Smash 2x13 – The Producers
“This is
our last goodbye”
É a terceira
vez que vejo “Smash” – e acho que eu
nunca estarei preparado para esse episódio e o próximo. Eu só não posso dizer
que a cena final me impactou tanto quanto
na primeira vez que a vi porque eu já sabia o que estava por acontecer, e
então o sofrimento começou muito antes… assim que Kyle começa a cantar “The Last Goodbye”, eu percebi que
minhas mãos estavam tremendo e que meus olhos estavam cheios de lágrimas.
Acredito que, quando eu vi “Smash”
pela primeira vez (em 2013, no caso da segunda temporada), apesar de conhecer e
amar “Rent”, eu não conhecia toda a
história por trás de “Rent” e a morte
prematura de Jonathan Larson. Se a conhecesse, talvez eu tivesse entendido que
as comparações com “Rent” iriam além…
As
referências sempre estiveram ali.
“The Producers” é um episódio forte – e
impactante. Muito antes do cliffhanger
mais doloroso de “Smash”. Com a estreia de “Bombshell” na Broadway no episódio anterior, os atores (Ivy
especialmente) estão trabalhando mais do que o normal, porque Eileen está
fazendo de tudo para colocá-los em todos os lugares possíveis, para gerar
propaganda para o musical e transformá-lo em um fenômeno… afinal de contas, as
competições estão tranquilas e o Tony Award é quase garantido para “Bombshell”, mas, para isso, ele
precisará continuar aberto até junho, e com as vendas de ingresso não gerando
exatamente o que se esperava, Eileen e os demais precisam trabalhar duro. Isso inclui ensinar passos de “The 20th Century Fox Mambo” para alunos de teatro musical desde
cedo.
Quem não
está diretamente envolvido na constante divulgação promovida por Eileen está procurando seu próximo projeto… e
isso significa uma intensificação na briga de Tom e Julia, cuja parceria vem
apresentando pequenos e constantes sinais de ruína desde o início da temporada,
mas se acentuou perigosamente no episódio anterior – e, agora, atinge seu
clímax. Se for preciso escolher um lado, eu vou dizer claramente: eu estou do lado de Julia. Quando Tom descobre
que Julia está escrevendo uma adaptação de “O
Grande Gatsby” sem ele, como uma peça, e como ele não conseguiu a direção
de “City of Angels”, como esperava
conseguir, ele simplesmente diz à Julia que ela pode dizer a Scott que não vai
mais trabalhar com ele e que eles vão fazer “O
Grande Gatsby” juntos.
Mas as
coisas não são tão simples assim – e Tom é extremamente egoísta de uma maneira
insuportável. Foi ele quem dispensou o trabalho, foi ele quem disse à Julia que
queria se dedicar à direção, e agora que as coisas não saíram como ele
esperava, ele simplesmente presume que pode tratar Julia como Plano B e que ela
tem que abandonar tudo para fazer suas vontades… mas as coisas não são bem
assim, não mais. Foi angustiante ver a Julia indo falar com Scott para quebrar
sua promessa, exatamente como fez há 15 anos, mas é reconfortante, apesar de
também emocionalmente destruidor, ver que ela não faz isso e, ao contrário, diz
a Tom que seus planos não mudaram: ela
vai fazer “O Grande Gatsby” sem ele.
Era o certo no momento e, assim, a parceria deles se dissolve…
Pelo menos
por enquanto.
Talvez para
sempre.
Enquanto
isso, “Hit List” sofre ameaças em
relação a seu futuro graças às atitudes irresponsáveis de Jimmy… depois de tudo
ter dado muito errado durante a estreia de “Bombshell”,
de Jimmy ter tido um confronto com Adam e de Karen o ter afastado dizendo que
“ele a assustava”, ele desapareceu por dias e não chegou a tempo de uma
importante sessão fotográfica que poderia ter garantido a “Hit List” a capa de uma revista. E o pior é que ele nem parece entender a gravidade disso tudo,
enquanto Kyle está ali no meio, tentando mediar as coisas, defendendo Jimmy
para os demais, mas chamando sua atenção quando são só os dois. E Jimmy fica
ainda mais bravo quando percebe que estão escalando um substituto para ele, mas
é o mais certo a se fazer, não?
Pelo menos para quando “ele não estiver ali”.
Assim como
ele quase não está na apresentação mais importante de “Hit List”. Derek e Scott, pensando em transferir o musical para a
Broadway, convidam vários grandes produtores para assistir à apresentação numa
mesma noite – por isso, tudo tem que sair perfeito.
Mas Jimmy se atrasa e ainda chega chapado,
o que compromete toda a apresentação (inusitadamente, no entanto, eu devo dizer
que “Hit List” teve menos erros com
um protagonista chapado do que “Bombshell”
em sua pré-estreia; também para ser justo com “Bombshell”, no entanto, o musical de Marilyn Monroe é um musical
da Broadway com uma estrutura muito maior e mais complexa e, portanto, mais
possibilidades de erros e problemas). Ele
demora para subir ao palco para “Rewrite
This Story”, por exemplo.
