Dezesseis Facadas (Totally Killer, 2023)
“God, the
80s are wild!”
Uma comédia
divertida com pegada de terror meio trash
que me fez pensar em “Scream Queens”
e uma temática de viagem no tempo – EU ADOREI! “Dezesseis Facadas” foi lançado em 2023 e traz uma adolescente
tentando resolver o mistério em torno de três assassinatos que aconteceram 35
anos antes… na época, três amigas foram mortas pelo “Assassino das 16 Facadas”,
um caso que movimentou a pequena cidade, e agora ele parece estar de volta
quando a mãe de Jamie Hughes é a próxima e inesperada vítima. Retornando a
1987, Jamie tem a chance de capturar o assassino ainda no passado e, quem sabe,
salvar a vida da mãe. É uma sinopse curiosa, com um humor propositalmente
escrachado e com algum tom de deboche que me faz amar.
Me diverti demais assistindo ao filme!
Jamie Hughes
é uma daquelas adolescentes com um quê de rebeldia e aparente desprezo de
fachada pelos pais, e que nunca levou muito a sério o medo em que a mãe viveu
desde os seus 16 anos de ser assassinada…
bem, até que ela é de fato assassinada. Quando o mundo de Jamie parece
desmoronar e o serial killer do
passado está vindo atrás dela também, ela tem como única esperança a máquina do
tempo que a melhor amiga está tentando construir para a feira de ciências, em
uma cabine de foto… é de dentro dessa cabine fotográfica em um parque de
diversões abandonado que Jamie faz o seu salto temporal, chegando a 1987 e
precisando se adaptar a como as coisas são diferentes ao seu redor – mas ela
também tem a chance de mudar o futuro.
O filme é,
em muitos sentidos, uma referência a “De
Volta Para o Futuro” – e eu gosto de como isso fica explícito na maneira
como é a principal referência que Jamie Hughes tem sobre “viagem no tempo”, e
como é o que ela usa para explicar a Lauren o que está acontecendo ou para
tentar explicar para os policiais sobre “um crime que ainda não aconteceu”. É
uma boa sacada até porque Jamie Hughes acaba em 1987, um ano em que “De Volta Para o Futuro” era recente e
ainda não tinha nenhuma sequência. Não ganhamos um clássico “Mãe, é você?” (eu quase achei que
ganharíamos quando ela adormece no carro rumo à cabana), mas todo o conceito de
“conhecer os pais quando eles eram adolescentes e ver que eles são diferentes
do que contam” está ali.
É uma
temática que funciona, não tem jeito! É divertido poder presenciar as
contradições dos pais – Pam sendo grosseira com a mãe depois de, no futuro,
dizer que “nunca falaria com a mãe dela desse jeito”, tal qual Lorraine dizendo
a Marty que “na idade dele nunca correu atrás de garotos”, e ele descobre que
não é bem assim… o conceito de viagem no tempo é similar ao de “De Volta Para o Futuro”, e é explicado
com a analogia de um rio que segue sempre correndo, mesmo que você saia dele,
corre e entre nele novamente em outro ponto, mas quando Jamie teme desaparecer
por “interferir no início do relacionamento de seus pais” (!), Lauren diz que
“o filme representou essa parte errado”: ela não vai sumir, porque isso não é
mágica… ela só não vai ter para onde voltar.
Não sei se é
tão reconfortante, mas enfim.
Grande parte
do humor do filme está no choque de gerações e nas coisas que Jamie considera absurdas em 1987, e que são
propositalmente exageradas: as roupas, os comportamentos, os comentários… Jamie
se depara com um mundo novo em que as coisas são muito inesperadas: de
comentários machistas e possivelmente preconceituosos à facilidade para se
matricular em uma escola porque ninguém verifica o seu passado acadêmico ou
para tomar posse deum brinquedo no parque de diversões, por exemplo. Destaque
para aquela cena em que ela entrega para os policiais um lenço com o sangue do
assassino para que eles possam estudar o DNA dele e todos riem da sua cara,
porque, para eles, o que ela está dizendo não faz o menor sentido… É MUITO BOM!
