On Broadway – Next to Normal


Next to Normal é absurdamente simples do ponto de vista técnico. Os figurinos de uma família (quase) normal e um psiquiatra não tem nada de extravagante, e o cenário é basicamente fixo, com pequenas coisas que se movimentam; mas o cenário é tão bonito, e tão bem utilizado, que acho que ajuda na grandiosidade da história – afinal aqueles três níveis eram ótimos e podiam apresentar cenários distintos ao mesmo tempo, e era maravilhoso sempre que víamos os três sendo utilizados ao mesmo tempo.
O terceiro nível era exclusivo de Gabe.
E são apenas 6 atores em cena. Seis atores e mais nada, e eles te cativam quase instantaneamente – a sequência de músicas é encantadora, e é difícil lembrar-se de cenas em que não existam músicas. Com quase 40 músicas no espetáculo inteiro, muitas vezes passamos de uma direto para a outra, às vezes a divisão nem é tão clara, e a música é como a história é contada ao público. Porque cada uma te transmite a emoção da cena de um jeito diferente, seja emocional, seja angustiante, seja amedrontador. E é fascinante.
Mas a história. A história contada com essas músicas é o que realmente te prende e te faz querer voltar várias vezes. Começa com Just Another Day como uma simples família comum, mas aos poucos vamos conhecendo a trama. “Diana Goodman. Bipolar e depressiva com alucinações” – e como o segundo psiquiatra diz, a bipolaridade tem mais a ver com esquizofrenia do que com depressão, e normalmente são desencadeadas a partir de um evento traumatizante. No caso, a morte de seu filho aos 8 meses, 16 anos atrás.
Next to Normal, então, conta a história dessa família (um marido, uma esposa e a filha adolescente) tendo que viver com essa mulher, com tantos transtornos psicológicos, que por sua vez vive sob a sombra do fantasma do filho. E é incrível ver qual é a relação de Diana com o filho, como isso afeta a filha e as conseqüências disso, e a maneira como Dan (o marido) também é obrigado a sofrer junto a ela. Seu desespero, sua angústia, sua felicidade por pequenas coisas. Esperança.
É uma história linda, um musical lindo. Eu acho impressionante como começam o musical querendo nos apresentar uma coisa e então tudo muda drasticamente e entramos na parte séria da história. E como temos tantos temas pesados e fortes, tanta emoção e sentimento, e isso ainda é mesclado a um pouco de diversão. Mas, para mim, o que predomina é a tristeza. A história é comovente, bem-escrita e repleta de músicas que nos ajudam a apreciar tudo isso.
Next to Normal foi encenado pela primeira vez em 2008, e estreou na Broadway em 2009, onde ficou em cartaz por 21 previews e 733 apresentações normais, antes de fechar em 2011. No ano seguinte ganhou a sua versão nacional, intitulada Quase Normal, outra grande obra-prima brasileira. Livro e letras de Brian Yorkey e música de Tom Kitt e levou três Tony Awards. Um simples e grande musical da Broadway que eu realmente acho que as pessoas deviam conhecer!

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