A Origem – O Totem ainda está girando?

Isso é uma discussão (e opinião minha) sobre o final do filme, e as possíveis percepções. Por favor, se você ainda não assistiu ao filme, assista-o e depois volte para ler isso. Repito, NÃO LEIA A POSTAGEM A SEGUIR SE VOCÊ AINDA NÃO ASSISTIU AO FILME! Eu avisei…

Coloquei esse aviso gigantesco aí, espero que sirva de alguma coisa, né? Acontece que para aqueles que ainda não conhecem o filme, fica chato ler essas minhas anotações, pode estragar a surpresa para elas, além de possivelmente influenciá-las na opinião delas ao fim do filme (inception?). Vamos lá.

Para quem assistiu ao filme, esse tema não é nenhuma surpresa. Mas um resuminho: o totem de Cobb (antigo totem de Mal) é um pião, e ele continua girando sem parar nos sonhos, mas gira por um tempo e pára (como qualquer pião normal) no mundo real. Isso o ajuda a perceber o que é realidade e o que não é. E no fim do filme, tivemos o totem girando por um longo tempo, e a finalização do filme sem que saibamos se ele ainda está girando ou se ele parou.

E fica a pergunta: o totem ainda está girando?

E cada um tirou suas conclusões (vi muita gente que acredita que o totem parou). Mas, partindo de um achismo, eu posso achar que o totem continua girando, enquanto outros podem achar que o totem parou. E vamos ficar nisso eternamente. Agora, podemos tentar sair do achismo. Pelo menos um pouco. A partir do momento em que eu tenho alguma coisa para comprovar o que penso, não é apenas um acho, mas uma pequena teoria. E minha teoria é de que o totem continua girando. É claro que as pessoas ainda podem achar que o totem parou, mas como eu disse anteriormente, nunca saberemos com certeza. Mas gostaria de compartilhar com vocês minhas razões para acreditar que o totem continua girando, e então cada um fica com sua opinião (clique no link abaixo):

Alguns “comentários”

Comentário A: Sempre achei que a voz de Phillippa naquele momento no telefone parecesse mais velha do que a “imagem” que Cobb vê o filme inteiro (e no fim vê, finalmente, o rosto dos filhos). Mas isso é algo que notei desde a primeira vez que vi e que não significa nada. Só queria comentar. Mas vale ressaltar que as crianças, mesmo depois de tanto tempo (algum tempo faz, ao menos vários dias), continuam brincando exatamente na mesma posição com as mesmas roupas? Estranho, muito estranho.

Comentário B: A cena em que Cobb repreende Ariadne por usar lugares reais, porque isso pode fazê-la perder a noção do que é real e do que não é. E se ele mesmo perdeu a noção do que é real e do que não é?

E algumas “provas”

Prova A

Para situar todo mundo. Lembram-se da cena em que Ariadne e Cobb conversam pela primeira vez e ela descobre estar sonhando, certo? Então temos a fala dele de que “nunca nos lembramos do começo de um sonho, sempre nos damos conta quando já estamos dentro dele”. E uma prova disso, é que ela não podia se lembrar de como chegou à cafeteria.

Certo, partindo desse pressuposto (que o próprio filme fez questão de deixar claro em diversos pontos), pensem comigo: eu assisti pela terceira vez, e foi só agora que prestei atenção nisso, portanto assistam mais uma vez, analisando o seguinte fato – no começo do filme (por exemplo, quando Cobb vai atrás do pai de Mal, ou atrás de Eames, ou de Yusuf), nunca vemos como ele chegou nesses lugares. Simplesmente temos uma cena, e na seguinte, numa mudança muito rápida (como nos sonhos) temos ele em outro lugar (como dentro do escritório do professor, ou dentro do bar, conversando com Eames), nunca ele dentro de um carro, um avião, a pé até chegar a tais lugares. Simplesmente direto, como se estivesse em um sonho e nunca víssemos o começo, porque não tem como lembrar.