Assim como
Marty McFly precisa passar uns dias em 1955 enquanto o Doc Brown encontra uma
maneira de mandá-lo de volta para o futuro, Jamie Hughes/LaFleur vai passar uns
dias em 1987 enquanto Lauren tenta consertar a máquina do tempo – e, nesse
tempo, Jamie espera deter os assassinatos brutais das dezesseis facadas… seria
mais fácil se as pessoas acreditassem
nela, mas eles não se ajudam (e é tão exagerado o descaso e a
inconsequência que é HILÁRIO!). Jamie se vê às voltas com a mãe, na época Pam
Miller, e descobre que ela não é tão perfeita e tão boazinha quanto ela sempre
pensou que fosse, com o pai, Blake Hughes, que de fato era uma delícia no passado, como ele dissera, e com um monte de outros
adolescentes cujas versões adultas ela conhece.
O filme é
ágil, cômico e eu gostei de acompanhar esses personagens… mesmo os que parecem
caricaturas, porque eu sei que é o conceito do filme, e funciona para a
comédia! O que Jamie sabe dos assassinatos por ter vindo do futuro lhe dão
alguma vantagem porque ela sabe quem vai morrer, em que ordem e quando… ou pelo
menos é o que ela imagina. A primeira morte, que é a de Tiffany, já não
acontece exatamente como era para ter acontecido, por causa da interferência de
Jamie, e depois as coisas vão ficando cada vez mais distantes daquilo que ela
se lembra ou escuta no podcast até que a bateria do seu celular termine… a
segunda morte já não é a morte esperada, e Jamie percebe, então, que ela não
tem mais a menor ideia de como, onde e quando o assassino vai atacar.
Então ela
precisa de um novo plano.
E de ajuda!
Gosto de
como o filme explora essas mudanças na linha do tempo. Uma pequena mudança
reverbera através do tempo resultando em novos acontecimentos, como em “De Volta Para o Futuro”, e em novas
memórias, como em “Efeito Borboleta”,
e um diálogo da Lauren do futuro com Chris Dubusage sobre o Efeito Mandela é um
dos meus favoritos do filme todo! Sabe como “Matrix”
incluiu no universo da narrativa o dejá
vù como uma falha na matrix? Aqui, Lauren explica que existem teorias de
que o Efeito Mandela é causado por resquícios de memória de uma linha do tempo
que já não existe mais e está se corrigindo depois de o passado ter sido
alterado por um viajante do tempo, e ISSO FAZ TOTAL SENTIDO! O sorriso que eu
abri pensando nessa possibilidade!
O clímax do
filme acontece no parque de diversões, na noite da terceira morte, que também é
a noite de Halloween… e Jamie, Pam e os demais estão preparados para o pior,
com Marisa servindo como isca para o assassino. Tem ação, tem comédia absurda,
tem revelações e algumas reviravoltas interessantes! Entendemos por que o assassino está atrás desse
grupo em específico, vemos Kara aparecer de surpresa para deter o assassino,
não entendemos, inicialmente, porque Pam também estava na lista, e vemos um
novo assassino vir do futuro para terminar o trabalho – e completar o ciclo.
Dentro de um brinquedo que funcionará como a próxima máquina do tempo, Jamie
descobre uma segunda pessoa por baixo
da máscara, e então as peças se encaixam…
Quem matou
Pam 35 anos depois e por quê…
Assim como
Marty McFly, Jamie Hughes (Colette?) retorna para um futuro em que muita coisa está diferente, mas a viagem
no tempo trouxe benefícios notáveis: o assassino foi descoberto, a sua mãe
continua viva e ela ganhou uma nova amiga, que passou esses 35 anos fazendo
anotações em um caderno sobre todas as coisas que estavam diferentes, para que
Jamie pudesse ficar um pouco menos perdida em seu retorno – anotações essas que
vemos durante os créditos do filme. “Dezesseis
Facadas” funciona muito bem! Eu sinto que ele flerta com o gênero de sátira,
ao brincar com filmes do gênero, mas também se sustenta por sua própria
história… é um bom uso de sua premissa, e definitivamente é um entretenimento
que vale a pena!
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