Eu sou “Quase Normal”
Fascinante!
Não é segredo nenhum o quanto eu sou apaixonado
por Next to Normal/Quase Normal.
Desde a primeira vez que vi a versão original, depressa me apaixonei pela
grandiosidade da história e pela maneira como ela é contada. Como é envolvente,
emocionante, chocante. Como mexe conosco, como nos transforma. E os vídeos
brasileiros só me deixavam morrendo de curiosidade de conferir a versão
nacional, que parecia tão boa quanto a original.
E a emoção de poder ver ao vivo fez com que fosse
ainda melhor! Ver Quase Normal ao
vivo é uma experiência quase indescritível. Eu assisti duas vezes no mesmo dia,
para poder aproveitar, sendo que provavelmente não terei chance de voltar a São
Paulo antes do fim da peça. E as duas vezes foram profundamente emocionantes.
Aplaudi veementemente no final, querendo de alguma maneira a mais expressar o
quão grandioso era tudo aquilo e o que tudo significou para mim.
Quase Normal
é uma ópera rock quase inteiramente cantada. As músicas se sucedem umas às
outras depressa sem que nem tenhamos tempo de aplaudi-las na maior parte do
tempo. Mas tudo pareceu muito mais vivo, muito mais real no teatro (percebeu a
referência a I’m Alive x Sou Real?). Uma emoção tão grande, e
cada melodia, cada batida é memorável e parece tomar conta de nossos corpos.
Uma sensação que me preenchia, que me fazia sentir exatamente o que eles
queriam que eu sentisse.
É um musical que mexe bastante com a gente.
Impossível não fazê-lo. A história profunda é muito bem construída, como eu vou
falar muito esse mês ainda. Mas vou fazer minha análise da versão brasileira/ao
vivo. É incrível como começa de uma maneira bem mais simples e descontraída, e
como lentamente a história cresce e se torna tão forte e triste ao mesmo tempo.
O fim do primeiro ato nos deixa desolados com tanto acontecimento pesado, e a
certeza de que o segundo ato não será melhor nos deixa com uma sensação de
desolação. É terrível e maravilhoso ao mesmo tempo.
Normalmente a peça é descrita como a história da
família que precisa lidar com o transtorno de bipolaridade da mãe. Mas é muito,
muito mais do que isso. Depressa notamos que a bipolaridade é algo mais (como
diz o Dr. Madden, a “bipolaridade tem mais a ver com esquizofrenia do que com
depressão”) – depressiva com alucinações e tendências suicidas. E uma história
traumática que marcou aquela família para sempre – incrível ver a interação de
Gabe com cada um dos personagens, e mesmo a maneira como ele age mesmo sozinho
– bastante contraditório.
Quem é o Gabe?
Tudo colabora para uma construção excepcional. Já
quero deixar bem claro o quanto eu sou apaixonado por aquele cenário, que por
sinal está ainda melhor na nossa versão do que na da Broadway. É um cenário
fixo, prático e bastante bonito. Os detalhes são ótimos, e a maneira como ele
mesmo ajuda na construção de efeito de sentido com a iluminação eficaz e as
mudanças rápidas é genial. Mudanças rápidas em um cenário fixo? Gosto de ver
como a escada muda de lugar, a mesa, as cadeiras do consultório, e
especialmente as coberturas que por vezes descem ou sobem tão rápido que são
parte integrante da narrativa tanto quanto qualquer outra coisa, proporcionando
sensações diferentes em cada um de seus momentos.
No mais, a história, como eu já disse, é
inteligente, envolvente e emocionante. Consegue ser divertida, mas passar da
diversão à seriedade em questão de segundos. E quando é séria, é séria pra
valer. É muito clara o momento de divisão no primeiro ato, que começa com o Parabéns pra você e só acaba com Eu Sou, que é o momento em que todos
aproveitam para aplaudir, gritar e expressar o quanto toda a sequência é
instigante e apaixonante. E sofrida.
Enquanto a história cresce e o musical continua a
mexer conosco (impossível deixar o teatro se sentindo o mesmo), os atores
desempenham um trabalho extraordinário. É muito talento junto – é incrível como
os seis sustentam aquele musical, e como atuam não só através das falas ou das
músicas, mas também com suas expressões e suas emoções – tão evidentes e tão
verdadeiras. São ótimas atuações sobre as quais comentarei nas próximas
postagens, por isso não me alongarei hoje.
Meu intuito hoje é deixar claro o quanto eu amo
isso, e o quão bom ver tudo isso ao vivo. Vale a pena, certamente. Se você
tiver a oportunidade, você deveria ir! Porque foi de partir o coração ver que o
teatro não lotou em nenhuma das duas sessões – uma pena. Mas o casal ao meu
lado pareceu se convencer comigo e também tiveram vontade de ver na segunda
sessão. Não sei se ficaram ou não. Pequena avaliação da plateia: surpreendente
o quanto as duas sessões receberam reações (aplausos/risadas/lágrimas)
diferentes. Mas em cartaz no Teatro FAAP, em São Paulo – SP. CONFIRAM!
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