O jovem Sherlock Holmes, Livro Um – Nuvem da Morte

Eu descobri esse livro há algum tempo, mas acabei lendo apenas nas férias, todos sabem como é essa questão de tempo. Mas assim que o encontrei a venda comprei, afinal sempre fui muito fã de Sherlock Holmes… e as críticas pareciam me incentivar a lê-lo. Confesso que tive um pouco de receio, porque tenho medo das histórias não originais de Sherlock acabarem descaracterizando o personagem e o estilo das histórias, mas estava curioso demais para deixar passar.

E tenho o prazer de dizer que o livro vale muito a pena. Como o próprio autor (Andrew Lane) nos conta numa parte extra ao final do livro, em suas considerações, ele leu muito sobre Sherlock Holmes e quis criar uma história sobre a juventude do detetive e explicar os motivos que o levaram a se transformar no famoso (e ótimo) detetive conhecido em todo o mundo. Porque todo herói tem uma história, tem uma motivação – toda lenda tem um início. E nesse volume, Sherlock está dando seus primeiros passos, está aprendendo a pensar, enquanto um mistério envolvendo dois cadáveres e um plano maligno que pode mudar o futuro da Grã-Bretanha precisa ser desvendado por ele com uma pequena ajudinha.

E esse livro tem tudo o que eu podia esperar de uma história de Sherlock Holmes. Ele ainda não é nada parecido com o detetive que conheceremos mais tarde, mas podemos sentir aquela pessoa escondida dentro dele… ele não é o gênio, mas é a construção de um – ele acaba sendo um menino curioso, inteligente e com muita facilidade para aprender. Mesmo estando no começo de sua “carreira”, sua inteligência é absurda e ele consegue juntar os fatos de maneira brilhante enquanto tenta desvendar um mistério que envolve dois cadáveres encontrados na pequena cidade em que está passando as férias de verão.

Tudo se desenvolve de maneira brilhante para prender o leitor ao livro. As peças finais se encaixam com perfeição, e algumas coisas são surpreendentes. Você perde o fôlego em várias situações, e se fascina cada vez mais pela inteligência de vários personagens… Sherlock está sendo “treinado”. É muito bom ver pessoas que sabem mais do que ele, como seu tutor, Amyus Crowe – podemos dizer que foi ele um dos responsáveis por incentivar o menino Sherlock Holmes à investigação… ele o “ensinou a pensar”, como o próprio Holmes diz durante o livro em uma carta para seu irmão Mycroft. E cada personagem é brilhante e te envolve. O destaque fica para Sherlock e Crowe, mas não tem como não se encantar com Matty e com Virginia… cada um bem trabalhado e com uma história incrível.

Como eu sempre digo, a capacidade intelectual do detetive é o que mais cativa nas histórias de Sherlock Holmes – é ótimo ver cada detalhe sendo investigado, cada coisa sendo descoberta, e cada peça sendo juntada num imenso quebra-cabeça. E o livro não deixou nada a desejar nesse ponto – e logo de cara nos apresenta a personalidade astuta de Sherlock, quando ele explica a Mycroft como sabe que ele usou a carruagem do pai para ir buscá-lo no colégio, mesmo sem a ter visto – foi naquele momento que o livro me conquistou. Uma das melhores cenas de todo o livro, que ocorre no primeiro encontro de Holmes e Crowe, está na parte abaixo, em que eles comentam sobre a dedução e o conhecimento:

“Você pode deduzir quanto quiser, mas dedução é inútil sem conhecimento. Sua mente é como uma roca a girar eterna e inutilmente, até que sejam introduzidas as fibras e ela passe a produzir os fios. A informação é a base de todo pensamento racional. Busque-a. Procure-a com assiduidade. Encha o depósito de sua mente com tantos fatos quantos couberem nele. Não tente distinguir entre fatos importantes e triviais: todos são potencialmente importantes.”

Livro altamente recomendado a todos. Assim como Sherlock, somos incentivados a pensar, somos convidados a entrar no mundo da investigação ao lado dele, aprendendo com ele. A todos os fãs de Sherlock, uma leitura imperdível, e aos demais também… uma ótima maneira de conhecer o detetive. Aguardamos ansiosamente o lançamento do segundo volume, Parasita Vermelho, no Brasil, que acontece ainda no primeiro semestre desse ano. Até mais, e boa leitura!