Severance (Ruptura) 1x02 – Half Loop
Sala de Descanso.
“Half Loop” é mais uma jornada
interessante para dentro do universo de “Severance”.
E, dessa vez, podemos acompanhar uma parte da história que se passa dentro do escritório da Lumos,
predominante do ponto de vista de Helly (embora também tenhamos sequências
angustiantes protagonizadas por Mark e por Irving), e uma parte que se passa fora do escritório da Lumos, quando
Mark resolve procurar Petey para saber o que ele tem para lhe dizer a respeito
da empresa, do trabalho e da ruptura… todo o clima de suspense e mistério e a
condução dos episódios de “Severance”
gera uma conexão intrigante com o espectador, que inevitavelmente se imagina no
lugar dos personagens, enquanto anseia por respostas em uma narrativa quase
assustadora.
É incrível
de se assistir!
Do ponto de
vista de Helly, voltamos para o momento em que ela estava gravando o vídeo para a sua eu interna, que assistiria ao vídeo
depois da ruptura, e ela parece bastante confiante e tranquila com a escolha
que fez. Inclusive, assistimos ao procedimento de ruptura e como ele é
realizado (uma sequência desconfortabilíssima), e vemos mais peças do
quebra-cabeça se juntarem quando assistimos ao que aconteceu a Helly quando ela
tentou sair. É incrível o paralelo das cenas desse episódio com as do episódio
anterior e como elas se completam, porque temos uma parte de Helly do lado de
dentro do andar de ruptura, e uma parte de Helly do lado de fora, quando chega
até as escadas… e uma não tem nenhuma memória em relação à outra.
Por isso, a
própria Helly vai percebendo como parece que ela está presa ali… afinal de contas, ela encontra o Mark enquanto eles vão
pegar algo para beber e ela pergunta se “já é amanhã”, e ele explica que, na
verdade, já é segunda-feira, o que quer dizer que um fim de semana inteiro se
passou e, para ela, é como se nenhum tempo tivesse se passado… essa separação
entre a vida pessoal e a profissional, embora quase tentadora do lado de fora (não se lembrar nada do
trabalho), é a coisa mais assustadora do
mundo do lado de dentro: afinal de contas, aquela parte das pessoas trabalha incessantemente, sem nenhum tipo de
descanso. Sei que esse seria, certamente, o meu PIOR pesadelo no mundo, e
aquela parte de mim ia fazer de tudo para sair dali.
Mas como
sair?
Aparentemente,
sair é impossível… embora Petey tenha conseguido de maneira misteriosa. Para
começar, o fato de o seu eu “externo” não ter memórias do que acontece no
trabalho dificulta todo o negócio de “pedir demissão”, e os próprios
funcionários falam sobre como os pedidos de demissão são sempre recusados… e
quando a Helly interna percebe que não é
aquilo o que ela quer para a sua vida e tenta se demitir, ela acaba sendo
detida no meio do caminho porque ela tenta levar um bilhete com ela no elevador
e existe um alarme que impossibilita códigos e qualquer tipo de comunicação com
seu eu externo. As coisas vão ficando
cada vez mais sinistras. A cena de Mark na “Sala de Descanso” e a de Irving
no “Bem-Estar” apenas intensificam o
quanto tudo é macabro e controlado.
Do lado de
fora, acompanhamos um pouco de Mark – e eu acho impressionante como ele parece uma pessoa completamente
diferente aqui, e como a sua visão a respeito da ruptura é quase o oposto
da que a Helly do escritório tem. Mark escolheu fazer a ruptura justamente tentado pelas oito horas diárias nas
quais não vai se lembrar de absolutamente nada de sua vida, suas perdas e seus
traumas. Ainda assim, podemos ver como isso não
ajudou em nada e como ele está quebrado
do lado de fora. No fundo, ele não tem certeza de que fez uma escolha certa, e
jamais terá, porque não sabe. Uma das cenas mais fortes e mais desconcertantes
desse segundo episódio vem quando Mark encontra alguém protestando contra a ruptura na rua, e ele esbraveja.
O controle
da Lumos sobre os funcionários fica cada
vez mais evidente. Além do óbvio, que é a ruptura e o fato de eles não se
lembrarem sobre o que quer que fazem lá dentro (o que é que eles fazem lá
dentro é uma boa pergunta, com aquele lance todo dos “números assustadores”… a
cena de Helly me fez pensar, inclusive, em algo relacionado a “Matrix”, quem sabe como se tudo de fora
fosse uma simulação e aqueles fossem códigos que representam algo para eles sem
eles saberem ou algo assim), também existe o fato de a entrada e a saída dos
funcionários ser escalonada, para que eles não se encontrem do lado de fora da
empresa, as casas nas quais eles moram serem todas de propriedade da Lumos e, é
claro, a vizinha de Mark que também é sua chefe e provavelmente se lembra de tudo.
É de dar
calafrios.
No dia
seguinte, Mark resolve não ir trabalhar.
Ele liga dizendo que “está se sentindo mal”, e vai em busca de Petey: ele não
sabe o que Petey tem a dizer, não sabe se quer ouvir, mas a partir do momento
em que a dúvida é plantada, é difícil tirá-la da cabeça… Mark encontra Petey em
uma situação deplorável em uma estufa abandonada, precisando de sua ajuda, mas
com poucas respostas, na verdade – ele também não sabe o que eles fazem na
Lumos, embora saiba de alguns horrores que acontecem lá dentro, como a “Sala de
Descanso”. Não sabemos até que ponto Petey vai ser de ajuda, no entanto, porque
o fato de ele ter aparentemente “desfeito” a ruptura está cobrando seu preço, e
eu não acho que ele vai conseguir sobreviver por muito tempo…
Mas ele
plantou algo em Mark. Agora, Mark
tampouco vai descansar.
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