Up Here (Amor nas Alturas) 1x02 – Miguel

“Who am I and who are you?”

Gostei bastante desse segundo episódio de “Up Here”, e “Who Am I and Who Are You?” pode ser a prova de que eu vou gostar muito da identidade musical da série, porque QUE MÚSICA EXCELENTE! Se o primeiro episódio dedicou-se primordialmente na apresentação de Lindsay, de um trauma de muitos anos atrás até a sua vida em 1999, o segundo episódio faz algo similar ao trazer Miguel em destaque, também mostrando um trauma dele (mais recente no seu caso, de 1997), até chegar à sua vida em 1999 – e é interessante termos a visão de pessoas que trabalham em um banco e esperavam não ter mais um emprego no dia 01 de janeiro, por causa do bug do milênio. Mas a série ganha mesmo a partir do momento em que coloca os seus protagonistas juntos.

Os primeiros 10 minutos do episódio se dedicam a apresentar Miguel: um cara romântico que descobriu a traição da mulher que ia pedir em casamento e, desde então, meio que se fechou para o amor ou algo assim… não de uma maneira durona, mais de uma maneira tristonha mesmo. Assim como Lindsay, Miguel também tem três vozes em sua cabeça, mas o que eu achei mais inusitado e mais interessante, no seu caso, é que as três vozes não estão realmente em uníssono – enquanto as de Lindsay parecem falar coisas mais similares, as vozes de Miguel parecem em constante atrito e contradição, o que torna tudo ainda mais bizarro e divertido, porque cada voz tem um tipo de pensamento, um tipo de conselho e, consequentemente, um tipo de música.

Assim, os números musicais do episódio são, na sua maioria, as diferentes vozes de Miguel conversando com ele. A primeira delas é ao som de “Tiger Shark”, por exemplo, que é um verdadeiro coach mulherengo que não tem nada a ver com o Miguel que conhecemos, mas que é alguém que ele quer ser, e que parte dele é, na verdade, e acaba sendo hilário… são, talvez, os conselhos mais corajosos e que o impulsionam. A representação da mãe canta “Smart Smart Smart Smart Boy” e é a representação de uma parte de Miguel que lhe acalenta e que o valoriza e quer dizer que está tudo bem, às vezes até demais, como aquela voz que quer mantê-lo na zona de conforto, sem mudanças. E uma ex-namorada que canta “You Don’t Belong” e que duvida dele.

Particularmente, as vozes de Miguel me chamaram muito mais a atenção que as de Lindsay.

Com a visão de Miguel das cenas que ele compartilhou com Lindsay no episódio anterior, as coisas começam a fazer mais sentido, e Lindsay aparece no seu trabalho no dia seguinte, com cupcakes, para saber se está tudo bem ou algo assim – e então ela descobre que ele mentiu sobre qual era o seu escritório na noite anterior, ou a fez acreditar em algo que não era verdade, porque, como ele se defende, ele não chegou mesmo a dizer que aquele era o seu escritório nem nada disso… a dinâmica dos dois é interessantíssima, porque começou ousada, corajosa, leve e quente, no primeiro episódio, e agora se torna explosiva, mas não necessariamente de uma boa maneira, e isso rende um quê de comédia e de romance que realmente pode ser a cara de “Up Here”.

E o episódio se torna muito mais fofo e legal quando Lindsay sofre um acidente no trabalho de Miguel (!) e precisa que alguém verifique se está tudo bem com ela e se ela está consciente a cada hora, e como Lindsay não tem ninguém em Nova York que possa se responsabilizar por isso, o próprio Miguel se voluntaria – e quem diria que isso podia se tornar algo tão absolutamente fofo?! Miguel acompanha Lindsay até em casa (embora ela não queira revelar qual é o prédio no qual ela mora, no fim das contas), e os dois conversam um pouco enquanto andam pela cidade, em uma conversa na qual Lindsay está cheia de cobranças e Miguel até que se sai muito bem, com certo tom de quase deboche que, de alguma maneira, acaba sendo muito charmoso.

E os dois se conectam de verdade no restante do dia, quando Miguel se dedica a ligar para Lindsay e conversar brevemente com ela uma vez a cada hora – e é lindo. Lindsay não queria se envolver, mas ela acha a atitude muito fofa e a faz ver que ele é uma boa pessoa, e ela tampouco foi inteiramente verdadeira quando falou sobre o seu trabalho na noite anterior, porque disse que era uma romancista e é mais “uma pessoa cheia de ideias para possíveis romances”, e no fundo ele adora isso… o clima é tão leve e a química dos dois funciona tão incrivelmente bem mesmo quando eles estão separados em cena que foi aqui que eu comprei de vez a ideia de “Up Here”, porque eu queria ver como esse romance se desenrolaria, eu quis, de verdade, torcer por eles!

Musicalmente, o episódio se sobressai com “Who Am I and Who Are You?”, como eu comentei no início da postagem: um dueto muito íntimo e sentimental dos dois, que dividem a cena brilhantemente, e as vozes soam perfeitas juntas… é realmente de arrepiar, e a primeira música que eu vou ficar ouvindo sem parar de “Up Here” (e, agora, estou bem curioso para o que a série apresentará nos próximos episódios!). Quando Miguel chama Lindsay para tomar café-da-manhã com ele na manhã seguinte, no entanto, as coisas não saem conforme o planejado porque Lindsay até está empolgada e chega a ir ao lugar marcado, mas acaba escutando as vozes da sua cabeça, ficando com medo de estar cometendo um erro e voltando para casa sem falar com ele.

Mas tudo bem, ainda é o segundo episódio.

Eles têm muito a viver!

 

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