Um livro rico em referências
Jogador
Número 1, de Ernest Cline, como eu já comentei por aqui, é muito rico em
referências. Especialmente (como o livro fala em vários momentos) na cultura
pop dos anos 1980, que foi onde James Halliday (o criador do Concurso no OASIS)
viveu sua adolescência, mas também podemos notar referências a outras décadas e
outras importantes manifestações. E as referências se dão de diferentes
maneiras e a um grupo variado de estilos – como séries, filmes, jogos,
revistas, livros e música.
A variedade escolhida por Ernest Cline para
homenagear suas paixões também é inteligente. Porque em primeiro lugar ele cria
o Concurso de Halliday, justificando toda e qualquer referência necessária
através do Almanaque de Anorak, e ainda utiliza o seu videogame de imersão, o
OASIS, para recriar cenas ou cenários famosos. Com essa estrutura, ao longo de
sua narrativa, Cline coloca elementos dos mais diversos filmes e etc. da década
de 1980 e algumas por perto – pode ser através de uma citação direta ao título
do filme e sua referência no Almanaque (como Matrix), pode ser através de um
cenário conhecido (como a Terra Média), de um jogo de algum livro/filme (como o
Quadribol), de algum personagem perdido em outra cena (como R2-D2), uma
recriação completa (como Monty Python)
ou no estilo de história (como Jogos de
Guerra). E ainda recriações de jogos, como uma descrição de uma partida
perfeita de PacMan, ou jogos de texto que são recriados em imersão.
Então somos bombardeados com referências de todos
os lados, e as mais evidentes vemos na primeira leitura, algumas outras
precisam ser pensadas para que cheguemos a essa grandiosidade. Como foi a minha
associação da fuga de Wade da IOI com a fuga de David Lightman em Jogos de Guerra – não foi uma coisa
imediata, mas acho que foi uma das referências mais brilhantes de Cline. Várias
delas fazem-nos bem por conhecermos e amarmos a obra original (quando o
quadribol foi citado eu surtei), outras nos despertam o interesse (minha
história com Jogos de Guerra) e
algumas acabam até passando despercebidas em meio a tantas…
Não fiz uma anotação completa de todas, mas peguei
várias delas para poder citar exemplos aqui no blog. Star Wars é a grande vencedora de referências ao longo do livro,
até perdi as contas… não me lembro de qual foi a primeira, mas tivemos R2-D2
sendo DJ na festa de Ogden, tivemos sabres-de-luz no inventário de Parzival,
tivemos o tema dos filmes tocando numa festa, o iglu de Tatooine citado não me
lembro bem por qual motivo. Fins de e-mails com os dizeres “Que a Força esteja
sempre com você”. E várias outras que eu parei de anotar porque não tinha
condições mesmo, eu tinha que continuar lendo o livro.
Mas o livro é mesmo rico em jogos, e temos Donkey
Kong, Adventure (com toda a história que explica o easter egg, o que desempenha um papel importante na finalização do
livro), Dungeons & Dragons, Black Tiger, Tempest, Zork, Dungeons of
Daggorath… e tantos, tantos outros que é impossível citar aqui. Também tivemos
várias citações a gibis lidos por Wade, como Espetacular Homem-Aranha e
Lanterna Verde. Em música tivemos Journey, tivemos Rush (muito bem representado
com 2112, importantíssimo no decorrer da história), The Police…
Filmes foram os que mais me deixaram louco.
Tivemos um pouco de Star Trek,
tivemos a Terra-Média e uma parte especial dedicada a Valfenda de O Senhor dos Anéis. Halliday possuía um
DeLorean original de De Volta Para o
Futuro, e em determinado momento Parzival foi visto no OASIS com um
DeLorean com o símbolo dos Caça-Fantasmas e ainda equipado como a Supermáquina.
Também tivemos Feitiço de Áquila,
bastante zoado por Aech… na página 82 temos uma citação às “trilogias
sagradas”, como se segue: Star Wars,
Senhor dos Anéis, Matrix, Mad Max, De Volta Para o Futuro e Indiana Jones.
Merecido.
HA! Como se esquecer dos Simpsons?
O quadribol na página 96, citado tão naturalmente
e sem pretensão. As cabines de tele-transporte cuja aparência lembrava a
“TARDIS de Doctor Who”! Mais um pouco
de Senhor dos Anéis com a língua dos
elfos. A Pedra da Visão, que pra mim só pode ser Crônicas de Spiderwick. A cidade que lembrava a cidade de Kavin
Bacon em Footloose. A Vingança dos Nerds, citado
continuamente como um dos filmes favoritos de Halliday. O Mágico de Oz com a estrada de tijolos amarelos. A Família Addams, Rocky Horror Show (citado
em uma cena divertida e estranha, lembrando também o estilo do filme, não só
uma citação, mas recriando a atmosfera).
Julio Verne não foi citado nenhuma vez,
infelizmente. Os dizeres “DON’T PANIC” escritos em algum lugar (não me recordo
onde) já foram suficientes para nos fazer suspirar lembrando de O Guia do Mochileiro das Galáxias. E o
Planeta Zemeckis, com a missão Back to
the Future me deixou muito curioso! Excalibur, Monty Python… o concurso de Willy Wonka, em A Fantástica Fábrica de Chocolate também é lembrado!
E isso tudo só para dizer aqueles que mais me
encantaram e que fizeram meus olhos quase saltarem da órbita. Como disse minha
amiga, isso tudo confundiu meus sentimentos, e não sabia se estava gostando
demais do livro ou das referências que ele estava constantemente fazendo, mas
não importa. Porque Jogador Número 1
é um conjunto disso tudo. Não são referências soltas, e a história depende
delas, e essa duplicidade deixa tudo muito rico em detalhes e bonito aos nossos
cérebros de nerds que conseguem enxergar tudo isso pronto em nossas cabeças! Já
leu? Então corra para ler! Até mais…
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