De Volta Para o Futuro – se esse filme não existisse...
“Back to the Future” é um dos filmes que mais me marcaram. Pode ser uma trilogia feita nos anos 80, os efeitos especiais podem ser precários em alguns pontos (mesmo que sejam muito bons para a época), ainda assim consegue me prender até hoje. Em alguns extras dos DVDs, os produtores comentam que é um filme que vai além do tempo, que pode encantar pessoas de várias idades. Eu concordo plenamente. Quer dizer, até hoje eu assisto (e faço outras pessoas assistirem) e ainda me parece um dos melhores filmes de todos os tempos!
Tudo começou no memorável “De volta para o Futuro I”. A princípio esse era o plano, um filme, mas as sequências acabaram encomendadas e produzidas. E é um dos poucos casos do cinema em que conseguimos ver sequências tão boas quanto o filme original. Claro que muita gente tem um amor maior pela primeira parte (me incluo nesse grupo), mas as partes II e III foram, também, muito bem feitas. Não houve uma decaída no roteiro ou fuga do tema. O que quero dizer, é que BTTF não perdeu seu encanto nos filmes subseqüentes.
Mas, bem, vamos ao filme I. Estrelado por Michael J. Fox e Christopher Lloyd, não podia ser ruim. Chris foi o perfeito cientista maluco, mas carismático (quem não gosta dele?) e Michael o perfeito adolescente perdido. Lea Thompson (Lorraine Baynes) e Crispin Glover (George McFly) também merecem destaque em seus papéis. É uma pena que Crispin não tenha voltado para as sequências, mas vou falar disso em algum outro post.
O começo do filme é apenas uma introdução (fantástica, diga-se de passagem) aos personagens e a máquina do tempo. O fato de ser em um DeLorean (os produtores explicam), foi decidido apenas por suas portas abrirem-se para cima. Seria um choque maior quando estivesse em 1955.
Nessa primeira parte do longa, vemos uma Lorraine gorda e alcoólatra, os irmãos de Marty desleixados, George como um perfeito idiota (ei, é fato!) e Biff se dando bem. É legal a citação ao “tio presidiário Joey” e o Sr. Strickland na escola. Destaque para a fala de Marty: “Ah, é? Mas essa história está prestes a mudar”.
Em defesa de George, há aquela parte em que ele está assistindo ao programa (mesmo episódio que depois Marty diz ter visto em uma reprise), e ele parecesse realmente “burro” quando Lorraine lhe faz uma pergunta... acho que ele só se portou daquele jeito por não querer dizer o que estava fazendo no meio da rua quando o avô de Marty o atropelou (olhando Lorraine pela janela).
Mas tudo bem. O filme fica mesmo interessante na cena do café. Ver o espanto de Marty ao ver o pai jovem (já submisso a Biff) é incrível, uma cena muito bem feita a meu ver. E quando sem notar que estava mudando a história, ele impede seu pai de ser atropelado e é atropelado em seu lugar, o filme toma todo um rumo. A cena seguinte, “mãe… mãe, é você?” é uma das minhas preferidas, e se seguiria pelos próximos três filmes. O mesmo acontece com cenas de perseguição [I – quando Marty “cria” o skate e o carro de Biff bate no esterco; II – quando Marty pega o Hoverboard da garotinha e acaba com a gangue de Griff quebrando a prefeitura (o esterco fica para o final do filme dessa vez); e III – sem skates nem nada, Bufford a cavalo, terminando com o “enforcamento” (esterco também para o final)].
Esse tipo de cena torna tudo ainda mais interessante. É bom ver citações aos filmes anteriores da trilogia, fica bem legal. Da última vez que assisti, vi o festival em Hill Valley (com inauguração do relógio) na parte III, como um substituto para o “Baile Encantamento Submarino”, presentes nos dois filmes anteriores.
Ver então Lorraine se apaixonando por Calvin Klein, digo Marty McFly, foi interessante. É também legal ver ela o seguindo e o Doc preocupado em cobrir a máquina do tempo. Mais divertido foi toda a parte depois de “mãe, é você?”, quando ela dá em cima dele. Destaque para a cena em que sua avó diz “a gente vai te ver depois?” e ele responde “sim, acho que sim. Bem depois”. Também foi legal “ele está brincando, ninguém tem DUAS TVs em casa”. George deu trabalho para Marty, fato. A cena de “Darth Vader veio de Vulcano” é uma das mais engraçadas do filme.