Prova B

Como Mal diz muito bem no fim do filme, no limbo, sempre tem alguém atrás de Cobb, exatamente como o subconsciente se vira contra o sonhador. Isso não é suspeito? E temos algumas cenas (quando ele vai atrás do falsificador e do químico) em que tem que fugir de pessoas (como nos sonhos) que estão apenas atrás dele. Além disso, temos a parte em que ele entra numa lanchonete e pede um café, em que todas as atenções se viram para ele. Foi só eu, ou aquela reação foi muito parecida com a cena no segundo nível de sonho, quando ele conta para Fischer que ele está sonhando? É, muito estranho…

Prova C

Sempre que Cobb acorda ele gira o totem, preparado para se matar caso ele não pare de girar. Na cena em que vemos as pessoas que vão até o químico, Yusuf, “para sonhar”, temos a fala: “Não. Eles vêm aqui para serem acordados. O sonho se tornou sua realidade”. Mas mais importante que isso, temos Cobb no banheiro, depois de acordar, tentando girar o totem, mas sendo interrompido e o derrubando. Portanto, naquele momento não vemos o totem girar, porque Cobb não teve a oportunidade. Mas já perceberam que aquela foi a última vez que ele tentou fazer isso durante todo o filme, até o fim, onde fica a dúvida? Quem pode dizer se caso Cobb tivesse colocado o pião para girar naquela ocasião ele teria parado?

Sobre Mal…

O filme nos faz acreditar que Mal estava errada, e não acreditava mais que a realidade fosse real (uau, que profundo!), mas o fim, com o totem girando, nos desperta a dúvida novamente. E se ela estivesse certa? Como ela diz, “You don’t know that you’re dreaming!”. Se os psiquiatras significam alguma coisa, três deles a declararam sã… e se Cobb tivesse olhado para os filhos no limbo… e se fosse mesmo seus filhos?

Algumas “dúvidas”…

Última vez que vimos Cobb com Ariadne no limbo, ele estava na casa, com Mal, certo? Por que de repente ele acordo no mar? E então vai atrás de Saito e tudo o mais. E mais importante do que isso, os dois acordam no avião, mas como? Nada nos foi explicado, nada nos foi mostrado. Houve chutes, ou o quê? Estranho, muito estranho. Isso nos deixa com uma sensação de confusão, exatamente aquela sensação de estranheza que temos em um sonho… ele voltou através dos níveis até o mundo real, ou simplesmente acordou em outro sonho?

Agora, pensem no totem. Para que ele serve? Para diferenciar realidade de sonho. Como o de Cobb funciona? Gira e gira sem parar nos sonhos, mas pára normalmente no mundo real. Hum. Bem, agora a pergunta: quem disse isso? Em nenhum momento do filme temos essa fala, nada que explique exatamente desse jeito, isso é apenas a conclusão para a qual os roteiristas nos guiam através de alguns elementos plantados. Não acreditam? Assistam novamente. E o que vocês perceberão é: quando Arthur explica para Ariadne sobre o que é um totem, ele diz que o totem é um objeto que serve para você saber que não está no sonho de outra pessoa. Não necessariamente que você não está sonhando. E agora apenas um comentário: por que Cobb fica com o totem de Mal, se fica mais que claro que uma pessoa não devia tocar no totem de outra?

E isso pode ser a minha maior viagem, mas vou comentar: por que nenhum dos seus colegas conversou com ele após ele acordar? Nem no avião nem no aeroporto? E se eles fossem apenas projeções? Mas tudo bem, isso é meu argumento mais fraco, mas precisava comentar, mesmo assim.

E para finalizar, gosto de dizer: ele coloca o pião para rodar, e depois vai até os filhos e tudo o mais. E a câmera volta para o totem, ainda girando. Esse tempo foi bastante longo. Para mim, o totem girou por mais tempo que giraria no mundo real, sem contar que nunca o vimos parar. Ele pode ter parado (muito se afirma de que ele estava quase parando), mas não sabemos. Ele pode nunca ter parado, ainda estar girando…

E saberemos a resposta um dia? Não. Esse é o encanto, cada um tirar suas conclusões, e procurar por coisas que comprovem sua idéia. É, o filme nos faz pensar, realmente. Assistam mais uma vez, e decidam: o totem parou de rodar? Ou não?