Doctor Who (1ª Temporada, 1964) – Arco 004: Marco Polo, Parte 1
A caravana de Marco Polo em 1289.
Exibido
originalmente entre 22 de fevereiro e 04 de abril de 1964 em sete partes, “Marco Polo” é o quarto arco da
primeira temporada de “Doctor Who”, e
é um dos muitos casos de episódios
perdidos nas Eras do Primeiro e do Segundo Doctor. Todos os episódios que
foram perdidos eventualmente pela BBC, no entanto, conseguiram sobreviver ao
menos em áudio, o que quer dizer que ainda podemos ter acesso a essas
histórias, seja através de animações que mais recentemente foram encomendadas
pela BBC para “substituir” alguns desses episódios, ou na forma de reconstruções mesmo: o áudio original
com fotos dos episódios e descrições de algumas cenas, quando necessário… e,
surpreendentemente, continua sendo uma experiência incrível!
“Marco Polo” é um EXCELENTE arco
de “Doctor Who” – e digo isso tendo
assistido apenas à reconstrução, que é o que temos disponível. Assim como “The Daleks”, trata-se de um
arco longo que chamou a atenção do público e manteve o programa com bons
índices de audiência durante toda a sua exibição… em “Marco Polo”, como o nome sugere, o Doctor, Susan, Ian e
Barbara acabam em uma paisagem nevada no ano de 1289, onde encontram a caravana
liderada por Marco Polo, rumo a uma visita ao Imperador Kublai Khan. E como as
coisas nunca são simples para o
Doctor e seus companions, eles têm
que lidar com a “apreensão” e um conserto na TARDIS, bem como com o sanguinário
e traiçoeiro chefe de guerra Tegana, em quem Marco Polo confia cegamente.
O primeiro
episódio do Arco, “The Roof of the
World”, explora os cenários geladas do Himalaia, algumas pegadas
misteriosas, e apresenta os personagens e suas motivações… Tegana não confia nos visitantes desde o
primeiro momento, e está convencido de que eles são “espíritos malignos” que
precisam ser detidos, o que motiva Marco Polo a “confiscar” a TARDIS – ou, como
ele diz, a “carruagem” do Doctor… que,
naturalmente, gera estranheza e, quiçá, medo na época; afinal de contas,
trata-se de uma carruagem sem rodas e pequena demais para ter suportado todos
aqueles viajantes. Certamente Tegana tem razão e eles são mágicos ou
espíritos malignos… gosto de como o roteiro oficializa, em um diálogo, como a
TARDIS é onde eles se sentem seguros, onde se sentem em casa…
Dessa vez,
no entanto, a TARDIS precisa de reparos, e o Doctor precisa de tempo para consertar uma peça – e
precisa conseguir fazer isso antes que Marco Polo ofereça sua “carruagem” de
presente ao Imperador Kublai Khan, como uma forma de cair em suas graças e
conseguir autorização para voltar para casa, para onde não retorna há 18 anos…
assim, o Doctor e os demais se unem à caravana de Marco Polo, e “The Singing Sands”, o segundo episódio
do Arco, traz alguns momentos muito interessantes, como o começo da amizade de
Susan e Ping-Cho, uma garota que está indo para um casamento arranjado e não
está nada feliz com isso, uma tempestade de areia assustadora, e o perigo
humano representado por Tegana, que sabota o estoque de água da caravana.
Tegana é o
vilão principal de “Marco Polo”,
e ele tem seus próprios objetivos, que envolvem matar Kublai Khan, por exemplo. Para isso, ele manipula Marco Polo
e se aproveita do fato de o explorador confiar
tanto nele, enquanto tenta conduzir a caravana, sugerindo um retorno depois
de o estoque de água ser sabotado, como se fosse um ataque de bandidos que
estão preparando uma emboscada para eles ou algo assim… “Five Hundred Eyes”, o terceiro episódio do Arco, traz uma oficialização da vilania de Tegana em
cenas interessantes e maldosas, como a sua chegada ao oásis, no qual ele
debocha de Marco Polo e não pretende voltar levando água para a caravana a
tempo… felizmente, a condensação faz água brotar das paredes da TARDIS e o
Doctor consegue salvar a caravana sem precisar de Tegana.
O que, é
claro, é um alerta para ele…
Com a
chegada da caravana a Tung-Huang, Tegana continua seus negócios escusos, visitando uma caverna sinistra para reuniões com
outros malfeitores, por exemplo, e aqui eu preciso dizer: A BARBARA É
MARAVILHOSA! Fico muito feliz porque o desenvolvimento dado à personagem em “The Edge of Destruction”, o
Arco anterior, é levado em consideração pelo roteiro de “Marco Polo”: assim como Barbara foi a pessoa que percebeu o
que estava acontecendo quando a TARDIS parecia estar dando problema no Arco
anterior, agora ela segue novamente o seu instinto e é a primeira a desconfiar
de Tegana e de suas ações… e como ela parece estar sozinha nessa dúvida, ela o
segue até a Caverna dos Quinhentos Olhos e acaba se colocando em perigo.
Portanto, “The Wall of Lies”, o quarto episódio
do Arco, traz uma mudança na maneira como Marco Polo se comporta em relação aos
seus prisioneiros… tentando esquivar-se de qualquer suspeita, Tegana envenena a
mente de Marco Polo a respeito do Doctor e seus companions, e o faz acreditar que eles estão tentando jogar uns contra os outros para separar a
caravana e atacá-los quando eles estiverem desprevenidos, e Tegana
infelizmente tem um timing excelente
que resulta justamente no Marco Polo desconfiando do Doctor e dos demais quando
eles aparecem para falar sobre suas desconfianças a respeito de Tegana… nem
mesmo em Ping-Cho Marco Polo acredita, e acha que suas “provas” contra Tegana
não são concretas o suficiente. Ele
precisa de muito mais que isso para não confiar em Tegana.
Estamos na
metade do Arco, o que quer dizer que as coisas ficam cada vez mais tensas, e a situação do Doctor e dos demais cada vez
mais precária… Tegana segue confirmando a confiança de Marco Polo, e consegue
fazê-lo duvidar veementemente do Doctor quando prova que o Doctor tem entrado
na TARDIS escondido com uma segunda chave,
que acaba sendo retirada dele também – e, agora, o Doctor não tem como seguir
trabalhando nos reparos que eventualmente poderiam levá-los de volta para casa…
ou pelo menos para bem longe da caravana
de Marco Polo. Sem a chave principal e a chave reserva, os viajantes estão
desamparados e quase sem esperança… a não
ser, é claro, que eles consigam recuperar uma das chaves.
E essa é a
prioridade agora!
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