Vale o Piloto? – 3 Body Problem (O Problema dos 3 Corpos) 1x01 – Countdown
“Has the
universe ever winked at you?”
Quando eu li
“O Problema dos Três Corpos”, livro
de ficção científica de Cixin Liu vencedor de um Prêmio Hugo como Melhor
Romance, eu senti, sem exageros, que eu
nunca mais seria o mesmo. Eu sou intensamente apaixonado pelo gênero, o
tendo transformado em meu objeto de pesquisa durante o mestrado, inclusive, e é
facilmente um dos melhores livros de ficção científica que eu já tive o prazer
de ler. A maneira como Cixin Liu mescla ciência, ação, mistério, suspense e
filosofia em uma história cada vez mais
surpreendente é um feito impressionante que fez com que eu vivesse aquele livro por todas as horas
em que estive com ele em mãos… e, agora, ele é adaptado para uma série de 8
episódios da Netflix, que foi lançada no último dia 21 de março.
Há tanto
coisa que eu espero ver nessa primeira temporada de “3 Body Problem” – e aquele trailer ao fim do Piloto me deixou
bastante empolgado com o visual que encontraremos! A experiência de assistir a
esse primeiro episódio foi muito bacana… a transposição para uma outra mídia
traz mudanças naturais de uma adaptação, e nenhuma chega a me incomodar por ora – embora o episódio
tenha me parecido bastante rápido. Há
muita coisa que só vamos entender ou mesmo cogitar
muito mais tarde, e que já foi talvez precocemente mostrado nesse episódio, em
uma ânsia de deixar algumas coisas claras para quem está chegando à obra sem
ter lido o livro, que eu acredito que é a maior parte do público. Se isso é bom
ou ruim, só o tempo dirá…
De todo
modo, eu acho que há algo que se perde nesse aspecto, e com a plena consciência
de que isso está ligado à minha expectativa como leitor e fã da obra em que a
série é baseada. Acho que o primeiro episódio, apesar de rápido e de trazer
bastante informação, acaba sendo bastante claro, quase didático, e já sugere
toda a questão “alienígena” em seus minutos finais, tirando um pouco o peso de
todo o mistério angustiante (e eletrizante) que está presente na primeira parte
do livro, em que de fato não sabemos o
que está acontecendo, e estamos tão confusos quanto aqueles cientistas que
estão enfrentando a premissa de que “a ciência não existe”. O que, de fato, está acontecendo ainda
não é explicado, é claro, mas já temos uma ideia de quem está por trás.
A estreia de
“3 Body Problem”, com essas decisões
criativas todas, avança bastante na história, apresenta vários elementos e
consegue manter um ritmo bom que deve chamar a atenção de amantes de ficção
científica – com ciência e filosofia desempenhando um papel mais breve, a série caminha depressa da
morte de Ye Zethai em 1966, os efeitos dela e da Revolução Cultural sobre Ye
Wenjie até a sua descoberta sobre o real intuito do Projeto Costa Vermelha, de
um lado da narrativa, e dos misteriosos suicídios de cientistas ao redor do
mundo, por causa de resultados caóticos em diferentes aceleradores de
partículas que estão colocando em dúvida a ciência propriamente dita, até a
contagem regressiva e o momento em que o
universo pisca para a humanidade.
Dois
momentos de uma mesma história.
Foi curioso
acompanhar Ye Wenjie, que já é bastante explorada mesmo no primeiro episódio,
que se preocupa em evidenciar a sua importância para o futuro da série. A vemos
em 1966 na Universidade de Tsinghua, durante a Revolução Cultural, assistindo à
morte do pai; a vemos depois em 1967, no Corpo de Construção, quando ela entra
em contato com o livro “Primavera
Silenciosa”, que mudará a sua forma de pensar para sempre; a vemos pouco
depois sendo recrutada para a Costa Vermelha, onde eles supostamente estão
trabalhando com armamentos, mas ela mesma percebe que o intuito da base não é esse; e, por fim, a vemos também
em 2024, como a mãe de Vera Ye, uma das cientistas que acabou de suicidar
dentro de um acelerador de partículas.
No presente,
acompanhamos um grupo de cientistas que, aparentemente, dividirão o papel que é
de Wang Miao no livro. Temos Saul Durand, um cientista cujo projeto acabou de
ser fechado depois de resultados desastrosos que parecem provar que as teorias,
por mais bonitas que fossem, estavam erradas; temos Auggie, uma cientista
responsável por um projeto com nanomateriais, e que é a próxima a começar a enxergar uma contagem regressiva,
sendo, portanto, a personagem mais próxima que temos de Wang Miao em “O Problema dos Três Corpos”; e temos
Jin Cheng, que é quem visita Ye Wenjie e descobre a respeito do capacete e do
jogo online, e talvez seja a partir dela que vejamos as partidas? Ou
acompanharemos vários jogadores?
Próximos
episódios nos dirão isso.
É uma
estreia promissora. Com um ritmo excelente que não nos deixa ver o tempo
passar, mesmo com um episódio longo, eu acho que muita coisa já foi trazida, a
temática alienígena já é fortemente sugerida (ou evidenciada?) no fim do
episódio, e agora vamos ver como a história se desenrola daqui para a frente…
há muita coisa a ser explorada nesse universo de “3 Body Problem”. A sequência final é protagonizada por Auggie, que
tem pouco mais de 10 horas em sua contagem regressiva, quando o universo literalmente pisca para ela – algo muito
mais literal mesmo na série do que no
livro, uma escolha que é visualmente interessante e impactante, mas que
causaria um caos irremediável no mundo, e, por ora, esse caos está “reservado”
a cientistas…
Os poucos
que entendem o que está acontecendo.
Será o fim
do mundo?
Para mais
Pilotos de séries, clique
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Para ler minha review do livro “O Problema dos Três Corpos”, clique
aqui.
Gostei da série! Bem promissora...espero que a Netflix renove.
ResponderExcluirEu ainda nem terminei de ver a temporada, mas já quero renovação! Bora adaptar "A Floresta Sombria" e "O Fim da Morte" para encerrar essa história haha
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