Como Vender a Lua (Fly Me to the Moon, 2024)
“[…] one giant leap for mankind”
Protagonizado
por Scarlett Johansson e Channing Tatum e com direção de Greg Berlanti, “Como Vender a Lua” é uma comédia
livremente inspirada pelo lançamento da Apollo 11 e o primeiro pouso do homem
na Lua, em 1969. Na ânsia de vencer a Corrida Espacial, os Estados Unidos se
comprometem a enviar um homem à lua “até o fim da década”, mas encontram
dificuldades para tal, especialmente porque o interesse da população vai se
perdendo ao longo dos anos, a Guerra do Vietnã toma conta dos noticiários e o
investimento de que a NASA precisa para continuar trabalhando vai diminuindo… é
assim que entra em campo uma nova equipe de marketing
contratada para “vender a lua” – ou, pelo menos, toda essa ideia de “pouso na
lua”.
Scarlett
Johansson interpreta Kelly Jones, uma mulher astuta e cheia de truques na
manga, que pode vender praticamente
qualquer coisa, e sua função é melhorar a imagem da NASA e fazer com que
toda essa coisa de “lançamento de um foguete à lua” se torne parte do cotidiano
das pessoas. Channing Tatum, por sua vez, interpreta Cole Davis, o diretor
responsável pelo lançamento da Apollo 11… um homem sério, dedicado ao trabalho
e marcado por traumas como a desastrosa e fatal falha na missão da Apolo 1, que
custou a vida de três amigos seus. É uma dupla interessante que custa um pouco
a encontrar como trabalhar juntos,
mas que se complementam de forma curiosa… e, consequentemente, trazem
resultados.
Eu acho
fascinante toda essa coisa de “ir à lua”, confesso. Tudo o que está relacionado
ao espaço me fascina desde sempre, e
foi assim que eu me tornei fã de produções como “Star Trek”, que exploram maravilhas, mesmo com seus eventuais
toques de fantasia, desse amplo universo desconhecido. Foi isso o que me chamou
a atenção em “Como Vender a Lua” em
um primeiro momento. Termino o filme igualmente apaixonado por toda essa coisa
de “espaço”, mas também extremamente satisfeito com a maneira divertida como a
história é contada, porque o filme funciona maravilhosamente bem como comédia,
e eu dei boas gargalhadas com alguns absurdos que ironicamente funcionam… ainda
que, no fundo, seja um filme para tentar dizer: “Viu, a gente não forjou nenhum
pouso, não!”.
Kelly Jones
tem ideias incríveis, e ela consegue fazer exatamente aquilo para que ela foi
contratada: ela consegue fazer com que
todo mundo esteja comentando o lançamento da Apollo 11. Neil Armstrong e os
demais astronautas se tornam figuras conhecidas, dando entrevistas a canais de
televisão, aparecendo em anúncios publicitários e, provavelmente, assinando
autógrafos se alguma vez saírem para as ruas. Kelly também prepara todo um
plano para que eles consigam os votos de que precisam para que a verba ao
projeto não seja cortada pelo governo, inclusive conquistando o voto mais improvável possível de um
extremista religioso, em um momento no qual a parceria entre Kelly e Cole já
está dando muito bons resultados.
A relação
entre eles não é necessariamente das mais simples… há um quê de flerte quando
eles se veem pela primeira vez em uma lanchonete, mas Cole acreditou que estava
falando com uma desconhecida que nunca mais veria na vida, e agora os dois
estão “trabalhando juntos” – mesmo que inicialmente contra a vontade de Cole.
Um dos principais pontos de discordância entre eles acontece quando Kelly tem
uma ideia incrível, mas que parece totalmente inviável: enviar uma câmera para o espaço e transmitir o pouso na lua ao vivo.
Cole diz que é impossível, porque eles estão pesando até parafusos tentando
fechar as contas em relação ao combustível, mas pessoas com mais poder que Cole
acham a ideia de Kelly um máximo…
E vai ter
que funcionar.
