O Malefício (2023) – A tristeza de Juanito
“La sucesión está cerca”
Eu sinto que
o Juanito é o personagem mais importante de “O
Malefício”, sério. Complexo e carismático, Juanito pode ser o “sucessor” de
Enrique de Martino na “organização”, e essa deve ser uma das grandes tramas da
novela nos próximos capítulos… já tivemos conversas, dentro da
organização/seita, sobre como Enrique “não poderá manter todo esse poder nas
próprias mãos para sempre”, e a conversa fala sobre “estar atentos aos sinais
da sucessão” – acho que todo mundo meio que espera que o sucessor seja o Jorge
ou o Raúl, e talvez por isso o Enrique esteja tão determinado a convencer o
Raúl a se tornar parte da organização, mas inesperadamente a sucessão pode vir
de Juanito, e o próprio Enrique parece estar começando a perceber esses sinais.
Enrique
conheceu Juanito no mausoléu em que sua esposa está enterrada, e parece
surpreso com o comentário do menino sobre como “havia uma serpente ali”: uma
serpente que não está mais ali,
subitamente. E esse evento acaba se tornando cada vez mais misterioso, quando vemos Juanito conversar com Leo, o
seu gato que o guiou até o mausoléu, e perguntar a ele “como ele foi parar no
cemitério”, e então nos perguntamos se o gato realmente chegou a estar no cemitério em algum momento. Além disso,
Juanito desperta assustado com a serpente
embaixo do seu cobertor em uma cena desesperadora na qual ele grita de medo
e Beatriz corre para acalmá-lo, mas não existe nada ali sob o cobertor, e
Beatriz acredita que aquilo foi “apenas um pesadelo”.
Mas foi, de
fato?
Pareceu real e assustador demais.
Além disso
tudo, Juanito lida há alguns anos com a morte do pai, que ainda o entristece, e
o bullying na escola. A professora de
Juanito, sem saber exatamente o que está acontecendo, chama Beatriz para
conversar e fala sobre as suas mudanças e os
sinais de depressão que ela percebeu, então Beatriz resolve procurar um
psiquiatra… e enquanto Beatriz está buscando ajuda profissional, Juanito acaba
se abrindo com a irmã e com a tia, falando sobre como ele sente falta do pai e
de quando eles eram felizes juntos, e como ele tem uns meninos o atormentando
na escola, mas ele pede que elas não digam nada para a mãe, porque ele “não
quer que ela fique triste”… é tão doloroso que o Juanito se sinta assim e que
ele queira proteger a mãe.
Vicky
prometera a Juanito que não diria nada à mãe, mas ela também está preocupada
com o irmão, e quando Beatriz traz à tona a conversa com a professora, Vicky
sente que não pode esconder isso, o que é muito responsável de sua parte… o que
Juanito está passando na escola é absurdo, e me revolta cenas como aquela em
que os outros garotos tentam roubar uma figurinha sua e, depois, rasgam o seu
álbum, riem e ainda o empurram no meio da sala de aula… dessa vez, felizmente,
a professora flagra parte do acontecido, manda os meninos para a diretoria e
abraça o Juanito com carinho, perguntando “por que ele não disse que o estavam
incomodando”. Na verdade, a professora
prestou mais atenção depois de uma ameaça de Beatriz.
Durante a
primeira sessão de terapia, Juanito consegue se abrir com o psiquiatra em uma
sequência tristíssima na qual ele fala sobre o pai, sobre a falta que sente de
quanto o tinha por perto, e se refere a si mesmo como “um brinquedo estragado”,
porque é assim que os meninos da escola fazem com que ele se sinta, quando o
provocam, depois dizem que “ele não tem ninguém que o defenda” e o provocam ainda
mais… Kaled Acab entrega uma atuação sincera a Juanito, que sabe ser fofo e
adorável, bem como sabe transmitir toda a dor que ele sente em momentos como
esse… é, para mim, um dos personagens mais difíceis de “O Malefício”, e eu estou curioso para saber como será desenvolvida
a relação com Enrique, a sucessão e a saudade do pai.
Destaque
para a cena de Beatriz dando a Juanito um crucifixo que pertencera ao seu pai,
um gesto bonito para que ele “se sinta mais protegido” e “sinta o pai mais
próximo dele”. Cuidadosa, Beatriz fala sobre como o pai sempre estará com ele
porque deixou o mais valioso, que é o seu amor, e parece um embate promissor
essa fé determinada de Beatriz e a origem sinistra de todo o poder, dinheiro e
influência de Enrique de Martino… quer dizer, ele se engasgou com a simples
menção a Deus em uma conversa com Beatriz, como ele vai reagir ao crucifixo no
pescoço de Juanito? E, mais importante do que isso: como será o próprio Juanito
dividido entre essas duas forças? De um lado, a proteção divina acentuada pela
fé da mãe; de outro, a sucessão de Enrique.
Deve ser
interessante!
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