A Noite das Bruxas (A Haunting in Venice, 2023)
The Children’s Vendetta.
Agatha
Christie é uma das mais célebres escritoras de histórias de detetives do mundo,
tendo escrito dezenas de romances que são um presente para qualquer pessoa
apaixonada pelo gênero… muitos deles foram protagonizados por Hercule Poirot, o
célebre e metódico detetive belga “das listas”, capaz de resolver qualquer caso. Material-base de uma variedade de
adaptações em diferentes mídias ao longo dos anos, as histórias protagonizadas
por Hercule Poirot vêm ganhando novas adaptações para o cinema desde 2017, sob
a direção de Kenneth Branagh, que também estrela os filmes. Depois de “Assassinato no Expresso do Oriente”, de
2017, e “Morte no Nilo”, de 2022, a
mais nova adaptação de um romance de Agatha Christie é “A Noite das Bruxas”.
O filme de
2023 é baseado no livro de 1969 (embora em português o livro e o filme
compartilhem o mesmo título, os títulos originais não coincidem, já que o livro
adaptado como “A Haunting in Venice”
se chama “Hallowe’en Party”) e, para
a sua versão cinematográfica, ambientado em um Dia das Bruxas em Veneza… o que,
eu preciso dizer, gera um clima bem interessante
e sombrio – inclusive, pensei muito
em “O Fantasma da Ópera” em mais um
momento, acho que especialmente por causa dos barquinhos conduzidos por pessoas
mascaradas, e quase esperei ouvir “The
Phantom of the Opera is there… inside your mind”. E é justamente esse tom
soturno de obras clássicas do suspense e do terror que “A Noite das Bruxas” replica.
É um filme
propositalmente diferente de seus
dois antecessores, o que me agrada muito. Embora tenhamos semelhanças
garantidas pelo personagem principal e seus métodos, e pelo recurso também
utilizado em “Assassinato no Expresso do
Oriente” e “Morte no Nilo” de o
detetive, o criminoso e todos os suspeitos ficarem
confinados em um espaço limitado (primeiro em um trem, depois em um navio e
agora em uma “casa mal-assombrada”), esse filme não é apenas um filme de
suspense e de mistério, mas flerta com características do terror, incorporando o sobrenatural ou a crença de tal, em um filme
escuro e sem cores, que refletem a ambientação em uma macabra noite de
Halloween em uma casa velha que dizem ser mal-assombrada ou amaldiçoada.
Assim, esse
toque de sobrenatural, fruto de artimanhas, golpes e/ou envenenamento, dá ao
filme uma cara nova, com direito a
sustos e ainda mais mistério, porque
Hercule Poirot parece eventualmente confuso
com as coisas que está vendo e ouvindo – coisas que não deveriam estar ali. Toda
a premissa de “A Noite das Bruxas”
nasce da proposta de Ariadne Oliver, uma escritora de romances policiais e
antiga amiga de Hercule Poirot, que quer tirar o detetive de sua
“aposentadoria” e, para isso, propõe que ele a ajude a desmascarar uma médium que ela parece acreditar ter dons de verdade… e, depois de uma
Festa de Halloween oferecida a órfãos naquela casa assombrosa, Joyce Reynolds
conduz uma espécie de sessão espírita para falar com uma garota que morreu ali…
E, então,
Hercule Poirot precisa lidar com o mistério de três diferentes assassinatos.
Primeiro, a morte de Alicia Drake, o espírito com quem Joyce Reynolds
supostamente está se comunicando, que pode ter morrido ao se jogar da sacada da
casa depois de ser constantemente atormentada por fantasmas ou por causa de
problemas mentais não devidamente tratados, mas que pode, ainda, ter sido empurrada por outra pessoa… depois, as
duas mortes que acontecem naquela fatídica noite de Halloween: a morte de Joyce
Reynolds, a médium charlatã que conduz a sessão espírita, e a de Leslie
Ferrier, um médico atormentado pelas coisas que vivera na guerra. Esses dois,
sim, inegavelmente assassinados. Como
Hercule Poirot resistiria à tentação de resolver
esse caso?
Além de
Kenneth Branagh reprisando o seu papel como Hercule Poirot, o filme conta com
Tina Fey no papel de Ariadne Oliver, a escritora que dá início a toda essa
história ao levar Hercule à mansão; Michelle Yeoh como Joyce Reynolds, a médium
que revela o assassinato de Alicia Drake e é morta logo em seguida; Ali Khan e
Emma Laird como Nicholas e Desdemona Holland, os assistentes de Joyce; Kyle
Allen como Maxime Gerard, o noivo de Alicia que terminara com ela antes de sua
morte; Jamie Dornan como Leslie Ferrier, o médico atormentado; Jude Hill como
Leopold Ferrier, o inteligentíssimo e atento filho de Leslie; Riccardo
Scamarcio como Vitale Portfoglio, guarda-costas de Poirot e ex-policial; Kelly
Reilly como Rowena Drake, a mãe de Alicia; e Camille Cottin como Olga Seminoff,
a governanta da casa.
“A Noite das Bruxas” é a típica história
de Hercule Poirot – E EU ADORO! Passamos o filme todo apontando dedos conforme Poirot interroga os diferentes suspeitos,
e o filme tem uma galeria de personagens muito interessantes de se acompanhar.
É legal ouvir as histórias e tentar juntar as peças, até que Hercule prenda
todos do lado de dentro em uma cena que, visualmente, já nos conta que estamos prestes a saber a resposta do
mistério – Hercule Poirot reunindo todos os suspeitos para “contar a
história em detalhes” é uma característica de Agatha Christie e, naquele
momento, eu só relaxo e aproveito… é verdade que tem conclusão a que eu não faço ideia de como Hercule Poirot
chegou, mas a trama parece satisfatoriamente bem amarrada no fim das contas.
É um
excelente mistério e uma excelente resolução.
Veremos mais
de Hercule Poirot no cinema com os filmes dirigidos, produzidos e
protagonizados por Kenneth Branagh? Não sei. Espero que vejamos? Com certeza.
Agatha Christie é uma escritora criativa e Hercule Poirot é um personagem
riquíssimo, ambos cheios de histórias
para contar… existem tantos outros romances protagonizados pelo detetive
belga que pensar em interromper a franquia por aqui é quase impensável. Até
porque Hercule Poirot começa o filme sentindo-se sobrecarregado e “se
escondendo” em Veneza de assumir novos casos, mas “A Noite das Bruxas” o traz de volta à ativa e é só uma questão de
tempo até que ele se depare com mais um caso desafiador que ele simplesmente não vai conseguir deixar de lado sem
resolver.
E eu estarei
aqui para assisti-lo!
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