Em paralelo,
Kelly recebe outras ordens, que ela não compartilha com Cole: Moe Berkus a
instrui a preparar um “pouso falso” na lua para ser transmitido, caso eles
tenham algum problema… um cenário forjado em um ambiente controlado para
garantir que “nada vai dar errado”. Eu gosto de como o filme “brinca” com toda
essa ideia de que o pouso na lua foi forjado… a verdade é que eu não duvido da
viagem do homem à lua, mas se a filmagem que vimos é mesmo real jamais saberemos – e é irônica a maneira como o filme,
em parte, pode ter sido feito como uma forma de desmentir toda a possibilidade de uma farsa, mas, ao mesmo tempo,
ele nos mostrar que poderia ter sido feito… e não teria sido nada tão absurdo
assim.
Kelly
precisa de um diretor incrível, de um segredo de estado e de estratégias para
colocar as mãos em informações cruciais sobre a lua e o pouso – afinal de
contas, se eles vão recriar todo esse pouso, eles precisam fazê-lo com
excelência. Talvez essas tenham sido as cenas que mais me arrancaram risadas, e
foi curioso assistir à maneira como tudo tomava forma. Kelly, no entanto, acaba
duvidando do que ela mesma está fazendo, no fim das contas… ela passou a sua
vida toda “enganando pessoas”, mas parece que esse passo é grande demais para
ela: ela tem coragem de enganar o mundo
inteiro transmitindo um pouso falso? Ela tem certeza de que não pode fazer
isso quando ela descobre que o plano de Moe não era, afinal, apenas uma
“contingência”.
Eles nunca planejaram tentar transmitir o
pouso original…
Em um
primeiro momento, Kelly tenta escapar. Ela decide ir embora e não ser parte de
algo com que ela não concorda, mas um presente de sua amiga, aberto com um dia de antecedência, faz com que
ela mude de ideia… afinal de contas, ela construiu relações de verdade com as pessoas com quem
trabalhou na NASA, e talvez tenha sido a primeira vez em muito tempo que ela
fez isso! Por isso, ela não pode deixá-los para trás, ela não pode
decepcioná-los dessa maneira. Gosto de como o filme construiu essa relação de Kelly com as pessoas, especialmente com
Cole, através de boas cenas durante todo o filme, para que essa cena e essa
decisão de Kelly tivesse a carga emotiva necessária para que acreditássemos
nela. E acreditamos.
Kelly
retorna e conta toda a verdade a Cole. É doloroso… bastante doloroso. Mas
embora haja um quê de raiva imediato, eles precisam resolver algumas diferenças
depois… nesse momento, eles precisam fazer o que eles querem fazer, que é
transmitir o pouso real na lua e acabar com todo esse plano de Moe Berkus –
para isso, no entanto, eles precisam enganar um enganador… e quem mais
apropriado para isso do que a própria Kelly Jones? Assim, Cole se encarrega de
encontrar uma maneira de fazer com que a transmissão da lua funcione, enquanto
Kelly conduz uma aparente transmissão falsa para o divertimento de Moe Berkus…
e, em algum momento no meio da correria, não se sabe mais ao certo qual sinal está sendo transmitido.
Eu gostei
DEMAIS do filme. Eu acho que toda a sequência do lançamento da Apollo 11 e o
pouso na lua, com direito à célebre frase de Neil Armstrong, é profundamente
emocionante (pelo menos para pessoas que, como eu, adoram o tema!), mas também
há aquele quê de comédia na maneira como Sapeca, o gato preto “adotado” pela
NASA, causa confusão no set de filmagens montado para o pouso falso, e é o
Sapeca quem acaba revelando não só para Moe Berkus, mas para todo mundo, qual é
o sinal que está sendo transmitido enfim… felizmente, é o real da lua, ou então
a farsa teria sido exposta. Gosto muito do detalhe da emoção tomando conta dos olhos de Kelly no momento em que ela
percebe que estão assistindo ao pouso real…
É um filme
muito bacana! Naturalmente, é uma grande ficção em torno de uma história real,
e “Como Vender a Lua” encontrou uma
maneira extremamente carismática de contar a história da Apollo 11 e seus
astronautas – Neil Armstrong, Michael Collins e Buzz Aldrin –, com bons
personagens que gostamos de acompanhar durante essas mais de duas horas de
filme. A comédia está no ponto, a dinâmica e a química entre os protagonistas
Scarlett Johansson e Channing Tatum está excelente, e o romance, mesmo que não
seja o ponto principal do filme (!), entrega bons momentos que ajudam a tornar
os personagens ainda mais humanos. É
uma brincadeira gostosa com verdades e crenças, para que cada um assista e
interprete como quiser.
Amei!
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