“Take a look at the Invisible Girl. Here she is, clear as the day”
Natalie Goodman. Uma das personagens que mais
sofrem no musical, não é? Afinal é uma adolescente que precisa viver sob a
lembrança constante de seu irmão mais velho, aquela que não recebe o amor, a
atenção e o carinho necessário. Uma
garota cheia de raiva e esperança. Uma garota com uma mãe que não conseguiu
lidar. Aquela “garota invisível”, que de tanto sofrer por desejar a atenção
da mãe, acaba se envolvendo com drogas como uma maneira de fuga. Sua fuga
inicial, deixada bem clara com And you
play… and everything else goes away é na música, e eu amo a
comparação ali com Mozart – louco, doente, mas que colocava toda sua alma e
perfeição na música.
É uma música engraçada, mas ao mesmo tempo repleta
de pesar. Ainda não sabemos o tamanho do sofrimento de Natalie nessa cena, bem
no início da apresentação, mas dá para sentir em sua voz a dor. E é aqui que
ela conhece Henry, com quem terá a maior parte de suas cenas no musical. Outra
figura ambígua, que ao mesmo tempo em que a oferece coisas suspeitas, parece um
rapaz tão bom e inocente – e sim, uma nova fuga para ela, um refúgio. Os dois
juntos são fofos, Henry é engraçado, e é isso o que acaba fazendo bem a ela
quando nada mais faz.
“Right. Seven minutes. […] You give up way to easily”
“Ah… you’re kind of a confusing person”
“You should meet my mother”
As músicas dos dois são sempre muito boas. I’m trying
to tell you I love you. Vamos falar sério? Todas as cenas dos dois são quite emotional. Ou é extremamente
engraçado, ou é bem bonitinho ou é triste demais – ou é uma hábil mistura disso
tudo. But I might be perfect, I’ll make myself perfect. Perfect for you. E depois temos uma
sequência de músicas Hey que são
emotivas, curtas e bonitas, e uma perfeita reprise de Perfect for You para terminar de vez a história de Natalie e Henry.
Perfeita.
Agora, uma das minhas músicas preferidas do
musical vem de Natalie, em sua principal canção: Superboy and the Invisible Girl. Confesso que a primeira vez que vi
esse título, antes de ver a peça, achei até meio engraçado, mas a música é
extremamente forte. A letra faz muito sentido (o garoto perfeito x a garota
invisível), a interpretação é intensa e maravilhosa, e mostra muito bem tanto a
relação de Natalie com a mãe quanto com o irmão morto, além da relação dela com
ela mesmo, como ela se sente por dentro graças à tudo o que acontece com ela. Everything
a kid ought to be. I wish I could fly, I’d fly far away from
here.
You know that’s not true. You’re our little pride and
joy, our perfect plan. You know I love you, I love you as much as I can. Essa
parte sempre me atinge em cheio. É muito verdadeiro e muito impactante ouvir
essas palavras de Diana. Ainda mais levando em consideração que a música
inteira é uma comparação entre Natalie e Gabe – He’s a hero, a lover, a prince. She’s not there. He’s not here. I am here.
E ironicamente, Gabe está ali para cantar com ela os últimos versos da música,
roubando brevemente seu destaque, mesmo em sua música principal – muito bem
colocado! E também mostra um Gabe triste e que sofre, como um momento em que um
sente inveja da vida do outro. Natalie inveja a atenção e o amor que Gabe
recebe da mãe, e Gabe inveja a proximidade que Natalie tem de Diana. Mais
inteligente impossível.
Já muito perto do fim do musical, temos Maybe para realmente nos destruir. Diana
e Natalie finalmente tem uma cena exclusivamente delas, repleta de muita
emoção, cobrança, perdão. But where has all this caring been for sixteen years?
For all those years I prayed that you’d go away for good, half the time afraid
that you really would.
A letra fala por si só. E pronto, tudo é colocado em palavras
finalmente, e as duas compartilham um momento belíssimo que leva toda a platéia
às lágrimas. I don’t need a life that’s normal, that’s way too far away. But
something… next to normal would be okay.
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