O pequeno Joey no cercadinho foi digno de BTTF. Uma piada muito bem bolada. E quando Marty vê o Strickland no colégio, sua fala também foi incrível: “Meu Deus, ele nunca teve cabelo, não?”. É legal ver que o Sr. Strickland sempre implicou com os McFly.
O encontro de Marty com o Doc de 55 foi incrível. Os personagens simplesmente ficam perfeitos trabalhando juntos. A maneira como Emmet não acredita em Marty, e como Marty o convence é bonito de se ver. As cenas da carteira de motorista (“Meu Deus, eu ainda nem nasci!”) e da foto de Marty e os irmãos (“Uma falsificação barata, cortaram o cabelo do seu irmão”) são demais. Christopher Lloyd é mestre em expressões. Uma mais bem feita que a outra, como quando ele abre a porta depois de Marty o dizer como o doutor ganhou o “galo na cabeça”.
Começamos a prestar atenção em como Doc Brown sempre fala “Great Scott!” e Marty “This is heavy”. Quanto à essa fala de Marty, acho muito divertido o diálogo na escola. “Essa é pesada”, Brown: “O peso não tem nada a ver com isso”. Alguns minutos depois: “Essa é pesada”, Brown: “Pesada, essa palavra de novo. Por que as coisas são tão pesadas no futuro? É algum problema com a força gravitacional?”. Fiz mais uma pequena observação quando assisti pela última vez a parte III, mas vou deixar para quando comentar sobre esse filme.
Toda a cena do raio foi bem feita e bem engraçada. Ainda hoje, toda vez que eu assisto, fico meio apreensivo, “meu Deus, desconectou, será que vai dar tempo?”. E a felicidade de Brown quando ele vê que deu certo é genuína.
O shopping. Bem, no começo do filme, Emmet diz para Marty o encontrar no shopping “Pinheiro Gêmeos” à 1:15; a explicação quanto ao nome vem quando o Doc diz que aquilo tudo era uma fazenda no passado, e o velho Peabody tinha a mania de cruzar pinheiros. É muito legal ver Marty atropelando um dos pinheiros, e se prestarmos atenção, ao fim do filme, quando voltamos ao shopping, o nome é “Pinheiro Solitário” (acho que isso pode ter sido uma inspiração para Ravina Clayton – Ravina Eastwood, mas também fica para depois).
Sobre o título... a cena que mais o explica nesse filme se passa na casa do doutor Brown, em 1955:
-We have to send you back.
-Where?
-Back to the Future.
Não podia terminar isso sem falar de Marty McFly cantando Johnny B. Goode no baile. A cena ficou bastante curiosa e muito inteligente. Digo inteligente pela introdução à cena ("Essa música é antiga... bem, essa música é antiga do lugar de onde eu venho") e o espanto de todos ao fim da música ("Acho que vocês ainda não estão preparados para isso. Mas seus filhos vão adorar").
Na conversa que se segue, Lorraine comenta que a música foi "interessante", e a conversa de Marty com seus pais também merece grande destaque. Sempre achei muito interessante a fala "Se um dia vocês tiverem filhos, e um dele acidentalmente colocar fogo no tapete da sala quando tiver oito anos, peguem leve com ele". Também é legal ver Lorraine pensando no nome Marty para um possível filho. Outra coisa que acho interessante aqui, é que no dois, ao revermos essa cena, é extremamente importante o que está acontecendo do lado de fora, e aquela paradinha de Marty nas escadas quando ele volta para a cena do "tapete pegando fogo" se encaixa perfeitamente quando a revemos na Parte II.
De Volta Para o Futuro é um filme que encanta e faz pensar. Toda vez que ele acaba, eu estou me sentindo feliz. Simplesmente não me canso de assisti-lo. De novo, de novo e de novo. Devo ser meio louco ou sei lá. Eu gosto tanto desse filme e tanta coisa que eu não disse aqui, que provavelmente em algum tempo volto com outro post sobre o assunto. Vamos ver.
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