Vale o Piloto? – Mary & George 1x01 – The Second Son

“Where are we?” “France”

Curiosamente divertida, dramática e excitante, a estreia de “Mary & George” é uma promessa e tanto! Protagonizada por Julianne Moore como Mary Villiers e por Nicholas Galitzine como George Villiers, o Primeiro Duque de Buckingham, a minissérie de 7 episódios é baseada no livro “The King’s Assassin”, de Benjamin Woolley, e retrata o caso entre George Villiers e o Rei James VI e I – naturalmente, tomando uma série de liberdades criativas. Inspirada, portanto, por uma história real, a série parece se desvencilhar de muitas responsabilidades para entregar um drama ousado, intenso e, de certa maneira, anacrônico. Nota-se, desde o primeiro episódio, que o potencial é imenso! Há um quê de perversidade, muita ambição, certa crueza e, é claro, bastante sensualidade.

O anacronismo é um elemento peculiar que, se bem utilizado, sempre me faz sorrir – e, no caso de “Mary & George”, acredito que o anacronismo está muito presente na linguagem. Se não presente, necessariamente, na fotografia, o anacronismo faz parte da direção, do ritmo e dos diálogos, de uma forma fascinante que, de certa maneira, tem tudo a ver com essa ideia de uma França pra frente, que é para onde George é enviado por sua mãe contra a sua vontade. “The Second Son” nos apresenta o nascimento de George Villiers em 1592 e, depois, um jovem de 20 anos em 1612, com uma vida aparentemente infeliz e uma tendência ao sofrimento. A primeira cena do jovem George é tentando se enforcar (quer dizer, estava mesmo?), com Mary vindo resgatá-lo.

A construção da personagem de Mary é, de certa maneira, o que conduz parte do episódio – e que dita o futuro da série. Afinal de contas, ela é fria, ágil e interesseira… ela quase celebra a morte de um marido abusivo do qual ela não vai sentir qualquer falta, e se pergunta quanto tempo ela tem que esperar até que possa se casar novamente sem que as pessoas fiquem comentando e tudo o mais. Mas ela acredita que a sua “mina de ouro” é o seu segundo filho: George Villiers certamente tem muito a conquistar com a sua beleza estonteante, não tem? Para poder torná-lo alguém “mais maleável” e “mais solto”, talvez, Mary acredita que ele precisa ser enviado para a França o mais rápido possível, porque existem algumas coisas que ele pode aprender…

E eu diria que, apesar dos protestos iniciais de que “não queria ir para a França de jeito nenhum”, George Villiers tem uma boa estadia na França, e eu gostaria muito de ver mais dele por lá! A cena de Jean o conduzindo pela casa na qual ele vai morar até o seu quarto e passando por cômodos nos quais as pessoas estão transando sem qualquer pudor é curiosa e, sim, maravilhosa, e eu gosto de como Jean parece saber tudo a seu respeito e como trabalha com certa sedução durante todo o tempo – isso porque ele percebe a maneira como George olha para ele, mesmo que talvez nem George perceba. Gostei muito da sequência de esgrima, por exemplo, dos sorrisos e do convite safado de Jean e de Vincent quando George aparece no quarto de Jean durante a noite…

Toda a construção da cena é PERFEITA! A maneira como Jean está quase sem fôlego e todo molhado; como Vincent aparece completamente nu e desinibido, perguntando se George “vai se juntar a eles”; como Jean abre os olhos de George para o fato de que talvez ele tenha mesmo olhado para ele; como Jean beija Vincent provocantemente na cama e George os assiste, antes de ir embora; como George volta segundos depois, e não apenas para assistir, mas largando a vela sobre uma cômoda, tirando a própria roupa e indo para a cama se divertir e sentir prazer. Não vou mentir: a sequência é excitante, ainda que discretíssima, no fim das contas. E George é um homem de sorte, porque tanto Jean (Khalil Ben Gharbia) quanto Vincent (Dimitri Gripari) eram lindíssimos!

Não vou negar que eu gosto dessa atmosfera de liberdade sexual – com poucos julgamentos, onde o que importa é ter prazer. E acho que, em parte, era isso que Mary esperava que George “aprendesse” em sua viagem à França, porque, quando ele retorna para casa, ela já tem uma ideia do que quer que ele faça… diferente do que George imaginou que o esperaria quando ele retornasse, Mary não escolheu uma mulher rica, influente e da realeza com quem ele deveria se casar, mas pretende que ELE SEDUZA O REI JAMES! Afinal de contas, já existe um homem com quem o Rei James transa, é verdade, mas a própria Mary deixou muito claro que, mais cedo ou mais tarde, o rei pode trocá-lo por outro. Ela acredita na beleza e na capacidade de sedução do seu filho.

É uma atitude perversa de Mary, é verdade. Ela está sendo cafetina de seu próprio filho – mas me pergunto quanto disso não acontecia de fato nessa época! Agora, George Villiers tem uma missão, e eu diria que ele é bem-sucedido em chamar a atenção do Rei James, mesmo de uma maneira diferente àquela que ele planejou… ele estava ali para servi-lo durante um jantar, mas foi propositalmente derrubado por um colega em uma cena humilhante que quase lhe custa uma mão, mas o próprio James acaba intercedendo por ele, o que quer dizer que, de uma maneira ou de outra, George chamou sua atenção. E é isso o que Mary explica para ele ao final, mostrando que ele só precisa fazer com que ele o veja novamente… e, assim, começa um jogo de sedução e poder.

É curioso! Vamos acompanhar!

 

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