Continuum 2x03 – Second Thoughts
E convidaram Philip K. Dick para escrever um
episódio de Continuum.
Eu devo caracterizar esse episódio como o meu
favorito em toda a história de Continuum,
mesmo com tantos outros episódios tão bons na série. Mas esse conseguiu conter
um dos meus assuntos preferidos trazidos de maneira inteligente e crível, além
de ação, muita emoção, mistério e interessantes explicações e momentos que nos
instigam. E o futuro e a viagem no tempo começa a ganhar linhas mais definidas
enquanto a proposta da série se fixa com perfeição.
O episódio começa em 2077 nos apresentando a
relação de Kiera com Hannah, sua irmã mais nova. E mesmo que tenham sido apenas
duas cenas curtas e simples no começo e no fim do episódio, a história foi
emocionante e repleto de sentimento. Porque tudo o que acontece em 2012 com
Kiera parece influência daquilo, com a cena final explicando perfeitamente
todas as ações tomadas pela personagem ao longo dos 40 minutos, além de suas
opiniões a respeito dos assuntos. Foi assustador e triste, mesmo que não se
possa dizer totalmente inesperado.
De volta à 2012, a série nos apresenta uma nova
droga circulando pela cidade: Flash.
E é muito mais legal que Vertigo ou
qualquer coisa assim, e a maneira como a história acontece é perfeita. Uma
droga vinda diretamente do futuro, época na qual foi desenvolvida para auxiliar
no tratamento de Alzheimer (antes de a cura ser descoberta), e que aqui é
conhecida como Retrievanol. Uma proposta inteligentíssima que permite ser usada
como colírio e que possibilita uma viagem por suas memórias com vividez e
precisão – o mais interessante está em poder “reviver” os momentos, sendo eles
reais ou não, numa proposta que me lembrou assustadoramente Podemos recordar para você, por um preço
razoável, de Philip K. Dick.
Deve ter sido a base…
É nesse estilo que o episódio se constrói, com
muito mais mistério do que respostas. Eu gostei de como trouxeram Jason
brevemente de volta, com uma primeira cena genial. “April, June and November. 31 zeros… dates!”. Sua confusa conversa
com Carlos, e a idéia toda de freelancers,
que é um ótimo conceito a respeito de viajantes itinerantes no tempo, que vão e
vêm e interferem ou mantém o curso da história – interessante essa dúvida
colocada a respeito de criações como o telescópio ou a bomba atômica. E qual o
perigo que Jason e Kiera correm agora por eles saberem que eles sabem…
interessantíssimo!
Mais do que isso, Kiera e Carlos investigam a
série de assassinatos e a possível relação da gangue Reis da Coalizão com a
Liber8, que também explica a circulação da droga. É a típica ação policial que
embora fascinante não é a melhor parte do episódio. Mas interessante foi ver a
proteção toda a Julian dentro da cadeia, e a inevitável separação da Liber8,
mas clara do que nunca. As duas abordagens diferentes entre Travis e Sonya são
perfeitas, e gostei de ver isso bem didaticamente explicado. Eu diria que
atualmente ela é o futuro. Sem trocadilho nenhum. Não intencionalmente.
Já a Flash
podemos ver por pequenos momentos. O acidente derivado do primeiro uso, a
imensa curiosidade de Alec, ansioso por respostas que a droga pode lhe
oferecer, e a ótima conversa no hospital a respeito dos sintomas. A droga ainda
é muito controversa, e a maneira como Alec a usou (sim, ele a usou – e eu
fiquei contentíssimo ao ver aquela cena!) que parecia não oferecer risco nenhum
além da incerteza das coisas vistas… e aquele desejo irrefreável de entender
mais sobre seu pai. O misterioso relógio e a confusa e rápida cena (que acaba
antes do que eu desejaria) deixam um milhão de perguntas no ar. Jason?
Mas digo: enquanto algumas pessoas já estão
encarando a “lembrança” do Alec como verdade absoluta, eu gostaria de ressaltar
que ficou bem claro em todo o episódio que a lembrança não precisa ser
realmente verdadeira, e que ela pode ser alterada de acordo com suas percepções
e vontades… e que não dá para confiar nela perfeitamente. Vocês se lembram que
alguns minutos antes Kiera tinha ido falar com Jason sobre os freelancers e o Alec pareceu
particularmente interessado no personagem, não? Isso pode mudar tudo… sei lá,
acho que é apenas mais um ótimo mistério da série.
É interessante ver toda a caminhada de Alec nesse
episódio, totalmente diferente do que estávamos acostumados da primeira
temporada. Além de desenvolver uma perfeita relação de mãe e filho com Kiera (a
última cena explica bem o porquê – “You
screw with that kid’s life and you will answer to me. That is a promise”),
ele também tem todo o plot antigo com
o pai, e o que representa sua aliança com Kellog. Vai dizer se não foi
perfeito? E para ajudar, ainda teve uma fofa cena final flertando com uma
menina na lanchonete… quem é que não quer vê-lo ser feliz. Só sei que achei
aquilo extremamente fofo!
Foi um episódio completo e interessantíssimo.
Ainda me recuso a pensar que foram apenas 40 minutos, embora tenha parecido
passar realmente rápido que podia até ter sido menos. Paradoxal, eu sei. Mas
foi ótimo ver um pouco mais de Alec, foi bom conhecer as fraquezas de Kiera,
foi bom entender as divisões da Liber8 e esperar pelas resoluções de todas as
perguntas lançadas no ar. Inteligentíssimo e envolvente, o episódio mostra como
a segunda temporada chegou realmente como um ano espetacular. Nesse rumo, temos
muito tempo pela frente ainda.
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