Spare Me Your Mercy – Episódio 8 (Finale)
“The law
has no heart”
Forte,
emocionante e, a meu ver, dentro do que “Spare
Me Your Mercy” precisava entregar como conclusão de sua história… não é um
final aberto, apesar do que algumas pessoas possam dizer, tampouco é um final
triste – o que não quer automaticamente dizer que seja um final feliz. Pensei
muito em “HIStory: Trapped”, mas
acredito que “Spare Me Your Mercy”
conseguiu dar beleza, verdade e sensibilidade a esse final que não é nada
realmente 100% surpreendente, mas tem o seu quê de ousadia, e isso me fascina.
Foram oito episódios conhecendo cada um desses personagens, presenciando suas
ações, descobrindo suas motivações, nos perguntando como as “diferenças” seriam
enfim “solucionadas”, e eu gosto de quando o BL tem coragem de não ser
absurdamente fantasioso.
“Spare Me Your Mercy” termina de me
conquistar completamente nessa conclusão!
Muita coisa
foi resolvida durante o episódio anterior… descobrimos muito a respeito de Boss
e ele fez um acordo com On para confessar a autoria de todas as mortes –
aquelas pelas quais ele era realmente responsável e aquelas que tinham sido
eutanásias do Dr. Kan. Depois da confissão de Boss e de sua morte no fim do
episódio passado, Kan acredita que ele tem finalmente a chance de seguir em
frente – e ele não precisará mais se preocupar com levantar suspeitas, porque
ele tem feito o que faz há muitos anos sem que ninguém desconfie… ou sem que
ninguém desconfiasse, até as intervenções de Boss que quase colocaram tudo a
perder. Sair do hospital acompanhado de Wasan é tudo o que Kan quer naquele
momento, deixando o passado para trás.
Por muito
pouco tempo, Kan vive a fantasia que ele esperava… e nós vivemos um “final
feliz” que não pode durar para sempre enquanto coisas ainda continuarem
não-ditas. Mas temos um momento muito bonito entre Kan e Tew quando Tew o leva
de volta para casa e os dois se entregam um ao outro – Wasan está finalmente disposto a seguir em frente e
para de pensar na morte de sua mãe e tentar achar “culpados”, e ele só quer
saber se ele pode confiar em Kan.
Naquela primeira noite deles, intensa e delicada, eles se entregam em uma cena
quase poética que é marcada pelos toques, pelas reações, pelos olhares… tudo é
muito bonito. Mas é como uma fantasia… é um oásis, uma pausa em todo o resto
para viver o que eles desejariam poder viver.
Mas não
podem… não ainda. Como eu disse, não enquanto algumas coisas continuarem
não-ditas. Misteriosamente, Kan começa a receber cartas cujo remetente é o “Dr.
Pirot” – uma pessoa que ele sabe que não está viva, porque ele foi o primeiro
paciente em quem ele fez uma eutanásia. As supostas cartas do Dr. Pirot levam
Kan de volta ao passado em memórias de quando ele estava começando a sua
carreira como médico de cuidados paliativos, e seu primeiro paciente era um
colega médico que fora seu professor… e que agora, em estado terminal, pede que
ele redija um documento para ele e, depois, acabe com o seu sofrimento. Foi
exatamente naquele momento que o Dr. Kan virou o Dr. Kan que conhecemos durante
“Spare Me Your Mercy”.
Os flashbacks de sua primeira eutanásia e as
cartas que ele tem recebido conduzem a trama a uma revelação que estávamos
aguardando há alguns episódios… e eu achei muito interessante como a série
conseguiu amarrar pontas nos contando
quem é a Dra. Rin na história de Kan: ela
é filha do Dr. Pirot, e ela quer saber a verdade de como seu pai morreu. A
cena de Rin e Kan é muito boa e, de certa maneira, eu acredito que é um
prenúncio da futura cena de Kan e Wasan, e do final deles… porque, naquele
momento, Rin quer entender o que
aconteceu, e ela não fica com raiva de Kan quando descobre toda a verdade… isso
vai ficar para trás – mas, dali em diante, ela fará o melhor em seu trabalho
como legista, então ele que não cometa nenhum erro se não quiser ser pego.
Toda a
conversa de Rin com Kan e a conclusão dessa história, no entanto, é apenas a
introdução para a cena impactante e repleta de emoção entre Kan e Wasan, quando ele chega aonde ele está porque
colocou um rastreador no seu carro – e porque ele finalmente entendeu quem
poderia ter colocado aquela flor azul no cabelo da sua mãe. A cena é
fortíssima, e foi bonito como tudo foi colocado para fora intensamente naquele
momento, em um diálogo muito bem escrito e muito bem interpretado… há toda uma
discussão a respeito de medicina, de ética, de eutanásia, de lei, e tudo se
resume, ao fim, à mãe de Wasan. Kan realmente a conhecia muito bem, e ele fez o
que ela queria que ela fizesse, garantindo que ela partiria em paz, livre de
todo aquele sofrimento…
A dor de
ambos é palpável, e a cena tem inúmeras camadas – a maneira como Wasan encara a
morte da mãe e como olha para a pessoa que ele ama à sua frente; a maneira como
Kan está convicto de que não fez nada errado, independentemente do que a lei
possa dizer; o desespero de Kan para explicar
isso para Wasan; a culpa de Tew por não ter estado com a mãe ou, quem sabe, por
querer perdoar o Kan naquele momento. É muita coisa junta que é brilhantemente
traduzida nas lágrimas de ambos e no surpreendente abraço que Wasan dá em Kan,
e que o pega de surpresa. Mas a lei precisa ser cumprida, então Wasan pergunta
se ele pretende confessar as eutanásias que fizera, e Kan diz que o fará, se é
o que ele está pedindo que ele faça…
Então, os
dois saem juntos de dentro da casa, mudados para sempre, mas com todas as
verdades finalmente ditas… sem nada mais no meio deles naquele momento. A série
ainda nos leva para um último flashback
no qual acompanhamos a eutanásia da mãe de Wasan, e todo o carinho, o cuidado e
a humanidade de Kan com ela, proporcionando-lhe uma morte pacífica e com
dignidade, que é algo em que ele não vai deixar de acreditar, não importa o que
a lei diga. E, de alguma maneira, Wasan entende
isso agora, e o seu perdão está
colocado em atitudes que não mencionam a palavra “perdão” de fato, mas dizem o
mesmo: a maneira como ele toca a mão de Kan, por exemplo, ou como ele diz “Eu te amo, Doutor” – essa é, inclusive,
a última frase de “Spare Me Your Mercy”.
Um final de
tirar o fôlego, uma série espetacular!
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