diferente do que muita gente acredita, as mudanças na vida dos personagens não começam – e não deveriam começar – apenas a partir do momento em que o Oceanic 815 deveria cair e não cai mais… são quase 30 anos de mudança que se iniciaram lá na década de 1970, e o efeito borboleta fez sua parte até 2004. Agora, então, sabemos que Hurley é uma pessoa sortuda com quem “nada de ruim acontece”, Locke continua com Helen e Jack tem um filho. Conhecemos, nesse episódio, David Shephard.

O episódio ainda faz mistério a respeito da mãe de David nessa nova linha temporal, e é interessante como essa é uma dúvida natural que surge entre os espectadores, mesmo que o episódio não a evidencie o tempo todo, sendo natural nas sutilezas de diálogos como quando Jack diz a David que “vai à casa da sua mãe” – porque é como ele diria aquilo mesmo, ele não precisaria dizer o nome dela. Sabemos, no entanto, que Jack não está mais envolvido romanticamente com quem quer que seja a mãe de David (a revelação virá mais para frente na temporada, não se preocupem), porque Jack só vê o filho uma vez por mês, o que quer dizer que eles não têm uma relação muito exemplar… e Jack não consegue nem mesmo entender o que faz de errado.

Gosto do episódio e de como ele aborda o tema – não é nada muito inovador, mas é uma boa história familiar e que funciona muito bem, conseguindo até ser emocionante. Diferente do que sinto há algumas temporadas em relação a Jack, aqui eu consegui ter empatia, porque ele parece sincero ao querer se aproximar do filho, e é linda e emocionante a cena na qual ele descobre que David vai fazer um teste para uma escola de música e vai assisti-lo, sendo o pai orgulhoso (e tendo uma conversa rápida com Dogen, que também tem uma vida fora da ilha nessa realidade, com filho). O roteiro foi muito bem conduzido para gerar verdade e para culminar no momento em que Jack e David “consertam sua relação”, com Jack sendo diferente do pai e dizendo que ama o filho e ele nunca o decepcionará.

Mas essa nova vida de Jack ainda tem história para contar.

Na ilha, na linha do tempo original, Jacob incumbe Hurley de uma missão: aparentemente, ele tem que ajudar algumas pessoas que estão vindo para a ilha a encontrá-la, e por isso precisa ir até um farol – mas ele precisa levar Jack com ele. Hurley sabe que convencer Jack a fazer qualquer coisa que ele não queira fazer é um trabalho hercúleo e praticamente impossível, mas Jacob lhe dá uma dica que o ajuda a convencer Jack, embora ele esteja acompanhando Hurley na esperança de poder falar com Jacob ele mesmo e fazer algumas perguntas… algo que, no fundo, sabemos que ele não poderá fazer. Mas isso o coloca em movimento, “como nos velhos tempos”, como diz o Hurley, e isso é o suficiente por ora. Eles até reencontram a caverna onde moraram uma vez.

Aquele momento da caverna é uma possibilidade de respostas sobre as aparições de Christian na ilha, bem como um pedaço de nostalgia, agora que a série está se aproximando do seu fim… mas Jack e Hurley não podem passar muito tempo ali, e precisam continuar caminhando, até chegarem à melhor cena do episódio, que acontece no FAROL. Se o episódio passado nos trouxe o Homem de Preto, o inimigo de Jacob que agora usa a forma de John Locke, guiando Sawyer perigosamente até uma caverna onde os nomes dos “candidatos” estavam escritos na parede e no teto, a sequência final desse episódio conversa com aquela, quando os mesmos nomes, ao lado dos mesmos números, aparecem agora, misteriosamente, no farol para onde Jacob mandou Hurley e Jack.

Para inclinar os espelhos a 108°.

Existe um quê empolgante de mistério e informação, equilibrados em uma cena enigmática, mas quase reveladora: enquanto Hurley mexe no espelho, Jack percebe alguma coisa, e quando encontra o seu nome no número 23, ele coloca os espelhos a 23° e, através dos espelhos, ele pode ver a sua casa de infância… aparentemente, Jacob estava observando Jack desde que ele era criança. Jacob não vai aparecer nem para Hurley nem para Jack, para dar as respostas que Jack quer, e aquilo é tão frustrante, estranho e invasivo que Jack desconta toda sua raiva e angústia quebrando os espelhos do farol – que, de certa maneira, parecia ser o que Jacob queria. Ou, ao menos, ele não se importa com isso: ele queria que Jack visse o seu nome e soubesse que há um motivo para ele estar ali.

Jack é um candidato. E terá uma escolha a fazer.

O episódio também nos traz um pouco de Jin, depois de ele ter sido salvo por Claire – ainda que ele tenha sido salvo por Claire, no entanto, quando os homens do Templo tentaram matar ele, ele não se sente realmente em segurança ao seu lado, porque ela pouco parece a Claire que eles conheceram aproximadamente 3 anos antes. Segundo uma informação que veio do Dogen para Jack, lá no Templo, Claire foi “infectada”, exatamente como agora aconteceu com Sayid – e é inevitável olhar para Claire e não pensar em Danielle Rousseau. Tudo em sua atual caracterização e ações nos faz pensar em Danielle: a maneira como se veste, a arma que carrega, até mesmo a busca que a move… afinal de contas, Claire quer encontrar Aaron, e acredita que os Outros levaram seu filho.

As cenas são particularmente angustiantes para Jin, porque ele está assustado e sem saber o que vem a seguir. Ele precisa manter-se em segurança, e também precisa que Claire cuide do seu ferimento recente, mas é difícil confiar em Claire quando ele percebe a maneira como ela trata o seu prisioneiro do Templo, e como o mata brutalmente, mesmo depois de Jin dizer a verdade e contar que Kate levou Aaron embora quando saiu da ilha, na esperança de salvar a vida dele… felizmente, Jin pensa depressa e desmente a história, o que meio que garante a segurança de Kate, porque Claire diz que se isso fosse verdade ela a mataria, bem como a sua, porque Jin a faz acreditar que Aaron foi mesmo levado pelos Outros e está no Templo, e ele pode ajudá-la a ir para lá.

O episódio termina novamente em um momento tenso envolvendo essa trama toda. Jin perguntara a Claire, em algum momento, se ela passara esses últimos três anos sozinha ali, e ela disse que não, que “estava com seu amigo”, e o tal amigo aparece no fim do episódio: o homem ameaçador que agora usa o rosto de John Locke… e essa pequena cena é, por si só, uma avalanche de explicações que, de certa maneira, já estiveram por aí, mas são evidenciadas agora: fica confirmado, quando Claire diz que “esse não é o John, mas seu amigo”, que Christian também era uma personificação do Homem de Preto/Monstro de Fumaça, com quem víramos Claire anteriormente. Portanto, isso quer dizer que a tal “cabana” nuca foi realmente do Jacob, mas do seu inimigo?

Adoro ver essas pequenas peças se juntando.

E é como eu sempre digo: “Lost” entrega respostas… mas você tem que fazer a sua parte!

 

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