Com isso,
toda a apresentação de “Hit List” é
acompanhada de uma TENSÃO gigantesca – tanto dos envolvidos quanto de nós, como
espectadores, porque ficamos esperando dar
muito errado, e os erros de Jimmy quase comprometem uma cena e acabam
causando um machucado em Karen em outra, mas eles conseguem levar a
apresentação até o final, no fim das contas… e, com isso, ganhamos novas cenas
lindíssimas de “Hit List” na íntegra,
enquanto o musical vai se construindo na frente dos nossos olhos, sempre
aumentando a minha vontade de assisti-lo. A primeira música que vemos na
íntegra é “Don’t Let Me Know”, a
música que Amanda rouba de Jesse, e é uma cena dirigida com perfeição, e nem
mesmo Jimmy andando pelo palco consegue estragá-la.
Até porque tem tudo a ver com o que Jesse
está sentindo… e fica lindo.
Por fim, A
MINHA MÚSICA FAVORITA DE “HIT LIST”. “The Goodbye Song” é o encerramento de “Hit List”, depois da Diva ter atirado
em Amanda/Nina durante um show e a personagem morrer… a música final de um musical precisa ser
impactante, precisa traduzir o sentimento do musical e precisa fazer com que a
audiência deixe o teatro com pesar por estar indo embora, e com a sensação de
que viu a melhor coisa do mundo. “The Goodbye Song” tem esse efeito
sobre mim, sei que, se estivesse no teatro, eu estaria vibrando, levantando com
gosto ao fim da performance para aplaudir antes do curtain call. A música também tem uma similaridade com o estilo de “Rent” que me fascina, mas também me faz
pensar em “Spring Awakening”, por
alguns motivos.
Por sinal,
dois musicais que eu amo de todo o coração.
Ao fim da
apresentação, no entanto, as esperanças de Derek e de Scott são frustradas –
aparentemente, nenhum produtor está tão disposto a uma queda de braço para
levar “Hit List” para a Broadway.
Eles amaram o show (“Hit List” é o
tipo de musical que nos toca e que nos faz sentir
coisas), mas esse universo é movido mais pelo dinheiro do que qualquer
coisa, e eles temem que “Hit List”
seja moderno ou sombrio demais para a Broadway… existe um medo de não conseguir
vendê-lo, embora ele esteja fazendo
um sucesso com o público. Eileen, que também foi assistir como produtora, está
apaixonada: como ela diz, ela não queria, mas ela amou “Hit List”. E podemos ver que ela teme “apostar contra si
mesma”, mas seu coração clama por “Hit
List”.
Vamos ver o
que ela faz com esse sentimento.
Jimmy talvez
tenha sua parcela de culpa por se apresentar drogado, mas não é garantido que
esse é o real motivo da desistência dos produtores… de um jeito ou de outro,
Jimmy passa de qualquer limite durante a festa depois da apresentação, quando
ele descobre que Derek pretende substituí-lo por Sam – mas essa é a escolha
certa para o musical, infelizmente, porque eles não podem confiar em Jimmy para
estar ali e para fazer as coisas direito… e ele acabou de provar isso mais uma
vez subindo ao palco drogado. Revoltado, Jimmy sobe no balcão do bar para fazer
um discurso direcionado especialmente a Karen e a Kyle, e ele acaba com ambos
de maneira maldosa. Ironicamente, como
Ana chega a comentar, essas são as duas pessoas que mais o amam no mundo.
Mas é
difícil reconhecer isso, né?
Por fim,
retorno para o mesmo ponto onde comecei o meu texto: aquele cliffhanger doloroso. Quando Jimmy e Kyle apresentaram a
ideia original de “Hit List” para
Derek, lá no início da temporada, eles disseram que “todo mundo morria no
final”, mas Derek os corrigiu dizendo que “eles só precisavam de uma boa
morte”. Uma morte é o suficiente para impactar o público, se for a morte certa…
e, ironicamente, esse era um comentário que antecipava não apenas a morte de
Amanda, a personagem que Karen interpreta em “Hit List”, mas uma morte que acontece fora do musical: a morte de
Kyle Bishop. E acontece da maneira mais simples e mais estúpida possível, com
ele atravessando a rua, chorando e tentando lidar com seus sentimentos depois
de deixar as coisas de Jimmy na casa de Adam…
Mas não é assim que a vida acontece? Ou a
morte?
Não é quando menos esperamos?
O final do
episódio é impactante e bastante doloroso para mim. Em termos de roteiro, parte
de mim quer dizer que é um primor, porque “Hit
List” sempre foi concebido em paralelo a “Rent”, com comparações de estrutura, com citações diretas nos
diálogos, como quando alguém comentou que Jimmy e Kyle “poderiam ser o próximo
Jonathan Larson”. Jonathan Larson, o escritor de “Rent”, morreu na noite anterior à estreia de “Rent” na Broadway. Então talvez já tivéssemos que ter juntado as
informações e nos dado conta do que nos esperava… mas acho que isso só começa a
passar pela nossa cabeça quando Kyle canta “The
Last Goodbye” (interpretação lindíssima e poderosa de Andy Mientus, tanta
emoção em cada palavra e emoção), e então não temos tempo para nos preparar.
Sempre me pega em cheio.
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