Sou invisível… – Claude Bukowski
Eu na verdade não sou ninguém. Eu sou só um ser humano. O número 1005963297.
E é assim que conhecemos Claude Bukowski em Hair, como ninguém, como só mais um ser humano, aquele que você vê na rua e tem a impressão de que já conhece de algum lugar. O invisível… Claude aparece em palco pela primeira vez como um jovem tímido (“Oi. […] Valeu”) e perfeitamente carismático… com uma única cena (ainda antes de começar a cantar), ele já conseguiu conquistar toda a platéia… um jovem que tem vergonha de ser suburbano, e diz ter vindo de Manchester, na Inglaterra.
Manchester, England England
Pra lá desse mar sem fim
Chegou o gênio, gênio…
Acredito em Deus
E sei que o velho Deus
É um dos meus, é sim!
E esse jovem tímido, suburbano vindo do Queens, e que se proclama invisível, é o responsável por uma história fantástica de um jovem em crise, buscando respostas e lidando com as dúvidas da vida quando sua convocação para a guerra chega e ele fica dividido entre os ensinamentos dos pais e da sociedade, e sua vida na tribo… e para interpretar esse leque de emoções que o personagem exige (timidez, raiva, provocação, dúvida, emoção, dor), Hugo Bonemer realmente precisou ser muito bom. E ele foi. Ele foi o Claude perfeito, cantando bem, dançando bem, e transmitindo as emoções do personagem de maneira brilhante – seus olhos diziam tudo mesmo quando ele estava em silêncio… ele é um ótimo ator que conseguiu me emocionar de verdade em toda a peça, especialmente nas cenas finais, em que me arrancou algumas lágrimas…
Conhecemos mais o personagem com a cena da convocação para a guerra e a “briga” com os pais. É uma cena forte, e tremendamente emocionante, e um grande desabafo de Claude. Parece que juntos a ele, conseguimos tirar um grande peso das costas depois de cantar essa música (pelo menos eu fico cantando essa música em casa e faz muito bem kkk). As atuações, não só de Hugo Bonemer, mas também de Bruna Guerin e Conrado Helt, como os pais de Claude, são essenciais para que a cena tenha a força que tem, e todos dão um show. E o texto da cena vale muito a pena, que além de ser tocante (“Que realidade, mãe? Que realidade, pai? Isso é realidade?”, “Sua convocação para a guerra saiu hoje”) ainda consegue ser engraçado (“Eu conheço a senhora…”, “Eu sou de aquário, fadado à grandeza ou à loucura”, “E eu sou de peixes e nem por isso fico embaixo da água soltando bolhinhas”).
Eu tenho rosto
Eu tenho alma
E coração
Eu tenho…
Outra face do personagem é aquela da pessoa que precisa de ajuda… repetidamente ele pede ajuda a seus companheiros na tribo, de maneira comovente… especialmente as cenas do segundo ato – “Eu estou pedindo pra passar essa noite com todos vocês”. Ele não quer ir pra guerra, e ele quer respostas de como fazer isso, ele precisa de alguém que lhe diga para onde ir, e é nesse contexto que o primeiro ato se encerra, com Pra Onde eu Vou?, um grito de socorro, um pedido de ajuda, uma busca por respostas, e o momento em que Hugo Bonemer teve sua melhor música… ele teve algumas cenas mais emocionantes, como comentarei abaixo, mas essa foi bastante boa, e a voz dele pôde se desenvolver mais do que em qualquer outra situação… uma grande atuação! E aqui ele coloca em palavras dúvidas que já estiveram na cabeça de todas as pessoas, em um momento ou outro… é um dos momentos em que a platéia se sente mais próxima a Claude.
Qual a saída?
Quem me responde
Se faz sentido ou não viver?
Mas em questão de atuação, Hugo Bonemer realmente se supera nas cenas finais, que começam com Não Tenho (reprise) e terminam com Com Fome… quem assistiu à peça entende qual a razão desse comentário. O ator transmitiu cada sentimento de Claude em questão de minutos, em uma interpretação fantástica. Ele teve falas lindas, e seus olhos cheios de lágrimas nos dão uma vontade de imitá-lo e não dá para segurar… é o ápice da emoção em Hair, e tudo colabora… as atuações de todos (gritando por Claude), a música, as lágrimas, a iluminação tênue… e toda vez que eu escuto essa música novamente ou vejo um trecho disso na internet, meus olhos se inundam… realmente muito bonito…
Com fome
O meu olhar cruzando o teu…
O personagem de Claude é ótimo, e a atuação de Hugo Bonemer é genial. E eu tenho orgulho de dizer que eu sou do mesmo estado que ele (Paraná!), mesmo que não soubesse disso antes de assistir à peça. E além de um ótimo ator e cantor, ele é uma pessoa carismática, e que valoriza o público. Gostei bastante quando recebi um comentário dele na minha primeira postagem sobre Hair, algo que me deixou muito contente e que eu realmente não esperava… passei a gostar um pouquinho mais dele ainda! Na verdade nem tinha me passado pela cabeça que alguém deles lesse, mas tendo lido, achei bonito o gesto de agradecer e mostrar que tinha apreciado o texto… obrigado Hugo! :D
Pessoal, continuo aconselhando a ver Hair, para quem puder! Vale muito a pena, e aproveitem enquanto ainda podem! Está em cartaz no Teatro Frei Caneca, em São Paulo, até o dia 29 de Abril. Clique em “ler a matéria na íntegra” para ver um cronograma completo da nova seção do blog: Hair, o Musical (da qual essa é a segunda postagem).
Eu sou invisível. Se eu sou invisível, então eu posso operar milagres.
eu assisti Hair no começo do mês e quero voltar, pelo menos, umas duas vezes!! É ótimo!!! O elenco e o Hugo dão um show com certeza!!!
ResponderExcluirDaqui do Paraná é mais dificil de ir... mas eu quero ir antes de 29 de abril de novo sim!!!!!
ResponderExcluirAAahhh..eu não sou do Paraná. :( (rssrsrs)
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOi, gostaria de saber se o personagem Claude Bukowski, tem esse sobrenome em alusão ao escritor Charles Bukowski.
ResponderExcluirObrigada,Juliane.
Olha, a peça não fala explicitamente sobre isso, mas é sim repleta de referências, e as discussões na internet acreditam que sim, Claude Bukowski é uma alusão a Charles Bukowski...
ExcluirAcho que não foi muito preciso, mas foi o que eu pude kk Volte sempre! (: