Doctor Who (6ª Temporada, 1968) – Arco 045: The Mind Robber, Parte 3
Fuga da Terra da Ficção.
“The Mind Robber” se tornou
mesmo a minha história favorita do Segundo Doctor. Criativo, inusitado e
propositalmente insano, o arco brincou com o conceito de uma “Terra da Ficção”,
uma outra dimensão fora do espaço-tempo no qual tudo é possível… e é muito bacana quando “Doctor Who” começa a brincar com esse tipo de conceito. Nos
últimos episódios de “The Mind
Robber”, o Doctor finalmente consegue uma “reunião” com o Mestre da
Terra da Ficção, o que o ajuda a entender o que é que ele quer e,
consequentemente, qual é o risco que eles estão correndo, e Jamie e Zoe quase
são transformados em personagens
ficcionais, como tantos outros que eles encontraram nessa dimensão…
personagens como o Gulliver, a Rapunzel e a Medusa.
Toda a
interação de Zoe e do Doctor com a Medusa é acompanhada de longe pelo Jamie, e
embora o Doctor seja tentado a usar uma espada para matar a Medusa assim como
Perseu fizera na Mitologia Grega, ele encontra uma outra maneira de se livrar
dela e de fazer Zoe acreditar que a
Medusa não existe… gosto da maneira como o episódio brinca com uma inversão
de papeis, primeiro com a Zoe sendo incapaz de admitir que a Medusa não existe,
porque ela parece muito real para ela,
depois com o Doctor se deparando com o Karkus e também não conseguindo
acreditar que ele não é real, porque
ele é um personagem de quadrinhos dos anos 2000 (!) sobre o qual ele nunca
ouviu falar – mas Zoe o conhece; afinal de contas, ela veio do futuro.
Quando Zoe e
o Doctor reencontram Jamie, o episódio começa a caminhar rumo a uma conclusão,
e algumas respostas nos são dadas. O Doctor percebe, por exemplo, que toda a
história com a Medusa foi uma tentativa de transformá-lo em um personagem
ficcional: se as coisas são escritas depois de acontecerem, elas são história,
mas se são escritas antes, elas são
ficção. É uma sorte que o Doctor não tenha caído na armadilha do Mestre! E
agora, mais do que nunca, ele quer poder encontrá-lo. A reunião do Doctor com o
Mestre, que é um grande autor inglês que está naquela dimensão desde 1926, traz
as últimas respostas necessárias: o Mestre trabalha para uma inteligência que
quer que o Doctor assuma o seu lugar, porque ele é criativo e eterno…
Naturalmente,
o Doctor se recusa.
A ideia de
uma mente criativa o suficiente para comandar
a Terra da Ficção é um bom conceito para “Doctor
Who”, e o Mestre e a Inteligência tentam usar Zoe e Jamie em uma barganha
para “convencer” o Doctor a ficar: quando eles tentam escapar, eles são
perseguidos por robôs brancos e presos dentro de um livro, o que os transforma
em personagens da Terra da Ficção… e é angustiante vê-los com a percepção de
que eles não são reais, repetindo
palavras que outra pessoa escrevera para eles. Para salvar os seus companheiros
de viagem e para poder ir embora sem assumir a posição de Mestre, o Doctor
entra em uma batalha intelectual bastante divertida com o Mestre – uma batalha
que invoca outros personagens como o Barba Negra, o D’Artagnan e o Sir
Lancelot.
A conclusão
da história traz grandes momentos tanto para o Doctor quanto para o Jamie e a
Zoe, algo muito recorrente nessa época de “Doctor
Who” e que eu amo – talvez esse seja o melhor trio a bordo da TARDIS desde
o início da série! Depois que o Doctor salva o Jamie e a Zoe de dentro do livro
no qual eles foram aprisionados, é a vez de eles salvarem o Doctor da máquina
na qual ele está conectado e sobrecarregar o computador para acabar com a
inteligência que comanda aquele lugar… e, ao fazer isso, eles também acabam com
a Terra da Ficção, sem saber o que será deles. O Mestre é, provavelmente,
levado de volta ao seu próprio tempo. O Doctor e os demais, por sua vez,
retornam para uma TARDIS reconstruída, mais uma vez partindo rumo ao
desconhecido…
Dessa vez,
ao menos, dentro do espaço-tempo.
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