Up Here (Amor nas Alturas) 1x03 – Signs
“It’s a sign!”
Acho
impressionante (e, de certa maneira fascinante)
a capacidade que alguns personagens têm de fazer
tudo errado – como a Lindsay em relação ao Miguel durante esse terceiro
episódio de “Up Here”. Depois de
ouvir demais as vozes em sua cabeça e acabar deixando o Miguel, que parecia um
cara bem legal, plantado em um
café-da-manhã que eles tinham marcado, Lindsay se vê “obrigada” a retornar a
ele quando ele parece ser a sua grande inspiração como escritora. Afinal de
contas, ela abandonou o seu casamento infeliz e mudou-se para Nova York com um
propósito claro: ela quer ser uma grande
escritora, e talvez ela tenha a chance quando a sua professora se encanta
pelo primeiro capítulo de um romance que ela escreveu e sugere transferi-la
para uma turma mais avançada…
O problema é
que o primeiro capítulo escrito por Lindsay é sobre um cara que misteriosamente chora durante uns amassos e vai embora sem
explicações – exatamente como aconteceu com Miguel, na primeira noite em
que eles estiveram juntos. E, para poder mudar para uma oficina mais avançada,
Lindsay precisa enviar uma média de 30 páginas e, portanto, dois capítulos prontos – mas ela não
sabe como a história termina. Por isso, ela precisa encontrar Miguel e descobrir: por que ele chorou? É
extremamente desconfortável (mas daquele jeito divertido de comédias, do tipo
que a gente fica se escondendo atrás da almofada para amenizar a vergonha
alheia, quase sem acreditar no que estamos vendo) ver a Lindsay plantada na frente do trabalho de
Miguel, esperando por ele para “forjar um sinal”.
Ah sim,
porque Lindsay acredita muito em sinais, embora os interprete como ela bem
entende, como vemos em “It’s a Sign!”,
a primeira música desse episódio. O encontro e a conversa entre Lindsay e
Miguel no meio da rua na frente do prédio em que ele trabalha é uma das melhores cenas da série até aqui,
e nem é necessariamente por causa especificamente de Miguel e de Lindsay – mas
por causa de todo o ruído de suas cabeças se encontrando. Enquanto eles tentam
manter uma conversa e parece que não têm muito o que dizer, as seis vozes (três
para Lindsay e três para Miguel) estão alvoroçadas,
e é aqui que a comédia de “Up Here”
realmente se sobressai, e mal posso esperar para ver mais cenas assim, até que eles consigam se livrar das vozes ou algo assim.
Contra todas
as possibilidades, os dois começam a se aproximar novamente… Miguel está
estressadíssimo com uma missão quase impossível do seu trabalho para aquela
semana e meio sem paciência para a mulher que o deixou plantado e não deu
nenhuma explicação, e Lindsay está egoistamente interessada em arrancar dele a
informação de por que ele chorou. E,
surpreendentemente, ela consegue! Quando os dois jogam a bolsa um do outro
dentro de um terreno com uma placa proibindo a entrada, e entram para se sentar
em uma pedra e olhar para a rua, Miguel se abre e podemos ver o capítulo dois, “Chapter Two”, do romance de Lindsay se
escrevendo – e, curiosamente, esse é um ponto de virada importante (e digno, eu
diria) para a personagem.
Porque
Lindsay decide não escrever mais…
Não esse
romance, pelo jeito. Mesmo com a história perfeita em mãos, mesmo com Miguel
ali na sua frente, abrindo seu coração, ela sabe que precisa descartar esse
material porque não é certo, ético ou justo com ele: não é sua história a contar. O que não quer dizer, é claro, que as
coisas não desandem totalmente antes
de melhorarem, porque Lindsay acaba contando tudo para Miguel, e não tem como
ele se sentir diferente do que ele se
sentiu: como se tivesse sido usado, como se o que eles passaram naquele dia não
significasse nada, e ele vai embora arrasado, depois de uma cena BIZARRÍSSIMA
na qual ela mata uma família de uns dez
ratos queimados dentro do forno – sério, eu fiquei em tamanho choque
naquela cena que mal acreditei.
O romance de
Lindsay e Miguel é todo problemático. Racionalmente, acho que deveríamos dizer
a Miguel que o melhor que ele poderia fazer era fugir e teve vários “sinais” que indicavam isso, mas, ao mesmo
tempo, eles têm tanta química e está tão gostoso os acompanhar que, em parte,
ainda torcemos… e acho que Lindsay está fazendo a coisa certa, como quando ela
diz que não vai mais escrever aquele livro porque a história de “Mitchell” não
é a sua, e a professora a ajuda a ver algumas coisas: a) que ela é uma ótima
escritora; b) que ela ainda tem outras histórias para contar; e c) que
“Mitchell” era um personagem tão fascinante porque a escritora se importava com
ele. Então, é isso o que ela diz a Miguel quando o encontra novamente e,
naquele momento, as coisas parecem dar certo.
Pelo menos por ora.
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