Willkommen to Cabaret!
Semana passada (quinta-feira, dia 12 de Janeiro) fui assistir ao musical Cabaret no teatro Procópio Ferreira, em São Paulo. A versão brasileira conta com Claudia Raia como Sally Bowles – ela é ótima, mas saí do teatro com a convicção de que ela não era a melhor coisa em toda a peça; Jarbas Homem de Mello como MC – dando um show em todas suas cenas, ótimas atuações, ótima interação com o público, muito divertido e uma voz com um alcance incrível, sendo Se Eles Soubessem o que Eu Vejo sua melhor música em termos de voz; e Guilherme Magon como Clifford Bradshaw – muito bem, embora seu papel não exija tanto assim dele… ainda assim, cantou muito bem quando precisou e fez o papel de maneira brilhante, tendo uma ótima história com Wolf.
O pessoal que faz parte do elenco de apoio (as Kit Kat Girls e Kit Kat Boys) são ótimos, e em muitos momentos muito divertidos. No lado dos garotos, eu gostaria de puxar uma sardinha para Rodrigo Negrini. Sou suspeito para falar dele, porque realmente acho que o cara é um bom ator. Dois anos atrás, quando eu assisti Hairspray, ele foi o Link Larkin (e fez um trabalho incrível), e agora ele era Wolf – e para mostrar a extensão de seu talento, ele é substituto tanto de Cliff quanto de MC. Teve seu destaque graças à sua história com Cliff, que não é tão explorada, mas é divertida e utilizada em alguns momentos para piada (destaque para “Você está em Berlim. Aqui você pode ser quem você realmente é”).
Realmente senti que a peça merecia ser aplaudida em pé, quando ela chegou ao fim após duas horas e meia de espetáculo – uma ótima adaptação, me deixou extasiado… uma boa história (um pano de fundo sobre o nazismo muito interessante), ótimas músicas, ótimas performances, muitas piadas boas, é o musical para te fazer vibrar… uma cena melhor do que a outra, um momento melhor do que o outro… os cenários e os figurinos também te deixam de queixo caído. As roupas lindas e perfeitamente sensuais (tanto das mulheres quanto dos homens) e os cenários luminosos e bem trabalhados. Como disse uma mulher ao meu lado: glamuroso!
É claro que ver ao vivo sempre tem um toque a mais…
Para quem não conhece, Cabaret foi montado pela primeira vez em 1966, na Broadway. Sua adaptação no Brasil estreou no ano passado, no Rio de Janeiro, e veio para São Paulo esse mês (que orgulho de dizer que eu pude ir à estréia!). Sobre a história, temos a vida de Sally, trabalhadora de um Cabaret na Alemanha, e a vida desse Cabaret… ela envolve-se com Cliff, um americano que vai para o país para escrever um romance, e em meio a toda essa história, temos a ascensão do nazismo… Cabaret mistura com perfeição música, dança e história; é genial e sexy… temos muita sensualidade (quase todos os corpos são muito bonitos, e as roupas valorizam a beleza, a expondo de maneira atrevida, mas segurando antes do vulgar) e muitas tiradas sexuais muito bem escritas.
Cabaret é um ótimo musical, é meu pensamento. Simplesmente amo o quanto ele é atrevido, sua falta de medo, a falta de receio na hora de fazer as cenas do Cabaret… e como tudo isso se mistura perfeitamente na vida de Cliff – que começa normal – e no nascimento do nazismo na Alemanha… não tem outra palavra que não genial que possa descrevê-lo, sem dúvida.
Eu não poderia terminar esse texto sem fazer alguns comentários de algumas músicas – sempre tem aquelas que, embora todas sejam boas, são mais marcantes, e vamos começar por Willkommen, em que MC apresenta tanto as meninas quanto os meninos do Kit Kat Club, ao mesmo tempo em que nos convida a deixar os problemas do lado de fora e curtir a nossa vida em Cabaret. A cena é extremamente divertida e já podemos ver que tipo de peça teremos. Como vou comentar as músicas, e essa é oficialmente a música de abertura do espetáculo (e como toda primeira música tem seu encanto), não acho justo deixar de lado as cenas que antecedem a primeira música, como Cliff e Ernest se conhecendo no trem a caminho da Alemanha… ótima cena!
Outras músicas boas são Duas Pra Um (Two Ladies) – e a melhor parte é quando os outros dois garotos do Kit Kat aparecem e a música continua em 5 pessoas; A Garota Ideal (Perfectly Marvelous) é muito boa, e mostra Cliff finalmente se entregando a Sally… a cena é muito boa, divertida a sua maneira e um tanto quanto atrevida… muito bom; Grana (The Money Song), bastante divertido; e Talvez Agora (Maybe This Time) que finaliza o primeiro ato – infelizmente ela não me deu aquela emoção característica de fim de primeiro ato, mas whatever.
Agora, um parágrafo apenas para isso… a apresentação dos nazistas na peça foi uma das partes que mais me fascinou. O primeiro nazista passando pedindo dinheiro no meio da platéia foi algo magnífico (“Tem um donativo? Por favor, senhor, é por uma boa causa”) – e sua primeira versão de Hino do Renascimento (Tomorrow Belongs to Me) foi ótima, perfeita; depois, ainda tivemos grande parte do elenco fazendo a reprise da canção de maneira brilhante. Um dos melhores momentos e um dos que fiquei mais feliz por aplaudir.
O segundo ato começou de maneira bastante divertida com o elenco saindo do meio do teatro e passando pela platéia, nos animando. As músicas foram muito boas, como Mein Herr e Se eles soubessem o que eu vejo (If You Could See Her), mas o destaque vai para O que fazer? (What Would You Do?) em que Liane Maya (no papel de Fraulein Schneider) dá um show de voz… em uma música ela provou que canta muito mais do que qualquer outra mulher do elenco… pois é.
E a peça se finaliza perfeitamente com Sally, numa situação muito diferente do que estávamos acostumados a ver a personagem, cantando Cabaret, e depois uma reprise da música com todo o elenco. Mas uma das melhores partes nessas cenas finais foi Cliff no trem rumo a Paris, começando a escrever seu livro de fato e fazendo uma breve reprise de Willkommen com MC…
A peça é ótima, como eu cansei de comentar ao longo de meu texto. Se você gosta desse tipo de coisa (musicais da Broadway), isso é algo que você precisa ver. A versão brasileira torna-se muito mais acessível para muita gente, não é? Então, para quem tiver a chance, eu realmente recomendo que vocês assistam… está em cartaz no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo – SP, confirmada até o fim de fevereiro… não sei se fica mais tempo que isso. Vale muito a pena! Até mais!
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